A relação entre Electronic Arts (EA) e FIFA parece que está mesmo chegando ao final. O próprio CEO da EA, Andrew Wilson, acredita que o rompimento não trará grandes prejuízos para a franquia de games. Na verdade, o executivo avalia que os anos de parceria com a entidade máxima do futebol foram positivos, mas acabaram atrasando a evolução do jogo.
“Tivemos um ótimo relacionamento com a FIFA nos últimos 30 anos. Criamos bilhões em valor e foi simplesmente enorme. Criamos uma das maiores propriedades de entretenimento do planeta. Mas eu diria – e isso pode ser um pouco tendencioso – que a marca FIFA tem mais significado como um jogo eletrônico do que como um órgão de governança do futebol”, chegou a dizer Wilson em uma reunião interna que teve alguns detalhes divulgados pelo site VGC nesta quarta-feira (23).
Falando aos funcionários da desenvolvedora, o CEO defendeu que a licença do nome do game foi um “impedimento” às ambições da empresa. De acordo com ele, a entidade gerida por Gianni Infantino atualmente proibiu, no passado, que os jogos tivessem outros modos além do tradicional 11v11 ou que fossem expandidos os “ecossistemas digitais”.
“Nossa licença da FIFA na verdade nos impediu de fazer muitas dessas coisas. Novamente, FIFA é apenas o nome na caixa, mas eles impediram nossa capacidade de nos ramificar nas áreas que os jogadores desejam”, disparou durante a reunião.
Na fala para os trabalhadores da EA, Wilson defendeu também que o único benefício que os games recebiam em época de Copa do Mundo são as “quatro letras na frente da caixa [se referindo ao nome FIFA]”. Ele defendeu que o torneio é bastante importante, mas não é a única coisa que importa, já que a EA tem licenças de campeonatos nacionais e continentais do mundo todo.
O executivo contou que sem o “impedimento” da FIFA, seria possível realizar mais mudanças entre uma geração e outra do game, já que os cronogramas de aprovação atrasam muito o trabalho dos desenvolvedores. “Estamos nos movendo muito mais devagar do que queremos”.
FIFA 23 será o último?
A “confusão” entre as entidades teria começado porque a FIFA quer um valor de US$ 2,5 bilhões para renovar a licença que permite que o nome esteja na capa do jogo eletrônico. O valor é considerado alto pela EA e, por isso, a desenvolvedora cogita não renovar o contrato.
O último lançamento que ainda está previsto no atual acordo é o de FIFA 23. Se ele não for renovado até a Copa do Mundo do Qatar (que será realizada entre 21 de novembro e 18 de dezembro), este será o último ano com um jogo de futebol da EA com o atual nome.
Já que o acordo ainda está em andamento, de acordo com o VGC, a EA deverá lançar FIFA 23 neste ano e o título deverá incluir a Copa do Mundo feminina e masculina pela primeira vez.
Sem o negócio fechado com a FIFA, Andrew Wilson acredita que haverá muitas possibilidades para serem exploradas. Na reunião interna ele chegou a citar novos modos de jogo e possibilidades de fechar com outras empresas esportivas como a Nike (a FIFA tem relacionamento com a Adidas e não permite outras marcas no game). No final das contas, o CEO da EA acha que seria até mais rentável, já que seriam fechados mais parceiros para o jogo.
“Os jogadores estão nos dizendo que querem que nos movamos muito rápido: ‘queremos que vocês façam as coisas rápido’. E para fazer isso, precisamos de um nível de liberdade para ser verdadeiramente criativo, inovador e experimentar no mercado”, pontuou.
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