Completando 27 anos neste mês de janeiro, ao contrário do que poderia indicar, o jogo de PC Tibia segue fazendo sucesso mundo afora. E além dos milhares de jogadores, o game também tem rendido muito material para produtores de conteúdo.
De acordo com o site Twitch Tracker, que contabiliza de forma não oficial algumas estatísticas da plataforma de streaming, na última quarta-feira (10) o jogo Tibia aparecia na 65ª colocação dentre os 100 games com maior audiência.
Excetuando a categoria de retrogaming (que conta com jogos mais antigos do Atari, por exemplo), Tibia é o game mais velho presente no top 100 da Twitch. Lançado lá em 1997, ele é acompanhado de pertinho por títulos também antigos como Heroes of Might and Magic III (lançado em 1999) e Counter-Strike (2000).
Para se ter uma ideia, Tibia tem atualmente mais espectadores na Twitch que títulos recentes e bombados como Cyberpunk 2077, Hogwarts Legacy, League of Legends: Wild Rift, Free Fire e God of War Ragnarok.
Se os números não são o suficiente para te convencer que o MMORPG está mais vivo do que nunca, nós podemos dar mais um dado interessante. Ainda segundo o Twitch Tracker, Tibia teve um aumento de 5% nos números de horas assistidas entre 2022 e 2023.
Enquanto há dois anos os jogadores assistiram cerca de 34 milhões de horas do game, no ano passado foram assistidas 36,2 milhões de horas.
Por que Tibia continua fazendo sucesso?
No momento que está matéria está sendo escrita, a CipSoft – desenvolvedora alemã responsável por Tibia – contabiliza 13,5 mil jogadores simultâneos nos mundos (servidores) oficiais.
E parte (relevante) do sucesso persistente do MMORPG vem justamente do Brasil, que tem seus próprios mundos. Para se diferenciarem dos servidores dos Estados Unidos e Reino Unido, os do Brasil têm a terminação em “bra”. São os casos de Collabra, Venebra, Descubra, Etebra e Guerribra, por exemplo.
A verdade, porém, é que o universo de jogadores brasileiros é ainda maior nos servidores paralelos. “Atualmente são mais de 400 servidores paralelos que juntam mais de 20 mil pessoas dependendo do horário”, conta Giovanni Menezes, fundador do TibiaBR, maior site não oficial do game no mundo.
Mesmo no início dos anos 2000 o jogo Tibia já sofria brincadeiras em relação aos "gráficos ruins" (Imagem: Divulgação/Cipsoft)
Apaixonado por Tibia desde meados de 2003, LokiRJ (nick de Giovanni) conheceu o título quando era dono de uma lan house no Rio de Janeiro no início dos anos 2000. Ele confessa que no começo não entendia o porquê as pessoas jogavam “aquela porcaria”, mas acabou sendo fisgado pelo interesse dos frequentadores da lan house.
Ele diz que conseguiu esquecer os gráficos ruins e quando foi perceber já era mais um viciado.
“Antigamente muita gente jogava porque ele rodava em qualquer computador. Além disso, Tibia tem muitas possibilidades para te prender. Você pode jogar para ser top level, apenas decorar sua casinha, conversar com os amigos e etc. E quem jogou lá atrás, sempre acaba voltando pela nostalgia, então por essas e outras que ele continua fazendo sucesso”, argumenta Menezes.
Comunidade unida
Outra questão salientada pelo jogador é que o game da CipSoft tem uma comunidade bastante unida e que segue alimentando a conversa e produzindo conteúdo, como as lives na Twitch mostram.
E ele foi um dos responsáveis pela reunião da comunidade brasileira nestes 27 anos. Menezes lembra que já fez encontros de jogadores em mais de 40 cidades e que já chegou a reunir mais de mil fãs de Tibia de uma única vez.
Outro ponto que agrega as pessoas em torno destes mundos recheados de Brachiodemon, Destroyer, Dragolisk, Naga Archer, Werefox, Behemoth e outras criaturas, é o fato de que é possível fazer do jogo sua fonte de renda.
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LokiRJ também é dono do TibiaWiki, maior repositório de informações sobre o jogo no mundo, segundo ele. Hoje em dia ele vive do dinheiro captado pelos seus sites, sendo que mais recentemente ele ainda abriu a TibiaBR Store, loja virtual que vende itens como baralhos, runas, chaveiros e estátuas.
“Tibia é um jogo muito legal e eu acho que só jogando mesmo para entender porque ele te faz grudar nele. Assim como eu, tem muitas outras pessoas que trabalham e vivem dele montando personagens, revendendo moedas. Eu conheço até histórias de venezuelanos que conseguiram sustentar a família por causa do game”, finaliza.
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