O PolyStation marcou a vida de muita criança nascida entre os anos de 1980 e 1990, mas nem sempre de maneira positiva. A primeira versão do videogame tinha uma carcaça que lembrava o PlayStation da Sony, inclusive com um possível leitor de CDs. Por dentro, era escondido um console de 8 bits que era uma cópia “não autorizada” do Nintendo.
Para decepção dos filhos, a aparência do PS One, que tinha 32 bits, com um precinho bem mais em conta faziam com que os pais comprassem por engano o PolyStation como se fosse um console de última geração.
A caixa imitava até a fonte do PlayStation e ainda tinha no verso imagens do Sega Saturn, PS One e Nintendo 64. A embalagem ainda prometia um som estéreo, mesmo que apenas o mono estivesse disponível. Não só o áudio decepcionava, a qualidade dos gráficos era muito inferior que os jogos originais.
De um modo geral, o acabamento do aparelho era produzido com plástico e bem mal feito. O controle imitava o design do PS1, que já oferecia 14 botões, mas algumas teclas eram só enfeite. E para piorar, os fios eram curtos e frágeis, o que obrigava os jogadores a se aproximarem demais da tela e atrapalha um pouco a experiência do game.
Apesar das pegadinhas, o clone do NES foi o primeiro videogame de muita gente e deixou saudades. Em especial, porque o console era bem mais acessível. Além disso, os cartuchos do Nintendinho, europeus ou japoneses, funcionavam perfeitamente no aparelho pirata, o que garantia a diversão da garotada.
Em que ano foi lançado o PolyStation?
(Fonte: Wikimedia Commons/CaptainMurphy/Reprodução)Fonte: Wikimedia Commons/CaptainMurphy/Reprodução
O PolyStation foi lançado em 1997, mas só se tornou popular entre os brasileiros a partir do ano 2000. No mesmo ano, o PlayStation 2 era lançado no Japão e nos Estados Unidos, mas demoraria quase 10 anos para chegar ao Brasil. Na época, os jogos para PC ainda eram raros e o game The Sims, uma espécie de prévia do metaverso, era um fenômeno mundial.
A tecnologia que permitiu o surgimento do console pirata, porém, surgiu no início dos anos 1990s. O desenvolvimento do NES em um chip (NOAC) permitiu que a placa-mãe do Nintendo, chamada de Famicom na China, fosse reduzida a um tamanho bem pequeno e acessível.
Com espaço interno de sobra, o design dos aparelhos “não oficiais” podiam imitar qualquer outro videogame. Isso possibilitou o surgimento de uma série de famiclones, como eram conhecidos os consoles piratas.
Quem fabricou o PolyStation?
Não se sabe exatamente quem criou e fabricava o PolyStation. O certo é que o clone era produzido na China e violava as patentes da Sony e da Nintendo. O console pirata chegava ilegalmente nos países da América do Sul, América Latina, Sudeste Asiático, Europa e Oceania. O videogame chegava ao Brasil via Ciudad del Este, no Paraguai.
O comerciante Ali Ahmad Zaioum, libanês naturalizado paraguaio, chegou a patentear a marca e o design do console para extorquir outros vendedores do famiclone. No entanto, ele foi acusado pela justiça do Paraguai de falsificar documentos e informações para conseguir o registro junto ao Ministério de Indústria e Comércio do país.
Quanto custava o PolyStation?
O preço era o principal atrativo do PolyStation. O console custava R$ 99,99 em 2001, enquanto seus “concorrentes” como o Nintendo 64 e o PlayStation eram vendidos, respectivamente, por R$ 659 e R$ 900 quando foram lançados.
O videogame pirata podia ser encontrado até em lojas de R$ 1,99. Esses estabelecimentos eram bastante populares por vender todo o tipo de produtos importados da China e eram sinônimos de compras econômicas.
Isso não significa, porém, que o a cópia do Nintendo travestida de PS1 podia ser comprado por qualquer um. Na época, o salário-mínimo não passava de R$ 180 e a taxa de desemprego no Brasil durante o início do século 21 ultrapassava de forma fácil a marca de 10%.
Quais são os jogos do PolyStation?
(Fonte: Wikimedia Commons/ Boule De Feu.com/Reprodução)Fonte: Wikimedia Commons/ Boule De Feu.com/Reprodução
Além do preço, outro grande atrativo do PolyStation era o número de jogos oferecidos. Alguns já vinham instalados no console. A sensação, no entanto, eram os cartuchos amarelos vendidos a R$ 5 que prometiam uma quantidade quase infinita de games. Não eram raras as promessas de "99 jogos em um", quando não "999 jogos em um" ou até "999.999 jogos em um".
Mas, como todo resto no console pirata, era tudo enganação. Na prática, o cartucho não apresentava mais de 20 games copiados no Nintendo ou Konami, inclusive alguns arcades. O número total só era completado por uma série de jogos muito parecidos e com poucas alterações.
O interessante é que os títulos menos famosos do NES ganhavam certa notoriedade em seu irmão pirata. No entanto, muitos dos jogos mais populares do console da Nintendo era bem difíceis de serem achados nos cartuchos do PolyStation.
Na memória da primeira versão do videogame, podiam ser jogados SnowField Shot, um hack do DuckHunt; TwinBee, um jogo de nave lançado em 1985; Macross, conhecido no Brasil como Guerra nas Galáxias; Baseball, copiado de game do mesmo nome no NES; Road Fighter, uma corrida de trafégo; Jewerly, um puzzle que lembra Tetris; entre outros.
Nas fitas, as opções eram bem maiores e é quase impossível fazer um levantamento completo do jogos oferecidos. Merecem destaque Adventure Island, Battle City, Circus Charlie, Chip ‘n Dale Rescue Rangers, Hyper Olympic (conhecido no Japão como Track & Field).
A evolução do PolyStation
(Fonte: Flickr/Thomas Backa/ReproduçãoFonte: Flickr/Thomas Backa/Reprodução
O sucesso do console foi tanto que o clone não parou em sua primeira versão. O PolyStation 2 foi imitava o segundo PlayStation e talvez tenha sido o melhor de todos. Houve muitas edições do videogame pirata, algumas com cartucho de famicon, outras com controles de Xbox e até algumas com uma arma. Por dentro, contudo, o console era a mesma cópia de 8 bits.
O grande diferencial do PolyStation 2, porém, era uma tela LCD embutida (que mal funcionava), mas prometia dispensar a necessidade de TV. O videogame era alimentado por duas pilhas AA, o que o tornava um verdadeiro console portátil. A carcaça do videogame tinha até um compartimento para armazenar os controles na parte de trás, além de portas USB (falsas, claro).
A sequência continuou com o PolyStation 3, lançado antes mesmo do PlayStation 3, e com os PolyStations 4 e o 5. No entanto, não apresentaram grandes novidades no design e continuaram usando a plataforma de 8 bits, mesmo quando a maioria dos videogames opera em 128 bits.
Sentiu saudade do PolyStation?
Se você teve um PolyStation e quer matar a saudade do console, pode conseguir o videogame ainda mais barato de quando estava no auge. Atualmente, o console pode ser encontrado na internet por valores a partir de R$ 30. Os cartuchos, controles e outros acessórios também são oferecidos nas plataformas de comércio eletrônico.
Mas antes de comprar a raridade, certifique-se que o aparelho ainda está funcionando para evitar cair (de novo) na pegadinha. A não ser que a sua nostalgia inclua também o sentimento de decepção ao abrir a caixa do videogame.
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