Sonic sempre foi uma parte muito importante da minha vida, e em muitos sentidos a nossa ligação vai além dos videogames. Ainda que isso desafie toda a lógica e a razão, quando eu penso no ouriço azulado, não lembro apenas de um personagem virtual, mas sim de um amigo com quem compartilhei incontáveis momentos bons, e outros nem tanto assim...
Do nosso primeiro encontro lá no Mega Drive com um cartucho importado, passando pelos desenhos animados, livrinhos temáticos do saudoso Pense Bem, o fim dos consoles da SEGA, os altos e baixos multiplataforma, e até o nascimento do meu gatinho laranja chamado Tails... foram décadas de companhia e, francamente, algumas das melhores memórias da minha vida. Então não é de se surpreender que eu estivesse tão ansioso para Sonic Frontiers desde o seu anúncio!
Afinal, a mais nova empreitada da Sonic Team prometia levar o personagem ao gênero de mundo aberto pela primeira vez, e o simples desafio de integrar as mecânicas clássicas do velocista a esse sistema me empolgaram demais! Era exatamente com isso que eu sonhava desde que botei o disco de Sonic CD no meu SEGA CD pela primeira vez e fiquei revendo em loop aquela animação maravilhosa com o mascote correndo pela natureza!
Digo tudo isso não apenas para que você saiba de antemão o quanto eu me importo com o personagem, mas também para que entenda o quão profundamente emocional foi receber a oportunidade de testar o seu novo jogo em acesso antecipado diretamente do Havaí a convite da SEGA. Assim como o Sonic chegou a uma nova ilha cheia de aventuras, eu também embarquei para uma ilha remota onde testei mais de seis horas de gameplay. Confira as minhas impressões a seguir!
Viva e aprenda
A primeira coisa que você precisa saber sobre Sonic Frontiers é que ele é muito diferente de qualquer outro jogo do personagem que você possa imaginar — ainda que alguns traços deles possam ser vistos aqui e ali em maior ou menor grau, como discutiremos a seguir —. Mas especialmente, saiba que ele é diferente da impressão deixada pelos primeiros e, francamente, anticlimáticos trailers de divulgação.
A ação do game é muito mais empolgante do que os vídeos dão a entenderFonte: Divulgação / SEGA
Se você também usa redes sociais, já deve ter visto alguns influenciadores e jornalistas comentando nas diferentes feiras de videogames e eventos que Frontiers era bem divertido, e eu fico feliz de poder endossar essa opinião. Na verdade, se o jogo mantiver o mesmo pique do que testei em três diferentes segmentos da campanha, acredito que ele tenha chances reais de ser o melhor jogo 3D do herói. Vamos esperar mais um pouco para ver o quão ousado foi ou não esse chute.
Mas vamos lá, o que exatamente diferencia esse novo projeto? O Sonic Team batizou sua estrutura como open-zones (ou zonas abertas), o que na prática significa que você pode explorar as Starfall Islands da forma que achar melhor e em seu próprio ritmo, curtindo atividades paralelas, combates, chefões, desafios, puzzles, muita plataforma tridimensional, provas de tempo, pescaria, caça por colecionáveis e até acesso a níveis lineares.
Independente da ordem das coisas que você fizer, o objetivo geral é que você encontra sub-chefes chamados de Guardians (Guardiões), o que lhe concederá sempre algumas Portal Gears (engrenagens de portal). Você precisará delas para poder abrir os vários portais escondidos por cada uma das ilhas do jogo. Lá, você é enviado diretamente ao Cyber Space, um local formado pelas memórias do Sonic.
O mundo aberto já está cheio de ação, mas também há fases lineares só focadas em adrenalinaFonte: Divulgação / SEGA
Além de abrigar uma trilha sonora absolutamente fora de série, esses níveis também são o ponto onde você encontrará a estrutura mais linear de toda a aventura, com o retorno do bom e velho sistema de avaliação de desempenho de acordo com o seu tempo e anéis coletáveis, além da volta das cinco argolas vermelhas para procurar em cada cantinho do mapa. No geral, as dezenas de níveis do tipo que detonei me lembraram bastante o clima eletrizantes das fases de Unleashed!
