A busca pelo próprio PC gamer é um sonho para muitos gamers que tentam adotar a plataforma, mas montar um computador do zero é uma tarefa que muitos delegam a profissionais de informática por medo de acabar fazendo um mau negócio. Pensando nessa necessidade, o Voxel preparou um artigo com as principais dicas de por onde começar a montar o seu computador gamer em 2024.
Contudo, para tornar o artigo mais completo possível, a reportagem também conversou com os especialistas da AMD, Artur de Oliveira Junior, gerente de Vendas de Distribuição de CPU, e Patrícia Lenny, chefe da Unidade de Gráficos. O objetivo é captar informações ainda mais apuradas sobre como montar o computador perfeito, independente do seu orçamento para a máquina.
Por onde começar?
Obviamente, a primeira pergunta e mais importante pergunta para compor o artigo é: por onde começar a montar o computador? Respondendo essa questão, Artur de Oliveira foi pragmático: o processador.
“O primeiro item que você considera é o processador, porque é a partir dele que você vai derivar a placa-mãe, que é o segundo componente que você deve escolher” pontuou Artur. É necessário escolher um CPU que seja compatível com a placa-mãe, esta que deve ser poderosa o suficiente para embarcar os demais componentes que estarão no setup.
Escolher a CPU pode ser um bom começo na hora de montar um PC.Fonte: GettyImages
A escolha de um processador também não é tão simples: além de existir várias opções no mercado, fatores como longevidade, soquete e vídeo integrado devem ser colocadas na equação.
Nesse sentido, se você busca montar um computador mais econômico, a melhor opção de processador são aqueles com processamento gráfico integrado, as APUs. No caso da AMD, esses são todos os processadores cujo nome terminam com o sufixo G, enquanto na Intel são todos que não terminam com o sufixo F — isso, no caso dos desktops.
Com uma APU, você poupa o gasto numa placa de vídeo dedicada que, embora importante, pode acabar estourando o orçamento. As tecnologias mais recentes de gráficos integrados são bem avançadas e, em termos gerais, conseguem rodar títulos competitivos em resolução HD e uma taxa de quadros satisfatória — obviamente, dependendo do jogo. Além disso, permite que você utilize o computador logo de cara.
Em termos de longevidade, é crucial observar a estratégia das companhias quanto a substituição de soquete e exigência de chipset. Essa conversa é mais técnica e exige uma pesquisa profunda. No caso da AMD, por exemplo, a linha Ryzen manteve o soquete AM4 por gerações, permitindo experimentar vários processadores numa mesma placa-mãe sem dificuldade.
Escolhendo uma GPU
Se não precisar optar por uma APU, o usuário pode partir para a pesquisa de uma placa gráfica. Nesse caso, a decisão é tão complexa quanto a de CPU, uma vez que existem opções variadas de GPUs com desempenho e proposta distintas.
Então, é importante revisar o orçamento. Se o bolso permitir, é possível investir numa placa de vídeo de alto desempenho, principalmente se seu objetivo é aproveitar jogos com altíssima fidelidade gráfica, alta resolução e elevada taxa de quadros.
A GPU é responsável pelo processamento gráfico do computador.Fonte: AMD/Divulgação
Nesse caso, você deve se atentar às famílias de GPU AMD Radeon RTX 7000 e GeForce RTX 4000, as gerações mais recentes em tecnologia gráfica das principais empresas do setor. No time verde, as melhores opções disponíveis são as RTX 4090 ou RTX 4080, enquanto na AMD, o topo de linha está na Radeon RX 7900 XTX ou Radeon RX 7900 XT.
Existem opções menos pomposas nessas linhas, inclusive. A AMD Radeon RX 7600 é uma opção válida para quem busca uma jogatina de qualidade em resolução FullHD, o mesmo acontece com a RTX 4060 da Nvidia.
