Jogos de esportes radicais têm um espacinho confortável em nosso saudosismo porque se remetem aos bons tempos de Master System, Mega Drive e Super Nintendo, divagando pelas eras de 8 bits a 64 bits, quando tínhamos inúmeros jogos nessa pegada, sempre com uma proposta arcade por trás. Ligar e sair jogando sem longas explicações na tela é, definitivamente, algo do passado.
Riders Republic nasceu exatamente com esta premissa: ser um show de atrações em um mundo aberto com total liberdade, sem firulas e enrolação, oferecendo um colossal parque de diversões ao jogador. Para isso, apresenta um mapa imenso, que permite viajar a qualquer lugar quando o gamer bem entender, por meio do transporte disponível (e a parte mais legal está na mistura dessa "salada de frutas").
Em uma junção de The Crew e Steep, Riders Republic tenta corrigir alguns erros que a Ubisoft cometeu no gênero no passado e busca um equilíbrio da fórmula em um descontraído ambiente online. Como todo produto novo, erros e acertos entram no saldo ao final do dia. Veja a seguir.
Confira nossa videoanálise.
Um mundo de carreiras
Riders Republic é basicamente um MMO de esportes radicais separado nas modalidades snowboard, bicicleta, esqui, jetpack e planagem — citando apenas os principais. Cada estilo tem a própria carreira para que o jogador possa se concentrar nas diferentes categorias.
Portanto, a progressão é individual, o que ajuda a separar os focos que o jogador precisa dar a cada variante no ritmo que preferir. A Ubisoft deixou tudo bem organizado para que o conjunto de atividades não fosse confuso. Deve-se estar online para jogar, naturalmente, mas não é preciso interagir com ninguém se não quiser, para progredir também não.
O título do jogo literalmente revela seu significado: o jogador é um atleta da república dos esportistas, hub apresentado em formato de reality show, com duas câmeras filmando os entrevistados que dão depoimentos sobre os perrengues e o expediente da equipe situada nesse espaço, sempre com uma enorme dose de bom humor, refletindo o espírito descontraído e californiano que o jogo se propõe a ter.
-Fonte: TecMundo/Voxel
Jogos de verão...
Desoprimido, Riders Republic busca, a todo momento, transmitir leveza ao jogador: não há uma narrativa para o gamer seguir ou a necessidade de prestar atenção nos diálogos, tampouco há uma quantidade cansativa de tutoriais ou explicações prolongadas na tela.
Trata-se de um rótulo 100% arcade para você ligar e sair jogando, bem aos moldes dos clássicos de esportes das eras de 8 a 64 bits, como já mencionei, em que a diversão residia puramente na gameplay e representa o primeiro pilar da experiência.
A curva de aprendizado entrega um sentimento de progressão satisfatório ao jogador, que rapidamente identifica sua modalidade favorita e pode focar só nela se quiser.
Por falar em jogabilidade, temos uma boa mistura de tudo que funcionou em The Crew e Steep, só que mais refinado ou “descambado”, no melhor de todos os sentidos. Sob a ótica do desenvolvimento e da concepção de um jogo, é preciso ter claro o objetivo de não se levar a sério, e Riders Republic cumpre o princípio com sagacidade.
-Fonte: TecMundo/Voxel
A carreira começa na modalidade bike downhill, com corridas de bicicleta mescladas a manobras e, depois, o jogador abre as categorias de snowboard, wingsuit e wingsuit a jato, que são, respectivamente, planagem e jetpack usando o gancho deixado por The Crew 2, que também trouxe um forte viés aos veículos aéreos.
Os controles podem ser simples ou complexos, se o gamer preferir pontuar em rankings altos, por exemplo, requer um tempo de prática para dominar manobras, mas a curva de aprendizado tem ótimo ritmo e proporciona um sentimento satisfatório ao jogador.
Com o tempo, o player encontra sua modalidade favorita e pode concentrar esforços só nela. A nossa, por exemplo, é a carreira aérea, que remonta aos velhos tempos de Star Fox, Pilotwings e afins; então, é necessário calcular com mais frieza as curvas e sem se afobar.
