God of War no PC é um bom exemplo de ótimo port [REVIEW]

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A geração do PlayStation 4 se beneficiou de frutos incríveis e uma colheita farta de grandes exclusivos para a plataforma da Sony, se tornando uma das mais queridas entre os fãs. Com diversos games de investimento altíssimos, entre eles estava uma sequência que poucos imaginavam acontecer: God of War, com Kratos em outra mitologia, mas sem ser um reboot, com mudanças de tom e gameplay significativos que o tornaria um dos melhores títulos da plataforma há quase 4 anos. Agora, o game chegou ao PC.

Se tornando um dos grandes nomes de exclusivos de PlayStation a chegar aos computadores, God of War chegou com a pompa toda: trazendo a customização que um PC gamer gosta e usufruindo de todas as tecnologias modernas da atualidade, como Nvidia Reflex e DLSS de ponta. Mas será que o port vale o investimento? Confira nossa análise!

O mesmo God of War de PS4: ponto mais que positivo

Surpreendentemente, God of War foi um dos poucos exclusivos de PS4 que não chegou a ganhar nenhum DLC ou conteúdo adicional após sua chegada ao console. Por conta disso, o pacote da versão de computadores não traz muita discussão a um review: direto e reto, é o mesmíssimo material que os jogadores de PlayStation aproveitaram em abril de 2018.

Mas calma lá, isso não é notícia ruim: afinal, o game foi um dos mais bem-avaliados da geração e conquistou críticos e fãs de forma igual, com recepção praticamente unânime e sinônimo de qualidade. Em outras palavras, os jogadores de PC terão a chance de se deleitarem com uma campanha bem-construída, uma narrativa fantástica e um combate visceral reformulado.

God of War é um dos diamantes da geração passada e é uma adição muito bem-vinda à biblioteca dos Master Race. Trilhando a linha tênue entre reboot e sequência, a trama traz Kratos de volta em terras inéditas, explorando uma relação de pai e filho brilhantemente desenvolvida ao passo que novas ameaças surgem em uma jornada inesperada.

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Tocante e bem-produzida, a narrativa traz de tudo um pouco e sai deixa de lado o clima de vingança que, em certo momento, beirava elementos pastelões da trilogia original (não levem isso como ofensa, tudo era muito bom). O novo título da saga é muito mais voltado a contar uma história, se beneficiando de técnicas narrativas como o plano sequência sem fim, sem cortes de câmera, para contar a longa viagem de Kratos e Atreus entre os planos de Midgard e além, desbravando a cultura nórdica e desvendando os mistérios de sua partida (relaxa, sem spoilers aqui).

No âmbito de combate e exploração, a série deixa seu legado linear e hack ‘n slash frenético em troca de um sistema de RPG com lutas mais cadenciadas, com espaços para runas e habilidades especiais, mas sem pesar na mão a ponto de ser um game extremamente longo e com conteúdo inflado.

Há muito para explorar, algumas sidequests excelentes para aceitar e tudo oferece recompensas que ajudam na sua campanha com customização na medida certa. Tudo, claro, com bastante brutalidade e um combate de primeira que foi reformulado para uma nova perspectiva de câmera sob o ombro.

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Trocar entre o machado Leviatã e os próprios punhos de Kratos é tão incrível que dispensa comentários (além de outras surpresas que surgem ao longo da campanha). Toda a XP conquistada se torna uma moeda de evolução de habilidades e melhorias nos combos, algo essencial para os desafios, na maioria opcional, do fim do jogo, criando um híbrido entre aventura tradicional e RPG.

Tudo isso é chover no molhado. God of War já se consagrou como um dos jogos imperdíveis da geração PS4 e o Voxel tem a análise do game completa para quem quiser saber mais sobre a aventura em si, mas a ideia aqui é entender um pouco mais do port para PC e se vale a pena o investimento em meio a tantas adaptações, algumas boas e outras ruins, de consoles para computadores.

E o port de PC? Bom do jeito que os jogadores merecem!