Nesses casos, a pesquisa precisa ser feita com cuidado. Para isso, a dica é conferir reviews disponíveis pela internet, ver como cada placa performa nos jogos que você pretende aproveitar e como ela se comporta ao lado da CPU escolhida. É importantíssimo ficar atento aos gargalos: de nada vale uma GPU de alto desempenho, se a CPU não consegue lidar com a enorme quantidade de quadros.
Aqui, também é importante pensar no monitor que será utilizado no computador. Se você pretende ter uma tela com resolução 4K e quer que as imagens sejam as mais fiéis possíveis, uma GPU de alto padrão é uma boa pedida. Porém, se o periférico terá resolução FullHD e o foco for ter maior taxa de quadros, dá para economizar na GPU.
Vale a pena investir em Ray Tracing?
A renderização de Ray Tracing em tempo real está há anos no mercado, estando disponível dezenas de games no momento. A tecnologia tenta simular o comportamento da luz de forma mais realista, resultando em efeitos belíssimos de iluminação de ambiente, reflexos, sombras e iluminação indireta.
Contudo, tem um preço alto: para rodar jogos com Ray Tracing habilitado, a quantidade de quadros gerados pela GPU cai significativamente, algo que afasta jogadores que priorizam mais fluidez e estabilidade.
Na visão de Patrícia Lenny, a tecnologia evoluiu bastante, mas falta conteúdo. “Temos conteúdo? Temos, mas ainda não há uma gama tão grande de títulos com Ray Tracing”, disse em entrevista. Segundo ela, a maioria dos usuários não utiliza o recurso em sua plenitude.
No final, a escolha é novamente do jogador: se a fidelidade gráfica é uma prioridade, vale pensar no Ray Tracing e apostar numa placa que lide bem com a tecnologia. Para ter certeza disso resta conferir análises e testes de benchmark com cada opção disponível no mercado.
Tecnologias de super resolução
Outro critério que precisa ser pautado no papo sobre placas gráficas são as tecnologias de super resolução. Do lado da Nvidia, o DLSS aproveita os núcleos dedicados das GPUs RTX para incrementar a resolução das imagens sem tanto custo de quadros por segundo.
Na AMD, a tecnologia adotada é o Fidelity FX Super Resolution. A proposta da tecnologia é a mesma: utilizar o desempenho da placa de vídeo para aprimorar a resolução da imagem, mas sem custar tantos quadros. A diferença, porém, é que a abordagem do time vermelho é uma solução em software, de código-aberto e compatível com outras plataformas, como GPUs Nvidia.
Memórias e armazenamento
Não menos importante, há a busca por memórias e armazenamento para compor o computador. Nesse caso, a escolha é um pouco mais simples, mas ainda importantíssima para garantir boa harmonia entre os componentes.
A escolha de RAM é mais simples, mas priorize ter dois pentes ao invés de um.Fonte: GettyImages
Para a escolha da memória principal, você deve observar a quantidade de slots de memória RAM disponíveis na placa-mãe. Se for uma dupla e o orçamento estiver enxuto, vale investir num pente único de 8 GB e guardar um pouco mais de verba para garantir o segundo no futuro, assim garantindo a comunicação Dual-Channel, importante para desempenho.
Se puder comprar mais de um pente logo de cara, o ideal é apostar em pelo menos 16 GB de memória RAM, suficiente para encarar a maioria dos títulos disponíveis por aí. Mais do que isso pode ajudar a dar uma folga para o sistema operacional e os programas contidos no PC, mas não é uma absoluta necessidade no primeiro momento para a maioria das pessoas.
Quanto a tecnologia dessa memória RAM, a conversa é mais técnica. O padrão de memória DDR5 é o que há de mais moderno no mercado, mas ainda é muito cara e compatível com processadores e placas-mãe mais caras, enquanto o padrão DDR4 está amplamente disponível no varejo e oferece muitas opções de frequência, capacidade e preço.
