Na última semana, a internet ficou abarrotada com diversas notícias falando sobre Skull Island: Rise of Kong, que não demorou muito para virar meme por conta da péssima qualidade visual. Porém, o que muita gente não sabe é que ele passou por diversos problemas em seu desenvolvimento.
Falando com a equipe do site The Verge, alguns desenvolvedores que atuaram no projeto revelaram as condições em que trabalharam. A equipe também comentou sobre alguns elementos que diferenciam Skull Island: Rise of Kong e The Lord of the Rings: Gollum (que até então era tido como o pior game de 2023).
Condições precárias
Durante o bate-papo, membros do time da IguanaBee, um estúdio independente localizado em Santiago, no Chile, revelaram que a distribuidora GameMill deu aos membros apenas um ano para entregar o projeto completo para lançamento. O prazo apertado já seria um forte indício para um trabalho duvidoso.
"O processo de desenvolvimento para este game começou em junho do último ano e tinha como prazo encerrar em 2 de junho deste ano. Então, o processo de desenvolvimento durou um ano", comentou um dos desenvolvedores no bate-papo.
Um dado curioso é que este não é o único jogo da GameMill em que a IguanaBee atuou na produção. Na verdade, o time chileno, que não teve mais de 20 pessoas atuando no game do gorilão, havia trabalhado anteriormente em Little League World Series Baseball 2022, e também teve só um ano para entregar o título.
O próprio The Verge informa que aparentemente essa é uma prática comum para a GameMill. A publisher geralmente contrata pequenas produtoras para trabalhar em seus jogos, sempre oferecendo prazos bem apertados para entregar esses projetos.
Desenvolvimento quase às cegas
Não bastassem os prazos apertados, o time do estúdio chileno comentou ainda que a GameMill tem uma prática curiosa de oferecer poucas informações sobre os seus jogos. Devido a isso, muitas vezes os games acabam ficando abaixo da qualidade esperada.
Foi dito ainda que o time inicialmente não quis aceitar o projeto de King Kong por conta de outro detalhe importante: o orçamento era tão baixo que muitos profissionais mais experientes nem se aproximaram do projeto por conta dos ganhos oferecidos.
Condições precárias nortearam a produção de Skull Island: Rise of King Kong.Fonte: IguanaBee/Reprodução
"Lembro muito bem que eles deixaram um colega que estava na empresa há mais tempo que eu simplesmente abandonar o projeto. No fundo, eu sabia que isso foi pelo fato de que a distribuidora não deu ao estúdio um bom orçamento para manter um certo número de pessoas por um período tão longo", comentou um dos entrevistados.
Trabalho desumano
Com o prazo apertado e um time pequeno, não demorou muito para que os envolvidos no projeto começassem a trabalhar loucamente para dar conta de entregar o game no prazo proposto. Assim, a situação acabou gerando o famoso crunch, termo da indústria de games para quando as pessoas trabalham de forma intensa por horas além do limite.
"O crunch começou realmente a acontecer em fevereiro. Eu estava no piloto automático desde então, porque toda esperança havia ido por água abaixo", comentou um dos desenvolvedores entrevistados pelo The Verge.
Ainda que muitos jogadores olhem para o game e o enxerguem como algo pobre, malfeito e que sequer deveria ser lançado, algumas pessoas do time de desenvolvimento ficaram felizes com o que entregaram. Segundo os desenvolvedores, o projeto é o resultado possível dentro do prazo, orçamento e as demais condições adversas às quais foram lançadas - diferente do game estrelado por Gollum, que teve prazos maiores e mais investimento.
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