O aguardado GTA VI , Cyberpunk 2077 , The Last of Us Part II , The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom , Street Fighter 6 e até Starfield. Muitos jogos de peso já sofreram com vazamentos neste ano.
Se a expectativa para um lançamento de peso nos games é grande, as chances de ocorrerem vazamentos de jogos antes mesmo de um anúncio oficial são gigantes. E, nos últimos anos, isso ficou cada vez mais comum na indústria.
Como o processo de desenvolvimento pode ser longo e árduo, nem sempre é fácil manter os detalhes em segredo. Com isso, de tempos em tempos, alguém deixa escapar algo fora dos canais oficiais das empresas para saciar aqueles que estão ansiosos por uma atualização.
Quando tudo era mato e jogos existiam apenas em mídia física, a galera recorria a revistas atrás de novidades. Na internet discada da época, já havia fotos vazadas dessas revistas em baixíssima qualidade rodando por aí.
Já hoje, são divulgados prints, vídeos de gameplay, documentos e até códigos-fontes com os jogos completos chegando aos fóruns, Twitter e YouTube antes do lançamento oficial. Mas como isso é possível? Como as empresas deixam isso acontecer?
Como ocorrem os vazamentos de games?
A partir do momento que os cuidados não são tomados pelas detentoras dos jogos, o vazamento (ou "leak" em inglês) revela ao público informações que antes eram secretas, acabando com o poder da distribuidora de controlar a narrativa de lançamento do jogo. Em cima disso, surgem os rumores dentro da comunidade sobre personagens, história, etc.
A maioria dos leaks vem de fontes anônimas internas, como ex-funcionários insatisfeitos. Em alguns casos, detalhes também são vazados por acidente - por exemplo, quando um artista faz upload de arte conceitual em seu perfil público em vez dos servidores da editora, ou quando um executivo atualiza o LinkedIn com informações confidenciais.
Mas, no topo da lista, os hackers são campeões e os principais responsáveis por vazamentos de grande porte. Em setembro de 2022, a Rockstar e o mundo viram 90 cenas de gameplay , além do suposto código-fonte e várias informações sobre GTA 6 sendo compartilhadas por perfis não oficiais. Fazendo o caso se tornar um dos maiores da história dos games.
Histórico de vazamentos
Uma das figuras mais polêmicas da comunidade gamer é Axel Gembe. O hacker alemão de apenas 20 anos conseguiu invadir, em 2003, os computadores da Valve e liberar o código-fonte de Half-Life 2 um ano antes do lançamento.
Nessa brincadeira, a Valve teve um prejuízo de US$ 250 milhões de dólares (segundo a polícia), mas o jogo ainda vendeu a astronômica quantidade de 8,6 milhões de cópias. Tempo depois, o jovem mandou um email a Gabe Newell, assumindo a autoria e pedindo um emprego ao dono da Valve, em troca, foi sentenciado a dois anos de prisão condicional.
E já houve de tudo, viu? Crysis 2 se tornando, segundo relatório do Torrent Freak, o jogo mais pirateado de 2011, com mais de 3 milhões de downloads. Funcionário norte-americano do Walmart vendendo 30 cópias de Kingdom Hearts 3 antes da hora, PS4 Slim indo a leilão antes mesmo de ser anunciado, a conta do Google Drive de desenvolvedor de The Witcher 3 sendo hackeada, etc.
30 copies of Kingdom Hearts 3 were stolen from a distribution center in North Carolina and were posted for sale on Facebook Marketplace for $100/ea.
— Andrew Alerts (@AndrewAlerts) December 15, 2018
Beware of spoilers! pic.twitter.com/662aawyFr8
E acredite, ainda para as produtoras, isso não é de todo ruim. Fale bem ou fale mal, ter o nome da franquia e da marca nos Trending Topics, com novos seguidores, contas seguidas e conteúdos compartilhados é, até mesmo, favorável.
Feito de forma inteligente, um “vazamento” pode engajar a comunidade de fãs e, a partir de feedbacks, ajustar e aprimorar o game, melhorando o resultado final.
E por mais que informações tenham sido expostas antes do lançamento, isso não significa que iremos experimentar um jogo “sem surpresas” ou novidades.
E não se surpreenda se um determinado jogo tiver um aumento nas pré-vendas, pois vazamentos podem influenciar positivamente uma fatia de mercado que estava descrente com o jogo sendo um segundo argumento “extra-oficial”.
O que esperar do futuro?
Acreditar que não haverá vazamentos no futuro é algo impossível. Isso porque a tecnologia atual permite softwares como o ransomware, que bloqueia PCs e exige um resgate para desbloqueá-los.
Exemplo do programa em ação aconteceu em 2020, quando invasores criptografaram e roubaram mais de 1 TB da Capcom, incluindo documentos internos de jogos como Resident Evil, Street Fighter e Monster Hunter (incluindo códigos-fonte), contratos e outros documentos altamente confidenciais.
A Capcom teve uma escolha difícil: pagar US$11 milhões em bitcoin por um descriptografador ou arriscar que informações confidenciais vazassem ao público. A Capcom escolheu a última opção, e os hackers despejaram um verdadeiro tesouro de informações privilegiadas na Internet.
Por razões morais e legais, uma atitude como essa é vista como um insulto ao trabalho dos desenvolvedores. Garantir que todas as informações confidenciais estejam bem seguras é de suma importância para o sucesso de um projeto ou de uma empresa.
No caso das desenvolvedoras de jogos, o conteúdo deve ser restrito e liberado somente para pessoas autorizadas, para que, num eventual vazamento, a empresa consiga rastrear e identificar o autor.
E você? Acha que vazamentos e rumores são essenciais para a hype da comunidade fã de jogos? Concorda que empresas deveriam divulgar cuidadosamente suas surpresas e melhorar a experiência dos jogadores? Espero que tenham gostado deste mergulho no submundo dos vazamentos de games.
Texto produzido por Amanda Fleure.
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