Jogos de zumbis nunca saíram de moda. A sensação de destruir hordas de seres que vivem no limbo entre a vida e a morte, que têm como único objetivo matar e se alimentar daqueles que já lhe foram semelhantes, é simplesmente prazerosa, principalmente quando podemos dividi-la com amigos. Esse foi o principal acerto da franquia Left 4 Dead, que dominou a Steam no final dos anos 2000.
Desde então, diversas desenvolvedoras tentaram replicar a fórmula criada pela Turtle Rock, que inclusive repetiu recentemente com Back 4 Blood. Uma delas foi a Saber Interactive que, em 2019, lançou World War Z, trazendo a franquia de livros e de filmes para os video games.
Ele foi recebido de forma morna pelos analistas e pelo público, mas apresentou um resultado bem sólido a ponto da Saber não largar o osso e continuar trabalhando no game. Com isso, chegamos a 2021, ano que foi lançado World War Z: Aftermath, que é um relançamento do título de 2 anos antes, trazendo todo o conteúdo presente em sua versão GOTY, além de novos conteúdos e mudanças na gameplay. Se o resultado agradou ou não, vocês descobrirão na análise a seguir.
De saltar os olhos (não literalmente)
Se tem algo pelo qual World War Z é conhecida são suas hordas absolutamente gigantes de zumbis. No filme estrelado pelo galã Brad Pitt, é bem comum vermos paredes de mortos-vivos subindo, o que passa a sensação de que nenhum lugar é seguro. É incrível ver o que a Saber Interactive conseguiu fazer, principalmente quando levamos em conta que o game está disponível para PS4, Xbox One e até mesmo o Nintendo Switch, consoles com potência limitada.
Centenas de inimigos preenchem a tela, vindo de todas as direções possíveis com um único objetivo: acabar com os jogadores. Mesmo que eles não ajam de forma ordenada, é supercomum ver eles subindo estruturas aos montes, formando paredes de carne podre que devem ser estouradas antes que seja tarde demais.
Multidão de zumbis acabando com tudo no caminho.Fonte: Francesco Casagrande/Voxel
Ainda assim, isso tudo não vem sem um preço, já que quedas de quadros são relativamente constantes, há diversos serrilhados nas bordas de objetos e a resolução não parece das mais altas (pelo menos no PS4 base, plataforma que joguei). Inclusive, essa queda de quadro é ainda mais abrupta quando um indivíduo é atacado por um grupo de ratos, o que parece sobrecarregar a capacidade de processamento do video game.
Quem é menos rigoroso na questão de performance ou joga em um hardware mais potente, seja um PC, seja um console premium, provavelmente vai relevar essas questões com a maior facilidade, enquanto outros vão ficar com uma "pulga atrás da orelha" o tempo todo.
Incômodos complicados de superar
Agora, há 2 questões que afetarão todos os tipos de jogador. A primeira é um delay para um tiro ser registrado. Toda vez que uma bala é atirada contra um adversário, demora quase 1 segundo para que a animação e o dano sejam computados, o que incomoda bastante principalmente em partes com menos zumbis na tela, quando tal problema é mais perceptível. O curioso é que isso só ocorre em partidas online e quando um indicador de baixa conexão aparece na tela. O problema é que eu joguei com meu irmão na mesma casa, separados por 2 quartos e ambos com a internet cabeada.
O outro é um carregamento extremamente lento. Seja para entrar em um grupo, iniciar uma partida, seja para abrir o jogo, é mais de 1 minuto de espera que parece uma eternidade. Cada um dos 7 capítulos disponíveis é dividido em 3 ou 4 partes e, sempre que uma delas é finalizada, os jogadores são mandados de volta para o lobby, onde terão que esperar mais 1 minuto bem longo para iniciar a próxima jogatina.
