A série GeForce RTX40 está completa e, mesmo com eventuais novos lançamentos, dificilmente eles serão, de fato, relevantes. Isto porque algumas práticas dessa geração acabaram sendo prejudiciais para a competitividade dentro do próprio lineup da Nvidia, como no caso das RTX 4060 e RTX 4060 Ti.
Uma das questões que mais afeta o consumidor médio é a relação entre desempenho real e preço, principalmente em placas de mesmo segmento. Pensando nisso, o Voxel preparou um comparativo entre as GeForce RTX 4000 de entrada, para esclarecer em qual delas vale mais a pena investir.
GeForce RTX 4060 ou RTX 4060 Ti?
Desde as GTX 1000, praticamente todas as versões Ti/Super de placas Nvidia ofereciam ganhos consideráveis de desempenho em relação aos modelos básicos. Quase sempre, esse salto criava GPUs de transição entre segmentos, preenchendo lacunas tanto de performance quanto de preço.
Diferença de desempenho entre modelos base e Ti variava de 20% a 30% até placas RTX 3000.Fonte: GPU UserBenchmark
Como a Nvidia lança suas placas partindo do segmento entusiasta ao de entrada, isso ajudou a estabelecer um padrão de consumo. Mesmo antes dos testes de todos os modelos, os consumidores já tinham uma noção do que cada placa seria capaz, baseado no desempenho do segmento superior.
Já se esperava, por exemplo, que o resultado as placas xx60 Ti seria até 30% superior ao da GPU padrão, próximo dos benchmarks das GPUs xx70 base, mas relativamente mais baratas. Com a redução nessa vantagem associada à nova política de preços da Nvidia, essa conta já não é mais tão atraente.
Especificações e comparativo
Em termos de poder computacional, a diferença de 7 TFLOPS parece dar uma vantagem à RTX 4060 Ti. No entanto, o processamento de pontos flutuantes é uma medida que faz mais diferença na teoria, já que existem outros parâmetros e gargalos que influenciam no desempenho final de placas de vídeo.
Diferença de desempenho entre séries padrão e Ti caiu, ao passo que a diferença de preço sugerido aumentou.Fonte: GPU UserBenchmark
Comparando outros números das GPUs RTX 4000 de entrada já é possível notar os primeiros problemas. Apesar da contagem de núcleos e frequência em boost um pouco maiores, a largura de banda de memória das duas placas é praticamente a mesma, representando um limitador em potencial.
RTX 4060 Ti | RTX 4060 | |
GPU | AD106-351 | AD107-400 |
Núcleos CUDA | 4352 | 3072 |
Núcleos Tensor | 136 | 96 |
Núcleos RTX | 34 | 28 |
Frequência Base | 2,31 GHz | 1,83 GHz |
Frequência em Boost | 2,53 GHz | 2,46 GHz |
Memória | 8 ou 16 GB GDDR6 | 8 GB GDDR6 |
Barramento | 128-bit | 128-bit |
Largura de Banda | 288 GB/s | 272 GB/s |
Operações de Pontos Flutuantes | 22,1 TFLOPS | 15,1 TFLOPS |
Projeto térmico | 165 W | 115 W |
Fonte Recomendada | 500 W | 450 W |
Preço | R$ 2,6 mil a R$ 3,2 mil | a partir de R$ 2 mil |
Uma vantagem recorrente às placas Ti era a possibilidade nativa de overclocks generosos. Contudo, um TDP de 165 W, apenas 50 W superior ao das RTX 4060, sugere não existir muita margem para forçar os componentes, ao menos sem soluções térmicas personalizadas. Este, definitivamente, não é o perfil de usuário que busca placas de entrada.
Testes em jogos
Colocando as RTX 4060 e RTX 4060 Ti lado a lado, é possível observar, sim, um ganho de desempenho. Dependendo do título, o resultado em taxas de quadros pode ser até 20% maior, como em Resident Evil 4 e Red Dead Redemption 2. Entretanto, na maioria dos casos, o incremento ficou em torno de 10%.
Naturalmente, cada detalhe a mais faz diferença, e não surpreende que a 4060 Ti fique na frente em jogos. Por outro lado, para a variação ser significativa, ambos os modelos precisam estar instalados em sistemas sem gargalos em outros componentes, como memória, CPU e armazenamento.
É aí que começam os problemas da placa de entrada premium da nova geração. O público alvo dessas GPUs é o gamer com orçamento mais restrito. Isto, por si só, já indica que, não necessariamente, o setup será poderoso o suficiente para a placa de vídeo utilizar o máximo de seu potencial.
Os testes realizados utilizaram bancadas topo de linha, com Core i9-13900k e 32 GB de memória DDR5 de 6000 MHz. Em condições reais, o nicho de mercado de placas de vídeo série 60 costuma ser bem mais modesto, e cada detalhe conta para justificar um investimento maior.
Este problema se agrava ainda mais quando trazemos para a briga as RTX 3060 Ti, da geração passada. Mesmo sem as novas versões de tecnologias como núcleos RT de 3ª geração e DLSS 3, o desempenho das GPUs é praticamente o mesmo.
Atualmente, as RTX 4060 base podem ser encontradas por R$ 2 mil, ou menos. Já as RTX 4060 Ti começam a aparecer custando R$ 800 a mais, pelo menos. Para quem está montando um PC completo, é mais coerente investir esse valor em um SSD melhor, ou um upgrade de CPU de i5 para i7.
Qual vale mais a pena?
Comparando apenas a relação entre preço e desempenho bruto, a RTX 4060 é mais recomendada na maioria dos casos. A única ressalva que pode se justificar é se a versão Ti estiver custando próximo de R$ 2 mil, lembrando que a diferença de desempenho entre elas é de no máximo 20% em condições ideais.
A RTX 4060 Ti não é um modelo ruim. Ela é uma excelente opção para rodar jogos muito bem, inclusive em 4K. O problema é que, com os preços da atual geração, faz mais sentido economizar na placa de vídeo e favorecer componentes com uma vida útil maior, como memória ou SSD, ou saltar direto para o segmento intermediário, e partir para as RTX 4070.