Imagine a seguinte situação: você e mais três amigos são convocados pra uma guerra, só que esses amigos (assim como você) adoram tirar com a cara um do outro, independente do que aconteça, até na hora da morte. Imaginou? É mais ou menos assim que Helldivers 2 funciona, e é sobre isso que vamos falar nas nossas primeiras impressões!
Em março de 2015, a Arrowhead Studios lançou para o mundo Helldivers, um shooter cooperativo de visão isométrica no qual você e mais quatro amigos (jogando local ou em partidas mulltiplayer online) devem livrar a Super Terra das garras de insetos gigantes, ciborgs e outras ameaças que o futuro distópico do jogo criou para que pudéssemos atirar em (quase) tudo que se vê pela frente.
Mesmo com um gameplay frenético, sendo bem recebido pela critica (com uma média 81 de nota por parte da grande mídia) e recebendo atualizações seis anos depois de seu lançamento, por algum motivo, no Brasil, o jogo não vingou.
Oito anos depois, a Playstation Showcase foi o palco para um anúncio surpresa: Helldivers 2 não só estava em desenvolvimento, como sairia em 2023 (coisa que mudaria mais tarde, já que o jogo foi adiado). Na mais pura canastrice, durante o trailer você é convocado para integrar os Helldivers, uma força de elite que assegura a liberdade da galáxia e jura manter a ordem e a democracia vivas. E é esse o tom do jogo a cada fase, escolha de nível e aprimoramento: a mais pura canastrice.
A Playstation nos deu a oportunidade de testar o jogo em sua sede (San Mateo, California) com alguns devs e o próprio CEO da Arrowhead Studios comentando sobre como Helldivers 2 se diferencia do primeiro. Nas duas horas em que pude jogar, eu só queria mais.
Salve a galáxia, mesmo que seja desmembrado
Antes de começarmos a limpar a galáxia de monstros horríveis, precisamos selecionar nosso arsenal em nossas naves mãe (que é onde você irá construir todo seu inventário, melhorias e skins). Além do kit básico, como uma arma leve, uma pesada e um tipo de granada, você também tem a opção de selecionar a artilharia pesada que as naves te enviam, podendo te salvar numa situação de risco ou de muitos inimigos, sendo os ataques especiais divididos em três categorias: ofensivo, suporte e defensivo. Precisa destruir uma área lotada de ninhos de insetos pra completar a missão? Chame um ataque aéreo. Acabou a munição ou precisa de uma arma mais pesada pra furar a armadura dos autômatos? Peça uma cápsula de armas. Tem muitos inimigos do qual sua equipe não dá conta? A nave te manda uma torreta de defesa.
Porém, nada vem de graça: para cada pedido desses, você precisa além de segurar o L1, seguir uma ordem certa de comandos no direcional para que seu pedido aconteça, quase um código Konami. Isso enquanto uma horda de insetos está tentando te transformar em pedaços e um dos seus parceiros já foi pro saco. Achou complicado? Relaxa que só piora: todos esses suportes chegam dos céus também em cápsulas gigantes, podendo atingir não só você como TODO o seu time. E aí que tá o pulo do gato: Helldivers não só te mostra como pode ser desesperador tomar decisões durante uma batalha absurda contra seres intergalácticos, como tira sarro disso.
Cada nível é procedural, ou seja: você pode conhecer o mapa, mas os inimigos nunca estarão no mesmo lugar ou na mesma ordem de um anterior. Pensando nisso, você precisa ser estratégico com seu arsenal e sua escolha da área de pouso, já que dependendo de onde pousarem, você pode chamar atenção demais e fazer barulho, estragando um possível ataque surpresa. Durante as fases, além dos objetivos principais, você pode realizar algumas ações que valem pontos a mais para toda a equipe, como encontrar amostras de materiais que são de grande valia para pesquisa e melhora de equipamentos.
Então, digamos que você cumpriu os objetivos da fase, pegou amostras e agora que a missão acabou, você precisa voltar a sua nave, como você vai fazer isso? É só esperar sua nave (que também pode te matar se pousar em cima de você) e entrar nela com sua equipe, não sem antes enfrentar uma porrada de inimigos que não vão te deixar em paz. E com certeza, aqui pelo menos uma vez você irá morrer, e isso será muito divertido.
Morrer nunca foi tão legal
Cada vez que você morre em Helldivers 2, a nave mãe manda para o solo outro soldado dentro de uma cápsula (os Hellpods) que, assim como os suprimentos, descem como um meteoro arrebentando tudo que tiver pela frente. Ao contrário dos pedidos de armas, você consegue controlar seu Hellpod por alguns segundos e escolher onde você irá cair, podendo escolher fazer um estrago na cabeça de um Hulk (que é um tipo de chefão) ou, quem sabe, acabar matando um membro da sua equipe. Das duas horas em que pude jogar Helldivers 2, o que eu e mais dois jornalistas mais fazíamos era rir sobre quão ridículo foi a morte do companheiro ao lado durante a batalha, dando a impressão de que nos conhecíamos por anos enquanto o outro personagem tinha virado carne moída pelo descuido de alguém que pediu um lança-chamas e acabou acertando a cabeça do desavisado.
Eu mesmo me arrisquei a acertar alguns inimigos durante a queda do Hellpod, mas sem sucesso, já que são poucos segundos e o controle da cápsula é um pouco complicado (aliás, todos tentamos fazer isso). Quando o primeiro da equipe conseguiu acertar um inimigo com a capsula, comemoramos como se fosse gol do nosso time nos minutos finais da partida. Morrer era sim, divertido. Renascer era melhor ainda!
Referências, muitas referências!
Como falei acima, o jogo não se baseia somente no gameplay divertido (e complicado dependendo da situação), mas também no humor ácido e no cinismo da guerra: a todo tempo os Helldivers soltaram frases tão absurdas sobre como “o gosto da liberdade é maravilhoso” que você praticamente sente como se estivesse conversando uma versão ultrapatriota do Capitão América.
Caso você tenha assistido ao clássico cult Tropas Estelares, irá saber do que estou falando: a todo momento a guerra é elevada ao status de algo bom, quando na verdade o longa inteiro é uma grande crítica divertida ao militarismo exacerbado. Helldivers 2 não usa só o filme como base, mas também eleva a potencia a ironia da guerra, enquanto você e monstros são dilacerados a todo instante (com algumas pitadas de Douglas Adams, mas isso só poderei dizer ao jogar mais algumas horas do game).
Será que surpreende?
Se assim como eu você, caro leitor, terá contato com algum jogo da Arrowhead pela primeira vez através de Helldivers, tenho uma boa noticia: provavelmente você irá adorar o jogo. O jogo não só abraça o caos da guerra em meio a ataques de inimigos mais absurdos ainda como também tira risada de si mesmo – tudo isso de uma vez só. É muito bom ver que o mesmo estúdio de Magicka conseguiu dar um passo bem maior que as pernas (essas mesmas pernas que, por enquanto, ainda estão coladas ao seu corpo).
Com versões para PC e PS5, Helldivers 2 está chegando em 8 de fevereiro.
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