Baldur's Gate 3 foi lançado dia 3 de agosto e está recebendo uma enxurrada de elogios, inclusive sendo um forte candidato a jogo do ano. No entanto, um detalhe importante da série nunca fez muito sentido nos jogos originais, — e continua não fazendo: o nome Baldur's Gate.
A resposta para essa questão é simples, mas o caminho até ela é interessante. Pensando nisto, decidimos explorar um pouco da história tanto de Forgotten Realms, com alguns spoilers inevitáveis para o Baldur’s Gate 3, quanto da concepção do primeiro jogo da franquia.
Forgotten o quê?
Para quem não está familiarizado com Dungeons & Dragons, o RPG não é uma história única onde os jogadores interpretam personagens. Cada sistema tem em um conjunto de regras baseado em um dado principal. Assim como Storyteller (Vampiro, Lobisomem) utiliza o d10 (10 lados) e GURPS o d6, o D&D utiliza o d20.
Como em todo RPG de mesa, um dos jogadores comanda a narrativa, sendo o Mestre (DM). Para isso, ele pode criar um mundo, com sua própria história, mitologias e personagens, ou pode utilizar cenários prontos.
Guia básico de campanha para região de Forgotten Realms onde se passam os jogos de Baldur's Gate.Fonte: Amazon
Forgotten Realms (Os Reinos Esquecidos) é um dos primeiros cenários publicados de D&D, ao lado de Greyhawk, Ravenloft, Dragonlance, entre outros. Cada um destes mundos tem suas particularidades, e o principal diferencial de Forgotten Realms é a alta influência de magia, tanto na história do mundo quanto nos elementos de campanha.
Mapa oficial da Costa da Espada, uma das principais regiões de Forgotten Realms.Fonte: Dungeons & Dragons Beyond
Por essa razão, Forgotten Realms se popularizou muito, se tornando o “cenário padrão” de D&D. Se não há um indicativo de que se trata de outro mundo, assume-se que o jogo se passa nos Reinos Esquecidos. Baldur’s Gate, é uma das maiores cidades deste cenário, considerada a metrópole portuária mais importante de região da Costa da Espada (Sword Coast).
Por que Baldur’s Gate?
Nos anos 1990, a equipe original da BioWare havia criado uma tech demo transpondo a experiência de uma campanha narrativa de RPG para o PC. Ao apresentar a demo para a Interplay, a publicadora que havia licenciado os direitos para utilizar a marca D&D, entendeu que o projeto tinha potencial para ser adaptado às regras do RPG de mesa, dando origem ao primeiro Baldur’s Gate.
A narrativa do primeiro jogo acompanha um órfão, aparentemente sem nada de especial, que havia sido adotado pelo mago Gorion. Ao ter seu pai adotivo assassinado, o personagem parte em uma jornada para encontrar os assassinos de Gorion e descobrir os segredos sobre sua própria origem.
Como já era de se esperar, raramente magos poderosos adotam órfãos por pura bondade. Ao buscar respostas, o herói se descobre descendente de Bhaal, uma divindade maligna de Forgotten Realms, e sua saga só é concluída oficialmente na última expansão de Baldur’s Gate 2.
Com foco no personagem envolto em muitos mistérios, a equipe da BioWare não queria estragar a descoberta principal do primeiro jogo. Para isso, situou a campanha na Costa da Espada, e criou um cenário de crises econômica e política, com todas as repostas levando o jogador para Baldur’s Gate.
A cidade, é onde a história do primeiro título se conclui, mas sua relevância em si para a narrativa é apenas esta. Com o sucesso enorme do primeiro jogo, a BioWare manteve o título para a sequência e expansões, apesar da cidade praticamente não ser mais visitada nas continuações da saga.
Tem Baldur's Gate em Baldur’s Gate 3?
Sim, mas não muito! Sem aprofundar no conteúdo para quem ainda não jogou, a sequência segue a mesma dinâmica do título original. O foco do jogo é no personagem e no porquê de ele ser tão especial.
Ao buscar respostas em uma jornada pessoal, o jogador é levado a explorar várias regiões importantes daquele mundo, em uma história dividida em 3 atos. Os dois primeiros atos têm entre 30 e 50 horas de jogo, dependendo do seu estilo.
O terceiro ato é mais curto, entre 20h e 30h, dependendo do quanto você evoluiu seu grupo. Assim como no primeiro Baldur’s Gate, a cidade quase não aparece. Tudo aponta para ela, a maioria das missões — inclusive opcionais — se encerram lá, mas ela só é vistada pela primeira vez no final do Ato 2.
Sendo assim, a Larian Studios, desenvolvedora do terceiro jogo, fez sua lição de casa para criar Baldur’s Gate 3. Além de atualizar mecânicas criadas pela BioWare em 1995, a fidelidade ao material original vale até para a relevância do nome, que apenas aponta para onde a história se encerra.
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