As declarações da Microsoft ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), que apontam que a Sony paga para que jogos não saiam no Game Pass, seguem com desdobramentos inusitados para quem gosta de acompanhar os bastidores da indústria de jogos.
No documento de 27 páginas, a dona do Xbox foi além de justificar a aquisição da Activision Blizzard e se prestou até mesmo ao papel de "dar dicas" para que a Sony melhore os novos níveis de assinatura da PlayStation Plus, que é considerada um rival do Game Pass.
As declarações foram motivadas, segundo a Microsoft, pela preocupação da Sony de que um modelo de negócios como o do Game Pass ameace sua posição de liderança na indústria de jogos.
A empresa aponta que a estratégia da Sony de não incluir novos títulos na PlayStation Plus no dia do lançamento expõe uma clara resistência a um modelo de negócios que ameaça a estratégia "device-centric", ou seja, focada em dispositivos, como a que é adotada pela dona do PlayStation.
"A Sony poderia alavancar ainda mais a alta qualidade de seus jogos first-party disponibilizando-os no PlayStation Plus no dia de lançamento, estratégia essa que poderia rapidamente acelerar o crescimento da base de usuários do serviço em resposta à pressão competitiva do Game Pass (ou de qualquer outro serviço) e que a Sony atualmente não adota, mesmo com relação ao novo e atualizado PlayStation Plus", escreveu a Microsoft.
"Tal movimento por parte da Sony poderia deixar o PlayStation Plus ainda mais atraente, de modo a rivalizar frente a eventuais estratégias de distribuidores de jogos rivais — em benefício dos jogadores", acrescentou.
Como parte do trâmite legal da aquisição, a Microsoft argumenta que a inclusão de conteúdo da Activision Blizzard no Game Pass não prejudicaria a capacidade de outras empresas competirem no mercado de distribuição digital, pois as concorrentes têm uma ampla gama de títulos além da Activision Blizzard — incluindo conteúdo que não está disponível para Xbox.
Ela defende que isso, na verdade, aumentaria a concorrência e forneceria conteúdo desejado e de alta qualidade a custos mais baixos, e que essa é a razão que teria motivado os comentários da Sony sobre a operação.
Segundo analistas como Michael Pachter, a expectativa é que a aquisição seja concluída até a metade de janeiro de 2023, após passar pela avaliação de órgãos em diferentes países. De qualquer forma, os documentos públicos prestaram um grande serviço em expor o que se passa nos bastidores.
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