O mercado de placas de vídeo finalmente está voltando a uma estabilidade após pouco mais de um ano de absoluto caos na indústria. Com a normalidade batendo na porta e o retorno de preços competitivos em muitos segmentos, fica aquela dúvida: compro uma nova placa de vídeo agora ou é melhor esperar?
Antes de tudo é importante salientar que, mesmo com uma momentânea estabilidade, não sabemos quais outros eventos de grandes proporções podem acontecer e mais uma vez bagunçar o mercado de semicondutores. Tudo dito neste artigo baseada em eventos passados e simplesmente expectativas e especulações para os próximos meses.
Uma breve recapitulação...
Entre 2020 e 2021 o mundo do hardware, especificamente o segmento das placas de video, viu um de seus piores momentos vir a tona. Os problemas eram diversos: o ápice da pandemia da COVID -19, uma crise na cadeia de produção na indústria de semicondutores e o ressurgimento catatônico da mineração. Esses três fatores em específico contribuíram para que o mercado de GPUs beirasse o insustentável, mas pouco a pouco começamos a realinhar esse paradigma.
Hoje, embora ainda estejamos na pandemia da COVID-19, o boom de eletrônicos e a alta demanda por peças e peças para abastecer o usuário doméstico isolado em suas casas vem diminuindo. Esse quesito foi, talvez, o mais previsível de toda a crise: conforme a demanda por mais placas de vídeo surgiu, a indústria subiu os preços num clássico movimento de mercado. Se a demanda é alta, os preços aumentam.
No entanto, outro fator chegaria para abalar de vez as estruturas da indústria: a mineração. De 2020 a 2021 houve uma "renascimento" massivo de moedas virtuais, como o bitcoin e o ethereum, que também foram impulsionados pela chegada dos NFTs e sua explosão subsequente, que necessitavam de uma GPU potente para as aplicações.
Fazendas de mineração foi uma das antagonistas da crise das GPUsFonte: Shutterstock
Isso gerou o principal problema para o mercado de placas de vídeo: os scalpers. Como a demanda por placas de vídeo estava alta e a mineração voltou a ser o centro das atenções, essas pessoas compravam diversas unidades de uma placa de vídeo para: a) revender mais caro no mercado cinza, visto que o estoque em lojas estava acabando ou b) criar fazendas de mineração com dezenas ou centenas de placas de vídeo.
Tudo isso convergiu em um único caminho, resultando na falta de placas de vídeo no mercado e quando encontradas, seja por scalpers, seja por lojistas oficiais, os preços eram estratosféricos.
Uma nova esperança
Em 2022 as coisas estão diferentes. Com a pandemia se encaminhando para rumos mais tranquilos, mesmo ainda existindo oficialmente, toda a demanda por chips para os mais diferentes produtos para o home office diminuiu, uma vez que o retorno ao trabalho e estudo presencial volta a ser realidade mundial.
A moda da mineração viu seu pequeno império desmoronar gradativamente com a desvalorização dos ativos virtuais e o desinteresse no mundo do NFT. Com isso, o tiro dos scalpers saiu pela culatra e as dezenas placas de vídeo armazenadas em seus galpões inevitavelmente teriam que ser vendidas a preços mais baixos. Quanto aos mineradores, a falta de interesse nos ativos e o lucro mínimo os forçou a venderem suas fazendas cheias de GPUs.
Portanto, finalmente chegamos a uma estabilidade no mercado e um padrão de normalidade que não era visto desde janeiro de 2020. Agora vem a grande questão: vale a pena investir numa placa de vídeo da atual geração ou é melhor esperar e ir direto no lançamento das RTX 40xx e AMD Radeon com RDNA 3? Aliás, esse é realmente o melhor momento para comprar uma GPU?
O momento é bom e deve ser aproveitado
Atualmente já é possível encontrar uma boa placa de vídeo para rodar em Full HD com qualidade máxima a 60 frames (ou mais) na casa dos R$ 2.000. Dentre as opções, a RTX 2060, mais antiga que ainda dá conta do recado; a recente RTX 3050; RTX 3060 e RX 6600/6600 XT para um pouco mais de margem, etc. Essas GPUs estão com o melhor custo x benefício que vimos nos últimos anos.