Os últimos meses não foram exatamente gratificantes para donos de PC que esperavam jogos aguardados de console de mesa, com Final Fantasy VII Remake chegando em um estado bem aquém do que poderia ser. Contudo, God of War se esquiva de ser um port básico e oferece uma gama de opções bem competentes, customização de diversos aspectos gráficos e uso de tecnologias modernas da Nvidia.

Se você optar por jogar na mesma qualidade que o PS4 ou PS4 Pro oferece, há um preset gráfico chamado “Original”, reproduzindo os exatos mesmos visuais. Caso queira levar as coisas um passo além, há escolhas que dão uma apimentada na experiência, melhorando sombras, oclusão de ambiente, reflexos e muito mais, indo do Alto ao Ultra (e até uma opção com o Ultra+).

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Apesar de não ter elementos como Ray Tracing, a edição de PC do jogo traz recursos como o DLSS e o Reflex, que permitem ter uma resolução maior e performance melhor simultaneamente com o uso de tecnologia neural de upscaling de imagem, e redução de input lag de comandos, tornando o combate bem mais responsivo no geral.

Eu joguei todo o game em uma GeForce RTX 3080 Ti e não há muito o que dizer sobre a performance com o DLSS: mesmo no modo mais pesado, no Qualidade, a tecnologia é capaz de ganhar até 20 ou 30% de performance em algumas áreas (além de continuar parecendo com a resolução nativa). Considerando que a solução de um PS4 Pro, por exemplo, era atingir 4K com checkerboard, a qualidade de imagem do PC com DLSS é muito superior. Se usar o DLSS Ultradesempenho, o ganho de performance é ainda melhor, mas alguns artefatos em detalhes pequenos, como na pelagem da roupa de Kratos, podem surgir.

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O Reflex, por sua vez, é uma tecnologia que não há motivos para deixar desligada. Apesar de ser usada bastante em jogos competitivos, ela só traz vantagens em God of War e ajuda o jogador a realizar comandos mais rápidos e precisos. Em framerates muito altos talvez passe despercebido, mas há uma melhoria na latência de qualquer ataque ou esquiva.

Em outras palavras, para quem tem uma máquina potente, é possível ter visuais requintados, qualidade de imagem melhor que solução de reconstrução de resolução do PS4, tempo de resposta aprimorado, suporte a resolução ultrawide e até jogar além dos 60 fps se você tiver um monitor que suporte, chegando até 120 fps.

Os controles também são bem-adaptados para o teclado e mouse, além de o game oferecer suporte para diversos tipos de controles no PC sem nenhum tipo de problema. Tempo de carregamento também usufrui de computadores equipados com SSD, trazendo uma experiência de um “God of War Director’s Cut” de PS5 inexistente. Essa é a edição definitiva do jogo para quem tem uma máquina potente e um bom port para quem tem configurações modestas.

Esse tipo de qualidade é o que os gamers de PC estão acostumados e merecem, sem dúvidas. Há bastante escolha por aqui e, principalmente, customização para a sua máquina. Apesar de não ser o jogo mais rebuscado e personalizável possível no computador, God of War faz a lição de casa e passa de ano, apesar de não gabaritar a prova.

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O lado negativo do port

Sem dúvidas, o port de God of War é bom. Talvez melhor que bom até. Mas também há algumas falhas que tiram o potencial brilho da perfeição. Podemos começar falando da performance que, apesar de rodar bem, ainda é um pouco pesado demais para o que podemos esperar de um jogo chegando do PS4.

Caso você não tenha visto os requisitos mínimos e recomendados de God of War, eles estão um pouco além do que se pode imaginar. Para rodar o game Original, em 1080p e 30 fps, ou seja, igualzinho ao PS4 Fat, é necessária uma GTX 1070, que é bem mais poderosa que um PS4 Pro, e um Intel i5-6600k, algo também bem mais poderoso que o chip Jaguar fraco da oitava geração.

