Quando chegou às lojas em novembro de 2007, o jogo Assassin's Creed logo ganhou uma legião de fãs em todo o mundo. Jogadores mergulharam de cabeça na trama dos assassinos versus cavaleiros templários em uma disputa por pedaços do Éden, itens milenares dotados de poderes extraordinários. Mas além de todos os elementos mágicos e sobrenaturais, um outro aspecto chamou muito a atenção dos fãs: o credo dos assassinos e suas tradições, incluindo a necessidade de cortar fora um dedo.
Veteranos da série devem se lembrar de Altair, o protagonista do primeiro título da consagrada série da Ubisoft. Além de suas icônicas vestimentas brancas, com capuz para esconder sua identidade, ele tinha uma outra característica bastante distinta: Altair não tinha um dos dedos da mão esquerda. E de propósito.
Por que assassinos cortavam o dedo em Assassin's Creed?
A explicação para o ato de cortar um dedo veio logo no começo da franquia: membros da ordem dos assassinos precisavam cortar um dedo tanto para provar seu comprometimento com a causa quanto para facilitar o uso das lâminas escondidas, as famosas hidden blades. Para utilizar a arma, que ficava discretamente escondida por debaixo das mangas de suas vestimentas, e evitar qualquer alarde, era necessário abrir espaço para a lâmina correr.
Remoção do dedo anelar facilitava o uso "furtivo" da lâmina ocultaFonte: Ubisoft/Reprodução
A ativação do equipamento se dava a partir de movimentos dos músculos do braço do usuário, de modo a não chamar atenção de quem estivesse ao seu redor. Com a necessidade de cometerem os atos sem criar uma verdadeira cena, evitando gritarias e facilitando sua fuga antes de perceberem que rolou ali um assassinato, os algozes abriam mão de seu dedo anelar para facilitar o uso da arma furtiva.
Prova de devoção
Além de facilitar o uso da hidden blade, o ato de cortar fora o próprio dedo era visto como uma prova de devoção à causa dos assassinos. Havia todo um ritual no qual o candidato devia jurar lealdade à irmandade, abrindo mão de um pedaço de si e provando com o próprio sangue que era sim fiel ao grupo. É por esse motivo que os personagens de jogos situados entre o período de Assassin's Creed Origins e Assassin's Creed II geralmente não tinham (ou removiam durante o desenrolar da trama) o dedo anelar.
Basim, o protagonista do próximo jogo da série Assassin's Creed, não tem um dedo anelarFonte: Ubisoft/Reprodução
Dois bons exemplos recentes são Haytham e Basim, que foram apresentado aos jogadores em Assassin's Creed Valhalla. No game sobre os vikings, eles explicam a Eivor que a perda do dedo se trata de uma prova de devoção. Basim, aliás, estrela seu próprio jogo com o lançamento de Assassin's Creed Mirage, agora no dia 5 de outubro, em que os costumes da ordem são explorados.
A origem do costume
Com a chegada de AC Origins, que contava a história de Bayek e a origem da ordem dos Ocultos, o grupo que no futuro daria origem à Ordem dos Assassinos, finalmente fãs puderam vivenciar o momento que gerou a tradição milenar. E, curiosamente, a coisa não era exatamente como os jogos anteriores da Ubisoft haviam apontado.
Os Ocultos, grupo formado por Bayek e Aya, tinha o costume de cortar o dedo anelarFonte: Ubisoft/Reprodução
No jogo, que se passava no Egito antigo, a lâmina oculta funcionava perfeitamente mesmo se o usuário tivesse todos os dedos das mãos. Não havia a necessidade de cortar um pedaço do próprio corpo para usar a arma furtiva e letal. Porém, foi justamente com Bayek que nasceu o costume de arrancar um dos dedos das mãos.
Embora habilidoso com o uso da hidden blade, em um dado momento do jogo Bayek se vê forçado a utilizar a lâmina oculta enquanto seu punho está fechado. Por ser uma questão de vida ou morte, o protagonista não pensa duas vezes e, mesmo sabendo que seria ferido pela própria arma, utiliza o item para se defender.
Assim que o equipamento é ativado e a lâmina percorre seu trajeto, o dedo anelar de Bayek é decepado, marcando o momento em que o fundador do grupo que viria a se tornar a Irmandade dos Assassinos perde o dedo anelar.
Posteriormente, ao lado de sua esposa Aya, Bayek forma o grupo conhecido como os Ocultos. Como forma de demonstrar seu comprometimento e respeito, os novos membros cortavam um dedo, firmando um contrato de lealdade com a causa de Bayek e com o próprio líder, a quem admiravam.
Fim da tradição
Leonardo da Vinci dá a Ezio uma versão modificada da lâmina oculta que "poupa" o dedo anelarFonte: Ubisoft/Reprodução
Muitos anos mais tarde, já no século XV, o jovem Ezio Auditore da Firenze descobria fazer parte de uma longa linhagem de assassinos e decide seguir os passos de seu falecido pai em sua missão para impedir os planos dos templários. Porém, o rapaz não precisou abrir mão de um dedo.
Em uma conversa com Leonardo da Vinci, Ezio descobre que Altair havia feito modificações ao projeto original da hidden blade de forma a utilizá-la sem necessitar "abrir espaço" para a lâmina. Desta forma, o protagonista de AC II não precisou tirar um dedo — ou dois, já que o queridinho dos fãs passou a utilizar uma lâmina oculta em cada braço.
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