Nesse caso, você precisa olhar para a placa-mãe escolhida. Se ela suporta apenas memórias DDR5, é importante comprar memórias desse padrão, uma vez que não existe retrocompatibilidade. O mesmo vale para DDR4: placas-mãe que suportam a tecnologia, não são compatíveis com o padrão mais moderno.
A escolha de frequência das memórias é delicada e, assim como GPUs, depende do seu orçamento e dos títulos que pretende aproveitar. Vale conferir análises, vídeos de benchmark e outros estudos sobre memórias para escolher o par ideal.
Optar por um SSD como dispositivo de armazenamento é uma opção acessível e eficiente.Fonte: GettyImages
Em armazenamento, a dica é optar por um SSD (disco de estado sólido), mesmo que com entrada SATA. A tecnologia, além de mais confiável e duradoura, é muito mais rápida do que os tradicionais HDDs (discos rígidos), uma vez que sua composição é majoritariamente elétrica e sem peças móveis.
Nessa categoria, há uma infinidade de opções de SSDs, variando em conexões, capacidade, velocidade de leitura e escrita e muito mais. A escolha recai sobre o seu orçamento e o suporte para placa-mãe. Existe um artigo no TecMundo que explica bem o tema e pode ajudar você a tomar a decisão certa.
Escolhendo a fonte
Para alimentar isso tudo, é necessário escolher uma boa fonte. No componente, você deve avaliar potência, eficiência e certificações, uma vez que são esses os fatores mais importantes. De nada adianta ter um computador de ponta, com potencial de entregar altíssimo desempenho, se a fonte equipada não consegue alimentar todo o equipamento.
Em termos gerais, é importante conferir a potência em Watts oferecida pelo componente (optando sempre por um valor maior ao necessário para computador) e conferir a eficiência da fonte, identificada pelo selo de Certificação 80 Plus. Quanto melhor a certificação, maior a quantidade de energia real fornecida para a máquina.
Os fatores de uma fonte que devem ser considerados incluem potência, eficiência energética, modularidade e tamanho.Fonte: GettyImages
Por fim, mas não menos importante, está na decisão dos cabos e tamanhos. Existem fontes cuja disposição de cabos é embutida e não há como removê-los, mas também há as semi-modulares, equipando apenas cabos essenciais, e as modulares, que podem ser montadas somente com aquilo que o usuário quiser.
Geralmente, quanto maior o nível de personalização, maior a complexidade do componente, o que encarece o produto. Então, vale observar se o orçamento permite e se o tamanho da fonte é compatível com o gabinete preferido.
Como escolher um gabinete?
A escolha de gabinete se resume ao espaço disponível para o computador, tamanho da placa-mãe e fonte, ventilação e preferência pessoal. O componente será a cara do computador, então precisa estar a mesma altura da máquina que está contida nele.
Um gabinete deve ser escolhido não só pela aparência, mas também pelas conexões, ventilação e dimensões.Fonte: GettyImages
Existem quatro categorias principais: Mini-ITX, Mini-Tower; Mini-Tower ou MicroATX; Mid Tower ou ATX; e Full Tower ou EATX.
Veja qual o padrão adotado pela placa-mãe, as dimensões da placa de vídeo escolhida e o padrão da fonte. Com tudo devidamente calculado, você pode escolher um gabinete que mais gostar, optando por estilo ou priorizando ventilação (espaços para ventoinhas e coolers), ou ambos.
Nessa categoria, também há observações importantes, tais como a disposição de entradas na parte da frente, suporte para tecnologias USB mais recentes, filtro de poeira, qualidade da construção e arrumação de cabos. A dica é fazer uma lista de gabinetes que mais gostar (dentro do que o orçamento permitir) e escolher aquele que melhor atende suas necessidades e equipamento.
Tenha paciência
Com tudo avaliado e finalizado, resta apenas partir para o pagamento dos componentes. Quando tudo chegar, o processo de montagem será um outro desafio interessante. Porém, você terá a certeza de que terá uma máquina ideal para você pronta para encarar as tarefas e os jogos do dia a dia.