O tempo de carregamento de uma fase dura quase 2 minutos mesmo jogando offline.Fonte: Francesco Casagrande/Voxel
Opções, diferenças e bala na agulha
Antes de embarcar na aventura seguinte, é possível escolher qual é o personagem e qual classe usar, além de escolher quais são as armas que estarão disponíveis. A parte de personagem é puramente estética, com 4 diferentes disponíveis em cada capítulo. Já a classe define suas habilidades e seus equipamentos iniciais. Enquanto alguns me pareceram inúteis, a de médico é essencial por dar vantagens tanto para o próprio jogador quanto para aqueles que forem curados por ele. Por fim, o host da sala pode escolher quais são as versões de armas específicas que vão estar disponíveis, podendo colocar uma metralhadora com mira ou um pente estendido, por exemplo. Não é uma grande funcionalidade, mas ainda assim é interessante por beneficiar todo o grupo.
Uma das principais adições dessa versão é o modo em primeira pessoa que pode ser escolhido no menu principal. Mesmo eu preferindo a visão original do game, essa nova é tão divertida quanto a outra, não apresentando problemas de performance nem estranheza na movimentação, essa última principalmente porque pulos e ataques corpo a corpo são executados em terceira pessoa.
A visão em primeira pessoa é basicamente tão agradável quanto a em terceira pessoa.Fonte: Francesco Casagrande/Voxel
Falando de novidades e corpo a corpo, o combate melee sofreu uma repaginação. O resultado é uma ótima alternativa para momentos de “cerco fechado”, principalmente pelo alcance dos ataques e de sua força, que eu considerei um pouco forte demais. No fácil, ela é tão eficiente quanto armas de fogo e, por conta de um sistema de estamina quase inefetivo, é possível esmurrar os zumbis sem parar.
A dificuldade é baseada em dano, aliados, itens iniciais, bem como força e tamanho das hordas adversárias. Grande parte da minha jogatina foi feita no nível mais fácil, pois, mesmo que os aliados sejam bem inteligentes quando a questão é eliminar os mortos-vivos, eles não se curam, ficando a cargo dos humanos cuidarem de seus ferimentos, o que não é fácil — já que os suprimentos são limitados.
Em uma das poucas vezes que coloquei no médio, fui massacrado pela 1ª horda que correu em minha direção após meus 3 aliados robóticos serem esmagados. E o próprio jogo recomenda que os players usem classes de nível 5 para sair da 1ª dificuldade. Dando meus 2 centavos sobre o assunto, eu ainda recomendaria que a party contasse com pelo menos 3 jogadores humanos dos 4 disponíveis para que a situação fique menos complicada.
Não tem para onde fugir nem ninguém que te salve.Fonte: Francesco Casagrande/Voxel
Corpos mortos e risadas com amigos
Mesmo com todas as críticas feitas até aqui, devo dizer que World War Z: Aftermath é um jogo divertido, principalmente se o objetivo é passar um tempo com amigos conversando e matando alguns monstros. A construção repetitiva das fases de “avança-protege-avança-protege” fica menos monótona quando se está debatendo sobre a vida, o universo e tudo mais.
Nenhuma preocupação, só uma legião de zumbis para ser morta.Fonte: Francesco Casagrande/Voxel
Jogar sozinho acaba sendo uma experiência um pouco menos divertida, mas que pode ser aproveitada se ouvir um podcast simultaneamente ou ouvindo aquele novo álbum que você ainda não deu o play. Isso quer dizer que a história é fraca? Sim, mas o foco do game realmente é a jogabilidade cooperativa.
E, caso as mais de 20 missões, que totalizam aproximadamente 12 horas de conteúdo, não forem o suficiente, ainda há um modo "horda", um desafio e até um multiplayer competitivo, o que ainda rende um bom tempo de conteúdo para os interessados.
Juntos eliminando mortos-vivos ao final de um dia cansativo de trabalho.Fonte: Francesco Casagrande/Voxel
Vale a pena?
Caso sua trupe esteja procurando uma aventura divertida e descompromissada em que o principal objetivo é atirar em tudo o que se move e parece não ter vida, World War Z: Aftermath é uma ótima pedida — principalmente se vocês conseguirem relevar pequenos problemas técnicos. Com 3 novos capítulos, melhorias na gameplay e novos personagens, ele tem 1 a mais quando comparado com o título original. No PC, os requisitos mínimos são modestos e o preço aceitável, mas nos consoles a situação é diferente, com as lojas vendendo-o acima dos R$ 170.
World War Z: Aftermatch é para quem quer uma diversão descompromissada com amigos
Nota Voxel: 74
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