Galeria 1
Falhas ubisoftianas
Ao mesmo tempo que tenta corrigir as falhas de Steep, o Riders Republic comete seus erros: o eixo vertical, configurado como invertido, pode ser teimoso – quando você está no jetpack, por exemplo, ele funciona, porém, ao abrir o paraquedas, o eixo se desinverte sozinho, confundindo a cabeça do jogador.
Além disso, bugs tradicionais de mundos abertos dão "o ar de sua graça" para que não nos esqueçamos de que existem, especialmente porque há uma batelada de jogadores online se esbarrando a todo momento, já que se trata de um MMO. Ficar preso nem ma árvore, por exemplo, pode ser algo mais frequente do que o jogador imagina.
Durante o período de jogatina, outro problema foi a quantidade de travamentos que o jogo apresentou, ao menos na nossa experiência no PS5. O game “crashou” muitas vezes, isto é, foi encerrado abruptamente e nos jogou de volta para a interface do console. Momentos como esse nos fazem verbalizar impropérios inimagináveis na frente da televisão.
-Fonte: TecMundo/Voxel
Viajar a um toque
Fora os problemas supracitados, o mundo aberto tem o próprio charme e abriga vários pontos de interesse que liberam novas atividades, em regiões que escondem relíquias, balões e outros segredos. A exploração, portanto, é uma importante vertente de Riders Republic, intercalada como "refresco" para você respirar entre as modalidades esportivas.
Algumas corridas em regiões montanhosas são dignas o suficiente para provocar uma falsa sensação de frio na barriga, colocando os jogadores perto de desfiladeiros ou em pontes duvidosas.
A praticidade é maravilhosa: é possível fazer viagem rápida para qualquer lugar do mapa de forma instantânea, sem burocracia e telas de loading, em uma otimização que usa e abusa dos SSDs da nova geração.
-Fonte: TecMundo/Voxel
Veredito
Riders Republic faz o gamer se sentir o Homem de Ferro enquanto voa pelos céus (ou um char de Anthem, se preferir), um profissional de bike downhill e um entusiasta de snowboard ou esqui, no melhor estilo Cool Boarders e SSX Tricky, só para citar algumas inspirações e memórias que fazem do jogo da Ubisoft um produto de ótima escolha a quem busca diversão imediata, não seriedade.
A injeção de adrenalina pode ter efeito rápido ou duradouro, a depender do jogador, mas a Ubi ainda precisa trabalhar em atualizações para amenizar os bugs e eliminar esses congelamentos que estão comprometendo a experiência para algumas pessoas. Por se tratar de um MMO, há um trabalho de longo prazo a ser feito em prol do equilíbrio, inclusive com relação à estabilidade dos servidores, que ainda não é a ideal.
-Fonte: TecMundo/Voxel
No entanto, Riders Republic acerta mais do que erra, especialmente pelo robusto sistema de progressão, que separa as categorias esportivas em carreiras individuais, e pelo bom trabalho na física dos bonecos e dos veículos, isto é, na gameplay propriamente dito, uma vez que esportes radicais podem ser um terreno pantanoso nesse sentido.
Pegue seu ingresso de entrada para esse parque de diversões ciente de que algumas atrações ainda precisam de ajustes, mas, enquanto isso não acontece, aproveite a vista deslumbrante.
Nota Voxel: 79
Pontos positivos
- Diversão descompromissada.
- Progressão robusta em carreiras separadas para cada modalidade esportiva.
- Gameplay simples.
- Mapa bem construído.
Pontos negativos:
- Bugs ubisoftianos no mundo aberto.
- Travamentos que fecham o jogo abruptamente ocorrem com boa frequência e precisam ser resolvidos em atualizações junto dos demais problemas
- Quedas ocasionais de servidores e outras questões de MMO que a Ubi deve endereçar no longo prazo
Riders Republic afasta aquele monte de tutoriais prolongados em prol de muita diversão. Nesse sentido, o jogo acerta mais do que erra, embora não consiga se blindar de todos os seus problemas.
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