O seu desempenho lá serve para ganhar Vault Keys (chaves do cofre), e elas precisam ser usadas acessar e liberar as Esmeraldas do Caos. No meio tempo entre tudo isso, você também precisa explorar o mapa e cumprir atividades para ganhar Memory Tokens (Símbolos de memória) que ajudam a progredir a narrativa dos personagens. Ou seja, há bastante coisa para fazer nesse loop!
É como jogar três jogos em um!
Por mais que você possa alternar a ordem de todas essas atividades como bem entender, eu diria que inevitavelmente Sonic Frontiers vai acabar culminando em um micro gerenciamento de três aventuras auto-suficientes (mas profundamente interligadas entre si pelos motivos acima). Você vai precisar escolher quanto tempo quer gastar apenas explorando o mundo aberto, jogando as fases lineares, e também curtindo os minigames e desafios.
Que tal parar um pouco para pescar com o seu amigo Big?Fonte: Divulgação / SEGA
A meu ver, a parte linear é a que menos carece de explicações: se você gostava das fases modernas de ação do herói, vai continuar apaixonado por elas, já que estão ótimas e seguem misturando bem nostalgia e novidades pontuais. Mas se nunca curtiu a pegada delas, não vai mudar de ideia por aqui.
Já o loop do mundo aberto em si é mais interessante, porque ele esconde alguns dos altos mais altos do jogo, mas também os seus principais problemas em potencial. Nas primeiras horas, é muito divertido ter que cumprir desafios para destrancar a visualização de todo o conteúdo que um setor do mapa esconde, mas fazer isso libera uma fração tão pequena do cenário que logo acaba se tornando um pouco frustrante.
Em certo ponto eu queria poder jogar mais fases no CyberSpace e não podia porque não tinha nenhum Portal inédito marcado no meu mapa, então mesmo tendo um monte de Gears no bolso, precisei explorar mais e cumprir missões que eu não queria fazer no momento, o que podia ter sido evitado com um balanceamento um pouco melhor. Coisas assim podem induzir a sensação de fadiga depois de algumas horas, então eu imagino que sessões de até 2 ou 3 horas por vez sejam o ideal para os jogadores médios.
A todo momento, a trilha sonora de Sonic Frontiers é fora de sérieFonte: Divulgação / SEGA
Já as atividades paralelas quase sempre oferecem uma boa quebra de ritmo e distração, então organicamente você será premiado aos poucos com benefícios que tornam o seu gameplay ainda mais divertido. Os pontos podem ser gastos na nova árvore de habilidades, que é bem simples de usar e garante acesso a novos golpes bem legais, e também falando com o Hermit Koco, com quem você pode trocar as sementes que coletou por novos pontos de atributos, permitindo que você corra mais rápido, carregue mais anéis ou melhore seu dano.
A evolução definitiva do Sonic
Evoluir nunca é um processo fácil, mas é certamente necessário. Por anos a fio vimos várias tentativas do Sonic Team para agradar o público, mas a série dificilmente se comprometia com um mesmo curso por muito tempo. Espero que agora as coisas sejam diferentes porque, mais do que qualquer coisa, em meu tempo com Sonic Frontiers eu senti que há algo de especial acontecendo dessa vez.
Sim, há problemas: às vezes os objetos podem demorar para carregar e causar a sensação de que há pop ins rolando mesmo no poderoso hardware do PC. O mundo aberto também pode ficar repetitivo com alguma rapidez, e das três ilhas que pude explorar (Kronos, tropical; Ares, deserto; e Chaos, lava), apenas a primeira conseguiu ter uma identidade visual profundamente marcante, restando apenas outras duas para conhecer ainda.
Pela primeira vez em muito tempo, o futuro parece brilhante para o heróiFonte: Divulgação / SEGA
Mas mesmo no caso de alguém preferir se focar nos pontos negativos, ao menos espero que as pessoas reconheçam não apenas que eles podem facilmente ser resolvidos em futuros jogos feitos nesse mesmo formato, mas especialmente que poucas vezes os fãs do Sonic puderam ter em mãos um jogo 3D tão divertido, promissor e inovador já em sua forma atual, com muito mais virtudes do que problemas!
Há coração demais nesse projeto e isso é evidente desde o seu primeiro passo nas ilhas até o momento em que se despedir delas. E eu pelo menos já estou com saudades e mal posso esperar para o seu lançamento no próximo dia 8 de novembro.
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