The Callisto Protocol é o primeiro projeto da desenvolvedora Striking Distance Studios, fundada pelo veterano Glen Schofield (Dead Space), e tem crescido bastante na opinião popular desde a sua revelação, em 2020.
Com lançamento agendado para 2 de dezembro, o jogo tem demonstrado que não esconde suas raízes na cultuada série de terror da Electronic Arts. Ao mesmo tempo, ele aposta em uma experiência muito mais imersiva e brutal — motivo pelo qual teve até sua venda suspensa em território japonês.
Não há dúvidas de que o jogo será bastante sangrento, mas o que muitas pessoas não imaginam é que tem sangue brasileiro trabalhando em The Callisto Protocol. O Voxel teve a oportunidade de conversar com o diretor de personagem Glauco Longhi para entender mais sobre as inspirações por trás das criaturas do game. Confira a seguir!
Para começar, nos conte um pouquinho sobre o design das criaturas. Como vocês chegaram no conceito e quais foram as inspirações visuais do estúdio?
"A gente começou a desenvolver o jogo pensando em qual seria o mundo que essas criaturas estariam vivendo. Foi tudo baseado em muita coisa real e as criaturas também têm essa base, então são humanos distorcidos ou infectados que morfam e se transformam em outras coisas. Isso traz bastante proximidade com o jogador.
Buscamos referências em muita coisa, desde filmes de terror, quadrinhos, um pouco de tudo. Alien, Predador, todos esses filmes grandes com certeza inspiraram bastante. No caso de Alien, a gente tem até uma cena no primeiro trailer com uma criatura que chamamos de Big Mouth e que remete bastante, salivando e tal. A gente tem um jogo que é bastante cinematográfico, tem muita vibe de cinema. O pessoal da iluminação, direção de arte, é todo mundo muito fascinado por cinema."
Fica bem claro que a violência e os visuais grotescos são a tônica do projeto. O quão importante isso é para a experiência do jogador?
"A brutalidade é um dos pilares do nosso projeto, então essa ideia de criar terror com bastante violência vem do fato da história trazer seres humanos sofrendo, desesperados, sempre com a ideia de mexer com a cabeça do jogador e do próprio Jacob, que é o protagonista. É tudo sobre mostrar a verdade bem bruta, a grosso modo, dos seres humanos.
Nada do que a gente fez nesse jogo foi 'de graça', digamos assim. No sentido de 'estamos fazendo esta criatura porque queremos arrancar o braço dela fora'. A gente quer que o jogador passe por essa experiência. A criatura vai arrancar sua cabeça porque é o que aconteceria se ela estivesse te mordendo, sabe? [risos] É tudo no sentido de fazer o jogador passar por essas situações e sentir que é real."
Fonte: Divulgação/Striking Distance Studios
Nós vimos que há bastantes criaturas horripilantes em The Callisto Protocol. Tem algum monstro específico que você mais tenha curtido criar?
"Tem muita criatura que a gente desenvolveu e foram muito divertidas. Eu tenho algumas favoritas, incluindo algumas que quero esperar o pessoal jogar para conhecer, mas a criatura que eu tenho bastante carinho, que foi uma das primeiras que a gente desenvolveu, foi a Big Mouth que estava no primeiro teaser. Como o nome diz, ela tem uma boca bem grande, os dentes bem afiados, e ela é bem bruta mesmo, tanto que em um dos trailers a gente mostra ela arrancando a cabeça do cara, o braço, enfim. É um humano todo distorcido.
O processo de desenvolvimento foi muito interessante no geral. Bom, é o que eu amo fazer, mas fazer toda a pesquisa sobre os tipos de infecções, deformidades, e explorar, deixar a criatividade ir afora, foi bem divertido."
Esse é um jogo totalmente pensado para a nova geração de hardware. Sob a perspectiva de um diretor de personagem experiente, qual é a característica mais next-gen que você gostaria de apontar e que justifica essa decisão?
"Tem diversas coisas que a gente poderia falar por bastante tempo, que a gente está inovando e explorando das novas plataformas. No caso do Jacob, por exemplo, a gente está puxando muito a barra do que são humanos digitais. Em termos de fidelidade, no geral, a gente pode falar bastante. Em termos de luz, peso, sombra, quantidade de criaturas. Se fosse para resumir mesmo, é uma plataforma que possibilita uma fidelidade muito grande e que, de novo, volta na imersão que a gente quer pro jogador.
Sem dúvidas, a gente nem teve que debater isso. Decidimos explorar o que as novas plataformas têm de melhor desde o início e como que a gente pode avançar a tecnologia para trazer isso que a gente quer, que é impressionar o jogador e fazê-lo sentir que está naquele mundo."
Fonte: Divulgação/Striking Distance Studios
Você já tem uma larga experiência na indústria de jogos, passando por estúdios como Santa Monica (God of War) e Naughty Dog (Uncharted 4). Mas suponho que o sentimento agora seja diferente, pois é o primeiro projeto da Striking Distance Studios. Como está sendo essa experiência, considerando que The Callisto Protocol tem crescido na opinião popular?
"Cara, é muito satisfatório porque todo mundo que formou o estúdio, em sua grande maioria, vem de projetos muito grandes. Então a gente formou o estúdio e começou esse projeto com o intuito de dar o melhor, muito carinho e atenção. E ver o projeto tomando forma, com as expectativas aumentado, deixa a gente muito feliz com isso tudo porque é uma paixão nossa. A gente realmente acredita que esse jogo é muito legal e aterrorizante, e a gente sentindo que tem algo especial nas mãos facilita a falar sobre ele de uma forma bem transparente e genuína, digamos assim.
E você mesmo apontou que trabalhei em outros projetos grandes, e a maioria do pessoal aqui também. Então a gente consegue equilibrar essa experiência e expectativa nesse momento que gera muita ansiedade, então a gente já está um pouco acostumado com esse tipo de processo, então acho que acaba lidando de uma forma bem legal. Mas fico muito feliz por saber que as pessoas estão ansiosas."
Você sabe que, no Brasil, existem muitos jogadores apaixonados pelos jogos e que estão na luta para entrar nesse mercado. Considerando sua experiência, quais seriam os passos imprescindíveis para quem quer seguir esse caminho?
"A minha jornada, na época que comecei, é bem diferente do ponto que a gente vive hoje. Hoje, no Brasil, existem diversas empresas de games e que estão crescendo cada vez mais. Hoje, o mundo que trabalha com formato remoto também possibilita que diversos brasileiros trabalhem no exterior. Também temos ferramentas como Unity e Unreal que possibilitam que qualquer um comece a virar um desenvolvedor de games.
Então eu recomendo que todo mundo que tem interesse a entrar nessa área a pegar essas engines, fazer download, começar a estudar como um jogo funciona, obviamente estudar e participar de cursos da maneira que for possível. E claro, colocar o seu melhor pra fora. Praticar, produzir.
No caso do pessoal da arte, começar a desenhar e esculpir. Pensar como esses projetos são desenhados para o jogo, pois a gente está fazendo um personagem que está preso ao gameplay. E claro, jogar muito videogame. Faz parte perceber o porquê você quer trabalhar com isso. As possibilidades são imensas, o mercado está crescendo cada vez mais. Aqui nos EUA, também, o mercado só cresce. O futuro é muito bom para quem quer entrar nessa área, sem dúvidas."
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