Conforme a burocracia da compra da Activision Blizzard pela Microsoft vai se aproximando de suas últimas etapas, aos poucos vamos conhecendo também mais alguns detalhes sobre os seus bastidores. Curiosamente, a transparência da legislação brasileira e de seus órgãos públicos acabou nos colocando bem no centro do tema de hoje (1)!
Afinal, para o negócio ser aprovado de vez, não basta apenas receber o "ok" no principal mercado de videogames do mundo, os Estados Unidos. Além dos EUA, alguns trâmites também precisam acontecer ao redor de quase 20 outros países reguladores, o que envolve a Coreia do Sul, Nova Zelândia, Japão, China e... claro, o nosso Brasil também!
Perguntas enviadas às principais produtoras
Por aqui, de acordo com as apurações no fórum Reddit, a análise começou apenas no último dia 20 de maio. Na ocasião, companhias terceiras externas ao processo de compra precisaram responder a algumas perguntas sobre a negociação a fim de cruzar esses dados com os números enviados pela Microsoft e pela Activision Blizzard. As empresas abordadas incluem nomes de peso como a Sony, Warner Bros., Ubisoft, Nuuvem, Bandai Namco, Riot Games, Meta, Google, Amazon e mais!
Embora nem tudo seja aberto ao público, alguns perguntas de interesse global foram respondidas por todas essas companhias, como "a sua empresa concorda que a distribuição física e digital sejam mercados separados? Ou eles competem por um mercado só?"; "O mercado de distribuição digital de videogames deve ser segmentado entre PC, consoles e mobile, ou é tudo parte de um mercado só?"; "Para a sua empresa, serviços de assinatura como o Xbox Game Pass são apenas parte do mercado digital ou formam um mercado mais específico?"
O questionário continua, com indagações como: "para o consumidor, serviços de assinatura são competidores diretos do modelo de compras individuais?"; "há barreiras relevantes para entrar no mercado de jogos eletrônicos?"; "os contratos das lojas digitais incluem cláusulas de exclusividade por tempo limitado?"; "na sua experiência, os termos da Microsoft divergem de forma significativa dos demais?"; e talvez o mais importante de todos: "a Activision Blizzard publica algum jogo que, por suas especificidades, não tem competidores próximos produzidos por outras empresas? Uma eventual exclusividade futura deles impactaria o mercado em qual medida?"
E como elas responderam?
Como era de se esperar, entre todas as empresas abordadas, quem mais levantou objeções foi a Sony, que pautou o seu argumento ao redor da forma como Call of Duty é um dos principais produtos do mercado atualmente e virtualmente insubstituível, além de apontar que o Xbox Game Pass pode machucar os interesses das produtoras e consumidores.
A sua resposta acaba sendo a mais interessante justamente por ser a mais antagonística entre todas as participantes. De acordo com a Sony, todos os jogos que existem competem ao mesmo tempo pelo engajamento dos jogadores, e os consumidores escolhem as suas plataformas de acordo com o preço, especificações técnicas e catálogo de jogos disponíveis, sendo esse o fator principal na hora da compra.
Aos olhos da Sony, são poucas as empresas interessadas e capazes de fazer jogos AAA, o que inclui a EA, Rockstar e Epic Games, mas que mesmo elas não conseguiriam competir com Call of Duty, que existiria em uma categoria própria. COD é tão popular que é motivo de compra de consoles, alega a Sony, apontando ainda que mesmo uma empresa com orçamento similar não conseguiria criar um rival à altura. Acima de tudo, COD é uma parte substancial dos lucros do PlayStation, mas os números em si foram ocultados do público.
Por outro lado, todas as outras empresas deram respostas mais amigáveis, com as vozes mais receptivas vindo de third parties como a Bandai Namco, Ubisoft, WB e Riot Games, que não consideram "únicos" ou "insubstituíveis" os jogos da Activision Blizzard, e também não esperam passar por grandes mudanças após a conclusão da compra.
Já outras gigantes da tecnologia como a Amazon, Google e Apple deram respostas mais desinteressadas no tema, que de fato os impacta muito pouco ou até nada. Mas e você, qual a sua opinião tanto sobre a compra feita pela Microsoft como sobre os argumentos anti-truste levantados durante essa apuração toda? Conte para a gente nas redes sociais do Voxel!
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