Eu costumo dizer que, o gamer que não gostou do excelente Stardew Valley, boa pessoa não é. Um jogo simples, intuitivo e com uma história cativante, que marcou o mundo dos games desde 2016, vendendo mais de 20 milhões de cópias. Ao longo dos últimos anos, as empresas tentaram repetir os ingredientes que transformaram Stardew Valley em um sucesso entre os jogadores de todo o mundo, como Moonlighter, Sun Haven, Garden Story e Littlewood. Infelizmente todas fracassaram miseravelmente.
Agora, no mês de junho, uma nova tentativa de igualar a magia por trás do game desenvolvido por Eric Barone chegou aos consoles e PC. One Lonely Outpost foi produzido pela Aurorian Studios e Freedom Games responsável por publicar dezenas de jogos irrelevantes, com exceção de Dreamscaper. A empresa já passeou por diversos gêneros, ganhando experiência e casca para lançar o seu melhor jogo.
Quem disse que uma andorinha só não faz verão?
O novo trabalho da Freedom Games consiste em colocar o jogador na pele de um mercador interestelar, utilizando a terraformagem e o cultivo para sobrevivência e existência. Para isso, você comanda Elisha e seu fiel escudeiro, o gato-robô Qwerty.
Sua missão é desvendar os longínquos pedaços de terra inexplorados e se colocar à disposição de diversas aventuras dentro de um planeta totalmente desconhecido. O enredo demora para pegar no tranco, o que pode ser um tiro no pé para os jogadores que não estão com muita paciência. Tudo leva a crer que o jogo é simples, insosso, chato, enfadonho e todos os outros adjetivos possíveis e imagináveis.
Isto fica mais notório quando partimos de um pressuposto de que o jogador já jogou Stardew Valley. Se não jogou, por mais que o tutorial explique muita coisa, a maioria delas vai levar tempo para associação de itens e principalmente para organizar o seu tempo durante o dia.
Digo isso porque o jogador gasta energia e comida ao longo do dia, portanto é fundamental que você seja uma pessoa organizada na vida real. Seria até interessante ter um pouco de intuição de logística para se dar bem. Por sorte, o jogo é bem balanceado, o que proporciona uma facilidade mais de entendimento, permitindo erros no início.
Todos os ingredientes do seu antecessor espiritual (entenda-se Stardew Valey) estão presentes em One Lonely Outpost. Se você já achou tudo muito complexo, sente-se na cadeira para ler os próximos parágrafos, pois o jogo tem muito mais ideias mirabolantes e muito bem implementadas.
Muito mais do que uma fazendinha estelar
Quando coloquei as mãos em One Lonely Outpost, imaginei algo simples, com uma certa logística e dificuldade. Mas não é bem assim. Prepare-se para se preocupar com diversas coisas, como alterações climáticas e até mesmo o desenvolvimento de diversos itens que podem ajudar na sua fazenda.
Vale descrever que o solo permite encontrar diversos materiais e minerais que o ajudarão na construção de itens para implementar a sua lavoura. Cada um deles possui um valor e utilização prática, restando ao jogador escolher o que será melhor para seu futuro e sobrevivência.
One Lonely Outpost adiciona novidades na fórmula de Stardew Valley.
Prepare-se também para andar bastante e vasculhar cada canto do planeta, pois grande parte da aventura só consegue ocorrer depois que o jogador conseguir mapear grande parte do território.
Ainda bem que o gameplay ajuda, principalmente para os jogadores que adoram cultivar alimentos e para aqueles que adoram uma aventura espacial. Até fiquei imaginando se seria possível termos ingredientes steampunk. Creio que o contexto seria mais convidativo aos jogadores e até criaria mais imersão com as possibilidades de jogo, que permitem a criação de animais robóticos.
A Terraformação é algo que chama a nossa atenção, transformando o planeta por inteiro depois de cumprir certos objetivos e de um bom período de dias. Afinal, o jogo segue o encontrado em Stardew Valey, onde a aventura é dividida a cada 24 horas, onde é necessário comer e descansar.
Uma linda colcha de retalhos, mas cheia de furos
Tudo seria ótimo se o jogo não possuísse um problema de enredo e de balanceamento em sua logística. Os problemas no andamento da história fazem com que o jogador não tenha sequência, ideia de profundidade e muito menos imersão no que está ocorrendo no planeta.
Os primeiros dias na nova terra são enfadonhos e caóticos pela falta de contato com outros seres humanos. Como disse anteriormente, caso o jogador não tenha aguentado grande parte do início, vai perder a grande cereja do bolo. A situação começa a melhorar quando sua companhia decide mandar novos colonos para ajudar a domesticar o planeta.
Agora o jogo começa a ganhar vida, com excelentes contornos de enredo e história, tornando tudo vivo e com significado. Seus amigos ajudarão com artesanato, conserto de computadores, culinária e até mesmo na captura de animais.
Os gráficos pixelizados ajudam a lembrar de Stardew Valey. Em muitos objetivos falta polimento e principalmente uma estrutura mais nítida do cenário para que a imersão possa ocorre da melhor forma possível.
Também encontramos problemas na trilha sonora, que possui uma grande dificuldade de significar o ambiente espacial. Percebe-se claramente que estes pontos não receberam uma atenção tão valiosa da produtora, o que para muitos pode ser crucial na hora de jogar.
Vale a pena?
One Lonely Outpost é um jogo único, com características próprias e que utiliza mecânicas conhecidas em jogos como Stardew Valey e Harvest Moon. Portanto, se você curtiu estes dois grandes games, eu recomendo a diversão no simulador de fazenda espacial.
Mas prepare-se para um enredo arrastado no início e que necessita de muita paciência, tanto para aprender tudo o que pode ser feito, quanto para que o desenvolvimento do planeta possa alcançar a sua plenitude.
One Lonely Outpost está disponível para PC, PS5, Xbox Series S e X, bem como Nintendo Switch. Uma cópia do game para a Steam foi enviada gentilmente pela Freedom Games para a realização desta análise.
Nota do Voxel: 72
Pontos positivos:
- Mecânicas únicas;
- Stardew valey no espaço;
Pontos negativos:
- Enredo arrastado;
- Trilha sonora;
- Logística desbalanceada.