Poucos personagens dos videogames podem se gabar de ter a mesma relevância e história de Sonic the Hedgehog, o ouriço velocista que é o principal mascote da SEGA. Desde os tempos do Mega Drive e Master System até o estrelato no cinema, quadrinhos e desenhos animados, o herói protagonizou uma incrível história de sucesso, então venha relembrá-la com a gente!
Nasce uma lenda dos videogames
Os nossos leitores mais jovens talvez não lembrem ou sequer saibam disso, mas antes mesmo da clássica "console wars" protagonizada entre a Nintendo e a SEGA na geração 8-bits, esta última vinha se arriscando com diferentes mascotes, como o garoto Alex Kidd da franquia homônima e a nave Opa-Opa da série Fantasy Zone.
No começo dos anos 1990, o então presidente da Sega of America, Michael Katz, ansioso para reverter a dominância de mercado da Big N, lançou uma agressiva campanha de marketing com o slogan "Genesis does what Nintendon't" (algo como"o Mega Drive faz o que a Nintendo não consegue", como você pode ver no vídeo acima), mas nem mesmo ela foi o bastante para causar o impacto esperado.
Foi então que Hayao Nakayma, o chefão da Sega no Japão, correu atrás da contratação de Tom Kalinske, anteriormente um dos principais responsáveis pelo sucesso de vendas dos brinquedos da Mattel. Essa história é detalhada em riqueza de detalhes no ótimo livro A Guerra dos Consoles, de Blake J. Harris, mas você também encontra um bom resumo em português nessa entrevista com ele:
Além da mudança de comando na presidência do escritório americano, Nakayama estava focado em dar novo rosto à Sega nos consoles com um personagem capaz de bater de frente com o sucesso do premiado Super Mario Bros. 3, que acabou se tornando o jogo mais vendido da história até então. Com isso, a empresa abriu uma competição interna visando a criação de mascotes sob medida para o público norte-americano.
A base do gameplay acabou se voltando para um projeto desenvolvido pelo programador Yuji Naka, que concebeu uma aventura de plataforma com o personagem se movendo em altíssima velocidade, com bolas rolando por dentro de longos tubos. Ao seu lado estavam o artista Naoto Ohshima e, posteriormente, o designer Hirokazu Yasuhara.
Enquanto o time ainda trabalhava nos conceitos básicos, uma personagem humana chamada Madonna foi criada e descartadaFonte: Reprodução / Sonic Evollution
Após muita discussão interna e algumas idas e vindas com feedback de Tom Kalinske, o time de desenvolvimento depois batizado como Sonic Team conseguiu dar à luz o velocista azulado que tanto amamos! Desde o seu primeiro jogo principal, Sonic the Hedgehog, lançado 1991, até a chegada do Dreamcast em 1998, o mascote manteve essencialmente o mesmo visual, que hoje é conhecido como Clássico.
Cara nova para a velocidade de sempre
Depois de ajudar a Sega a conquistar uma fatia de mercado sem precedentes nos EUA, o novo mascote acabou vivendo alguns anos bem turbulentos na medida em que os desenvolvedores batiam cabeça para transportar o personagem para a estrutura das aventuras 3D que estavam entrando na moda com os avanços de hardware da época.
O console Saturn acabou passando quase em branco no que diz respeito a aventuras do ouriço, limitando-se a receber o jogo de corrida Sonic R e a coletânea de clássicos Sonic Jam, que contava com uma charmosa, porém bem curta, fase em 3D que servia como hub. Foi apenas em 1998, já no Dreamcast, que o mundo pôde conhecer a nova versão do personagem em 3D:
O visual moderno nasceu na primeira aventura 3D para DreamcastFonte: GameFAQs
O artista Yuji Uekawa puxou um pouco mais da linha da animação e quadrinhos para modernizar um pouco mais o excelente design, e isso ditou o tom da nova era do personagem, que infelizmente acabou sofrendo com a falta de interesse do público no Dreamcast. Como se sabe, ele foi eclipsado em vendas pelos seus concorrentes e acabou se tornando o último videogame desenvolvido pela própria Sega, que logo depois virou uma empresa third party.
Dali em diante o personagem atacou em vários fronts, como nas aventuras de plataforma 3D de Sonic Heroes, ou nas mais tradicionais fases 2D da série Sonic Advance para GBA e Sonic Rush para DS, já em 2.5D. O problema é que o público e crítica foram aos poucos começando a ter opiniões muito distintas sobre as diferentes abordagens, o que acabou levando a uma crise de identidade.
Em busca de uma nova identidade
Das aventuras mais baseadas em controles de movimento como Sonic and the Secret Rings, passando pela pegada mais adulta e violenta de Shadow the Hedgehog, e claro que sem deixar de lado o infame Sonic the Hedgehog de 2006, aos poucos a Sega foi encontrando mais dificuldades para agradar a todos os perfis de jogadores.
Ainda surgiam alguns títulos mais aclamados aqui e ali, como o excelente Sonic Colors de 2010, mas a impressão geral era de que a marca estava passando por uma grande crise criativa. Em 2014 tivemos uma das tentativas mais agressivas e ousadas de reinventar o personagem com o advento de Sonic Boom, que rendeu ao mesmo tempo alguns dos piores games do herói, mas também uma série animada maravilhosa:
Vários títulos mobile e crossovers esportivos também foram lançados ao longo dos anos 2010, mas o próprio produtor Takashi Iizuka confessou em entrevistas ao longo de 2015 que o time estava desapontado com a performance dos games do velocista, e que um novo foco em alcançar a mais alta qualidade possível deveria ser abraçado.
Com a ajuda da comunidade, a série voltou a caminhar na direção certa, culminando no lançamento de Sonic Mania em 2017. O projeto capitaneado pelo fã Christian Whitehead tornou-se o game melhor avaliado do mascote em mais de 15 anos, e o futuro parece bastante otimista para o nosso ouriço favorito!
Já nesse mês temos a estreia de um novo filme nos cinemas, enquanto a Sonic Team trabalha firme em Sonic Frontiers, que será o primeiro jogo em mundo aberto da série! Você está ansioso pelo futuro? Qual é a sua época ou design favorito? Conte para a gente nos comentários a seguir!
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