Depois de passar um bom tempo em diversas empresas, incluindo a Santa Monica durante a produção de God of War (o de 2018) como designer de personagens sênior, Igor Catto retornou ao Brasil com uma ideia: criar uma IP (propriedade intelectual, uma franquia) 100% brasileira em parceria com a Iron Studios. Com uma marca própria, o céu é o limite: HQs, animações e até jogos podem ser criados sem a necessidade de licenciamento de IPs de terceiros.
Desta ideia, surgiu Residiuum, um universo pós-apocalíptico que se passa séculos depois de a Terra ter sido quase dizimada por uma explosão solar. Neste recorte, acompanhamos a história de Coral, uma caçadora de recompensas que reside na cidade amontoada dentro da Cratera, um buraco no meio do nada.
O Voxel esteve no escritório da Iron Studios para conhecer esta nova IP brasileira ambiciosa que visa criar uma marca forte, que estreia com uma animação arrepiante (que conta com uma música produzida por Rick Bonadio), uma HQ desenhada por Rodrigo Bastos, um livro e um game mobile promissor no futuro.
Coral: a protagonista de Residiuum
Toda a ideia de Residiuum surgiu de um único design de personagem, a Coral – afinal, Igor Catto é um designer de personagens. Entorno de Coral, aflorou um universo inteiro que pode ser explorado em diversas localidades e recortes de tempo. Vamos comentar primeiro um pouco do plano de fundo deste universo: no cenário apocalíptico da obra, um gás misterioso chamado SIG (e muito tóxico) surgiu junto com a catástrofe.
Apesar de ser tóxico, conforme a tecnologia e a sociedade avançaram em conjunto, este gás começou a ser refinado para outros usos, como combustível de foguete e até especiarias para comida. Neste contexto, a nossa protagonista Coral se especializou em usar o gás para sua necessidade de caçadora de recompensas, criando um alucinógeno potente que afeta seus inimigos, similar ao Espantalho de Batman.
A grande sacada com esta arma é que seus "companheiros", os Boogie Bears (uma mistura de Boogie Man, ou bicho papão, com Teddy Bear, ursinho de pelúcia), se tornam monstruosidades assustadoras para quem respira as toxinas, deixando o trabalho mais fácil para as armas de fogo e lâminas de Coral.
Na apresentação que vimos, há outros personagens muito interessantes e criaturas estranhas que se adaptaram ou mutacionaram ao ambiente inóspito. Além disso, o universo parece ser extremamente rico, com uma distopia cyberpunk que divide ricos e pobres em uma cidade apocalíptica.
E "universo" é a palavra-chave: diversos roteiristas da Iron Studions podem expandir a ideia deste mundo original para onde quiserem e há múltiplos projetos em andamento.
Coisas para ficar de olho
Por ser uma IP própria da Iron Studios, não há nenhuma mídia ou formato que não seja possível explorar. Novamente, HQ, animação, livro e jogo estão entre os primeiros produtos, mas a empresa já trabalha em estatuetas e colecionáveis dos Boogie Bears de Coral. Mas, por enquanto, um teaser animado já existe e a história em quadrinho está disponível para quem passar pelo estande da Iron Studios na CCXP 2022 (de graça, vale reforçar).
O que está por vir ainda é o jogo mobile, Residiuum: Tales of Coral, que parece bastante promissor e está em produção por um time bastante dedicado. Será um game gratuito sidescroller com um combate frenético, contando mais sobre uma trama de Coral dentro deste vasto mundo – mas a obra ainda está em pré-alfa. A ideia é que a IP de Residiuum seja espalhada gratuitamente para as pessoas conhecerem e, no futuro, simpatizarem e estarem atentos às novidades da nova propriedade intelectual, seja ela qual for.
A equipe já trabalha em uma experiência de sensores de movimentos de um shooter, com gráficos mais aprimorados do que o título mobile, mas por enquanto ela é apenas uma gincana legal para o público conhecer na CCXP. Contudo, muitas ideias já foram levantadas: um jogo VR, uma campanha mais tradicional para consoles e por aí vai.
Isso é um dos aspectos mais interessantes de ser uma IP proprietária, já que a Iron Studios pode escolher o que e como fazer o que acharem mais empolgante, sem a necessidade de aprovação de empresas terceiras (como Marvel, Star Wars e outras marcas que trabalham na linha de estátuas).
Por enquanto, Residiuum ainda está no começo de sua vida. Apesar de já haver produtos mais maturados, a possibilidade de a IP decolar abre um leque de possibilidades para os fãs brasileiros e até o público internacional. Afinal, não é todo dia que vemos uma marca forte e com grande potencial surgir aqui do Brasil. Se você estiver na CCXP, confira as novidades que terão por lá!
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