Segmento até R$ 3.000 tem as melhores opções de custo x benefícioFonte: Shutterstock
Se o orçamento é menor, as AMD Radeon RX 6400 e RX 6500 XT, ou até mesmo a antiga GTX 1650, e GTX 1660 custa entre R$ 1.000 e R$ 1.500 normalmente. O cenário ainda é Full HD, mas o usuário deve abrir mão de filtros, texturas e alguns frames. Se antes era impossível adquirir uma placa de vídeo dedicada por cerca de R$ 1.000, hoje, ainda que esses modelos não sejam tão bons, temos a possibilidade de escolher o que levar para casa.
Para um hardware mais parrudo, e que para muitos é considerado como o mais atrativo, o usuário pode escolher placas como as RTX 3060 Ti e 3070 ou a Radeon RX 6700 XT para rodar em Quad HD pagando algo na média de R$ 3.500. Já na categoria entusiasta, o céu é o limite, com as peso pesadas saindo a partir de R$ 6.000, como a RTX 3080.
Mesmo com ótimos preços, não temos como prever o futuro e imaginar que esse cenário continuará dessa forma ou quem sabe ficar ainda melhor. Isso já é um fator importante que pode determinar a compra de muitos. Os preços atrativos somados as incertezas do futuro condicionam um momento interessante para aquisições, sem sombra de dúvidas.
A crise contra-ataca
Se ainda restava desconfiança que mais uma crise poderia estourar a qualquer momento, as últimas semanas foram cruciais para isso. As tensões crescentes entre China e Taiwan colocaram em cheque a estabilidade do mundo dos condutores mais uma vez.
Embora a China seja a segunda maior potência da atualidade, Taiwan é o grande protagonista no mundo dos chips. O pequeno país é sede das principais companhias de tecnologia, como Gigabyte, Asus, AsRock, MSI, etc. Se você acompanha o cenário de placas de vídeo já deve ter percebido que os principais modelos do mercado são justamente dessas e outras marcas.
Ademais, a TSMC, também conhecida como Taiwan Semiconductor Manufacturing Company, a maior fabricante de chips do mundo, produz essas peças para simplesmente outras empresas como NVIDIA e AMD.
Taiwan é o coração do desenvolvimento de chipsFonte: Shutterstock
Dessa maneira, uma escalada e/ou a anexação chinesa sobre Taiwan poderia impactar a produção de placas de vídeo de formas inimagináveis e retornar com uma crise global. Agora, se isso vai ou não acontecer, depende de diversos fatores geopolíticos complexos.
O retorno dos chips
Tanto AMD quanto NVIDIA trabalham para revelar sua próxima geração de placas de vídeo. No lado vermelho, a companhia liderada por Lisa Su tem as Radeon com RDNA 3 no forno e muita expectativa para o lançamento, considerando a ótima fase da empresa. Já a concorrência verde tem em mãos as RTX 40xx, que estreia a arquitetura Ada Lovelace com muito desempenho.
Ainda não há uma data exata para o lançamento, mas os principais indícios apontam para a primeira leva de placas, em especial as mais potentes, chegando até meados de outubro, enquanto o restante da linha só deve aparecer no primeiro trimestre de 2023.
Com os preços das atuais gerações mais baixo e o lançamento iminente de novas GPUs, é mais interessante comprar a nova placa de vídeo agora ou espera mais um tempo e adquirir um lançamento? Sem firulas, compre sua placa neste momento.
Compre sua placa agora
Com a chegada de novas gerações de placas de vídeo, NVIDIA e AMD estão esvaziando seus estoques lotados de GPU a preços mais baixos, criando o cenário mais atrativo que estamos vendo. Com o lançamento das novas gerações, há uma alta probabilidade que os modelos anteriores deixem de ser produzidos gradativamente, mantendo apenas as placas mais recentes e mais caras nas lojas a longo prazo.
Aliás, essa será a primeira geração de GPUs no "pós-crise" das placas e não sabemos se o sistema de preços sugeridos vai ser respeitado em terras brasileiras. Em um momento cheio de oportunidades, vale muito mais comprar uma boa placa de vídeo agora, esperando até no máximo uma Black Friday, que parece ser o cenário ideal para descontos, do que investir em uma geração que sequer foi lançada.
Fontes