A Sony foi a primeira empresa de consoles a investir na tecnologia de realidade virtual e, até o momento, continua a única. Apesar de ser um aparelho divertido e mais “acessível” na época de seu lançamento, o PSVR ainda tinha bastante cara de protótipo e sofria com um problema insolucionável para a plataforma: a baixa potência do PS4 para rodar bem – e bonito – games de VR.
Portanto, vimos muitos problemas surgirem e serem nominados por ali, como screendoor effect, como performance baixa pode causar efeitos indesejados e mal estar em quem joga e por aí vai, apesar de ter jogos muito divertidos e alguns games exclusivos, como Astro Bot, que realmente alavancaram bastante a plataforma.
Agora, com o PSVR 2, a Sony realmente tem em mãos um bom combo: um aparelho bastante promissor e, em alguns aspectos, melhor que muitos presentes no mercado, e uma máquina capaz de rodar com eficiência bem melhor qualquer game de realidade virtual. O Voxel recebeu um convite para testar o óculos de realidade virtual inédito do PlayStation e conta as impressões!
Design familiar, mas reformulado, sofisticado e muito mais prático
Quem já viu o PSVR alguma vez na vida, vai notar similaridades no PSVR 2, mas não se engane: há múltiplas melhorias no design do aparelho, como maior vedação contra a luz, campo de visão bem maior em sua tela OLED (que, dessa vez, está equipada com lentes de 2000x2040 de resolução para cada olho), fones integrados no combo que se conectam de uma maneira bem prática na alça do aparelho e muito mais. Vale também ressaltar que o produto é extremamente leve, se encaixando bem e de forma bem justa, evitando que o headset fique “sambando” na cabeça e perdendo a calibragem fina.
Contudo, o que mais me chamou atenção foi a praticidade que a Sony trouxe à equação, como a possibilidade de ligá-lo ao PS5 usando um único cabo USB-C bem extenso, que resolve a bagunça que a primeira versão trazia – para quem não sabe, o PSVR 1 tinham dois cabos que se conectavam em uma central de comando que, dali, conectava-se a mais quatro cabos: a câmera do PS4, o cabo de energia, um HDMI in, um HDMI Out e um cabo micro USB que era conectado ao videogame. Absolutamente nada prático.
O único cabo, somado às câmeras integradas ao aparelho, facilita demais a usabilidade: nada de calibragem de câmera e luzes, algo que aparelhos como Meta Quest 2 e Vive Focus 3, que usam os sensores do próprio dispositivo para rastrear os controles, movimentos e ambientes. Basta ligar e fazer uma rápida calibragem, que é extremamente guiada e ajuda a refinar o posicionamento do PSVR 2 na cabeça de quem usa, escanear o ambiente para definir limites e até ajustar o IPD, a distância entre olhos, de uma forma muito fácil.
E, uma rápida informação para pessoas míopes como eu: novamente, achei muito confortável vestir o headset com óculos e ter todo o combo embutido sem entraves, como bom bloqueio de luz, ótima circulação de ar que evita embaçar as lentes e muito mais.
De uma forma geral, os nossos testes rápidos provaram que o PSVR 2 absorveu as melhorias que a indústria de realidade virtual avançou nestes anos todos, além de fazer suas próprias melhorias que comentaremos a seguir.
Boa performance e recursos únicos da plataforma
Sem dúvidas, o PSVR 2 é bem equipado e traz uma ótima roupagem moderna, essencial para um aparelho de realidade virtual contemporâneo. Contudo, a divisão do PlayStation aproveitou para apimentar o produto com seu próprio tempero ao utilizar recursos do DualSense e até dar um passo extra ao inserir uma tecnologia de rastreamento de olhos, algo bem raro de se ver hoje em dia (e, quando vemos, resulta em preços exorbitantes).
De fato, os controles únicos impressionam nas primeiras impressões, oferendo feedback háptico e gatilhos adaptativos, tal qual o controle convencional do PS5. Em jogos de realidade virtual, em que a imersão é o fator mais importante, achei a adição bastante interessante e fiquei curioso para ver seu uso nos games da plataforma.
Durante nossos testes, Horizon: Call of the Mountain foi o título utilizado na demonstração e já se provou muito divertido ao implementar os recursos do DualSense, como escalar rochas ou pegar objetos do ambiente. A única coisa que estranhei um pouco foram os analógicos, que achei bem pequenos (mas, pelo menos, é um grande avanço em relação à primeira versão, que sequer tinha direcionais para movimentação e causava bastante incômodo em ports que careciam de botões suficientes para a experiência).
Um elemento que talvez poucas pessoas saibam (eu não conhecia a informação) é que o próprio headset também vibra. Portanto, ao ver explosões ou grandes movimentos próximos à visão do jogador, o PSVR 2 emite grandes vibrações, exponencialmente aprimorando a jogatina e aumentando as sensações imersivas.
Em relação à performance e resultado visual na tela, também vamos ver caso a caso, mas já posso adiantar que a experiência com Horizon: Call of the Mountain rendeu imagens bem satisfatórias e um desempenho excelente para não causar enjoo ou problemas técnicos, como o screendoor effect. Notei algumas partes borradas na jogatina, mas por enquanto é difícil dizer se poderia ser fruto da calibragem ou, de fato, alguma técnica para poupar recursos e diminuir a resolução em certos elementos do cenário.
Tecnologia que o destaca frente aos concorrentes
Desde que as especificações do PSVR 2 foram reveladas, vimos uma cartilha parruda de hardware, como um ângulo de visão bem generoso, excelente resolução por olho e tecnologias bem interessantes que adicionam ao pacote. Controles, acabamento e um combo bem legal para oferecer uma ótima jogatina.
O único recurso que não consigo opinar bem por enquanto é o eyetracking: o rastreamento de olhos é um pouco cedo para opinar. Em Horizon: Call of the Mountain, a tecnologia é utilizada apenas para guiar o cursor, algo que não é um costume habitual para mim, que joga bastante em VR e uso o clássico ponteiro do controle. Senti alguns erros de sincronização, mas pode ser por falta de hábito ou simplesmente por ser uma demonstração mais antiga e menos otimizada.
Empolgado para testar mais
Certamente, o PSVR 2 impressionou bastante! Além dos novos recursos, como os controles com feedback háptico e gatilhos adaptativos, rastreamento de olhos, tela com resolução maior e, principalmente, a praticidade de ligar e jogar sem uma bagunça de cabos: o único conector USB-C é um paraíso perto do que vimos no primeiro PSVR. Infelizmente, o único ponto negativo conhecido por ora é a falta de retrocompatibilidade com títulos do primeiro headset.
Confortável, leve e cheio de recursos interessantes, o PSVR 2 vem se moldando como um excelente aparelho de realidade virtual que, agora em conjunto com o PlayStation 5, pode trazer uma experiência de respeito para a tecnologia de jogos imersivos em consoles. Entretanto, teremos que esperar um pouco mais para testar o produto com maior atenção, algo que é difícil de fazer com apenas uma hora de teste do nosso preview.
O PSVR 2 chega no dia 22 de fevereiro por US$ 549, mas ele também chegará ao Brasil na mesma data e com um preço menor do que sua proporção nos EUA: o headset vai custar R$ 4.449, o mesmo valor do PS5 com disco (lá fora, ele sai mais caro que o console).