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E em 4K, 60 fps e tudo no máximo? Se prepare, pois uma RTX 3080 e um i9-9900k são as recomendações. O que é um tanto estranho, visto que não há tantas melhorias e nem deveria ser necessário um processador tão poderoso para um jogo que rodou tranquilamente no PS4. Mesmo se consideramos o PS5, que consegue rodar o game em 60 fps, ainda é um pouco exagerado exigir tanto.

E essas demandas são postas à prática durante a jogatina. Se você tentar alcançar 120 fps com preset Original ou acima (e realmente tentar, pois conseguir é diferente), o processador chega a ficar na carga de 80 a 90% de uso na resolução 2K. Mesmo quando não estiver gargalando, a RTX 3080 Ti em que rodei quase não conseguiu atingir 60 fps o tempo todo no DLSS Qualidade, com tudo no Ultra e em 4K, algo que não deveria ser um problema para uma das GPUs mais poderosas da atualidade.

Não houve quedas abaixo dos 60 fps, para deixar claro, mas a margem de performance quase atingiu seus 100% em determinados momentos. Claro, há elementos gráficos que demandam mais da GPU em ação, mas se compararmos com a qualidade original, não existe nada que justifique tanta perda de performance assim.

Pegando o gancho, por mais que muitos elementos visuais tenham um passo além, problemas da 8ª geração persistem. Não é difícil encontrar névoas pixeladas, mesmo com a opção no Ultra, ou pop-in com certa proximidade da tela. Texturas de qualidade mais baixa são raras, mas também é possível encontrá-las aqui e ali se você prestar bastante atenção. Além disso, algo esquisito nas configurações foi a ausência de um modo tela cheia. Para a jogatina comum, o modo janela sem bordas não terá diferença, mas caso queira capturar vídeos ou algo assim, pode haver problemas.

Os shaders transparentes e partículas se comportando de forma irreal já são problemas que a Sony está ciente e diz que vai trabalhar para corrigir até o lançamento, então talvez algumas informações estejam datadas em breve. Entretanto, houve um grande problema não previsto que atrapalhou a jogatina.

Por fim, e possivelmente o pior obstáculo que me deparei, foram os crashs. Seja por algum recurso que não está funcionando bem ou algum pico de uso de GPU ou CPU, God of War travou muitas vezes, bem mais do que eu acharia aceitável. E, por conta do sistema de checkpoint, diversas vezes tive que refazer tarefas do zero no jogo para ver novamente a tela de crash. Em outras palavras, avançar em alguns momentos do game foi um teste de paciência.

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Se fosse ranquear todos os defeitos, os crashs seriam os mais graves, com a performance pesada em um lugar mediano para leve e todo o resto algo bem leviano que pode ser consertado em atualizações. Entretanto, esses problemas tiram um pouco do brilho da experiência.

Vale a pena?

Para quem não jogou God of War até hoje, a experiência é essencial para qualquer um com interesse, já que, pessoalmente, trata-se de um dos melhores games da geração passada com uma nota 100 muito sólida. Eu mesmo platinei o game no PS4 e pretendo jogar tudo de novo no PC puramente pela diversão e aquecimento do vindouro God of War Ragnarok.

O game é realmente um bom port de PC, com ótima customização e opções que vão além do console, além de oferecer bons comandos no teclado e mouse e suporte para diferentes tipos de controle. Todavia, ele não passa batido de algumas falhas, algumas quase imperceptíveis e outras claramente notáveis. Eu realmente queria ver algo mais avançado do que apenas sombras melhores e não ver algo tão pesado de rodar, algo que o DLSS ajuda demais.

Contudo, a Sony eventualmente coloca boa qualidade até nos piores ports para PC, vide Horizon Zero Dawn, que foi lançado com diversos problemas e hoje se encontra perfeitamente jogável em diversas máquinas. E, se God of War já está bom antes do lançamento, certamente os defeitos mais críticos e chatos devem ser corrigidos em breve. De uma forma ou de outra, essa é uma experiência que nenhum jogador deveria passar batido.

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