Para aqueles poucos que tiveram um Wii U aqui no Brasil (e eu me incluo), esse console foi o menos popular da Nintendo e a casa de jogos fantásticos que não teve o merecido destaque. Entre eles, houve o lançamento do Mario 3D que quebrou um pouco a hegemonia dos famosos “Marios de exploração”, voltando mais às fases divertidas e criativas, além de ter foco no estilo arcade.
Super Mario 3D World é uma gema que estava, até agora, presa em um video game que teve pouca adesão, mas ganha nova vida nos holofotes do Switch e com novidades: a possibilidade de jogar à distância por meio do online e o DLC Bowser’s Fury, que traz uma nova perspectiva nas mecânicas do jogo-base. Portanto, confira a análise completa de Mario 3D World + Bowser's Fury abaixo!
Diversão a rodo para todos
O pilar de Mario 3D Worlds é a diversão: a mais pura e simples alegria de ter níveis bem-construídos, cheios de elementos criativos que nos cativam e com a coleta de todas as estrelas e carimbos, não por ser obrigatório ou algo do tipo, mas porque parece um desperdício não aproveitar cada cantinho do level com um design espetacular.
Esse Mario 3D é realmente fora da curva e deixa de lado a exploração e o colecionismo exacerbado, como em Mario Odyssey ou Mario Galaxy. Aqui, é quase como se os jogos clássicos adotassem a perspectiva tridimensional, mas com um "tempero" extra à mistura: o multiplayer de até quatro pessoas.
Em outras palavras, é como New Super Mario Wii abandonasse a perspectiva 2.5D e apostasse em ideias ainda mais criativas. Como se pode esperar de um clássico jogo da Nintendo, os níveis são individualmente únicos e cheios de ideias diversificadas, as quais, por mais que se repitam aqui ou ali, trazem sempre uma abordagem diferente para nos manter entretidos do começo ao fim.
Que tal telas que usam sombras e jogos de luz para superar os desafios? Ou em outras fases em que precisamos nadar para pegar o máximo de colecionáveis possível enquanto usamos nossos reflexos? Ou, claro, como não mencionar o poder de se transformar em um gatinho e ter poderes novos na série que abrem um novo leque de possibilidades e segredos?
Ok, acho que ficou bem claro que Mario 3D World é muito divertido, não é mesmo? Há espaço para todos os tipos de desafio imagináveis, além dos minigames de Captain Toad, que até ganhou o próprio jogo posteriormente, existe mais espaço para falar das qualidades do game, pois tudo isso se aplica somente ao single player.
Toda a aventura de Mario 3D World pode ser compartilhada com mais 3 amigos, totalizando um multiplayer de até 4 pessoas. Jogar dessa forma pode ser simplesmente caótico e cheio de risadas sem ter como objetivo nada além de terminar o nível ou simplesmente tentar competir de uma forma esquisita e desafiadora.
Não se engane: há muitos desafios nesse jogo
Começar Mario 3D World pode passar a impressão errada para marinheiros de primeira viagem, já que ele parece mais “bobo” e simples do que realmente é. E, de fato, os primeiros níveis podem ser mais fáceis (com exceção para os colecionistas que pegarem todas as estrelas e adesivos), mas não se engane: a dificuldade progressiva é realmente muito boa.
Os níveis posteriores trazem mecânicas realmente desafiadoras, e pode apostar que para pegar todas as estrelas é necessário bastante habilidade e perseverança (ainda mais com o tempo diminuindo, uma mecânica bem arcade do jogo). Além de balancear bem a frustração e o desafio na maior parte do tempo – mas não sempre –, há bastante espaço para o fator replay aqui, ainda mais quando jogado com amigos.
Por falar no multiplayer, não se engane: ter mais de um jogador na equação adiciona mais dificuldade, apesar de não ser o senso comum em títulos da franquia. É muito mais difícil se orientar com a câmera do jogo com quatro pessoas realizando atividades distintas, logo, é preciso muita coordenação e sinergia para superar os desafios.
Um pouco mais datado do que parece (mas ainda vale a pena)
Quando Mario 3D World foi lançado no Wii U, ele rapidamente se tornou um daqueles jogos que balançou muitos a comprar o console para se divertir com os amigos. Contudo, vale ressaltar que esse lançamento foi há mais de 7 anos e, desde então, novos padrões de gameplay chegaram e outros já não são tão bem-vistos, afinal, estamos falando de mais de uma geração de diferença.
Sem sombras de dúvidas, Mario 3D World é um excelente game, mas nem tudo envelheceu tão bem. A câmera, que pode ser rotacionada em pouquíssimas direções e em raríssimas ocasiões, não favorece tanto alguns níveis quanto poderia, principalmente em algumas lutas contra chefões.
Além disso, a parte multiplayer pode ser caótica até demais, já que mistura tanto cooperação quanto competição e, dependendo com quem o gamer joga, há mais frustrações do que diversão. Há outros pontos negativos, mas falaremos em breve.
Bowser’s Fury é um DLC curto, mas que agrega muito ao valor do game
Um dos aspectos mais interessantes do pacote de Mario 3D World no Switch é o DLC Bowser’s Fury, que, apesar de manter muitas mecânicas do game original, traz uma mudança na fórmula que mais parece uma mistura de Mario 2D com Mario Odyssey, com um “mundo aberto” a ser explorado e desafios mais conectados em vez de fases individuais.
A combinação é interessante e tem seus pontos altos, fugindo da temática do jogo-base. É preciso coletar sois felinos para liberar novas partes da ilha em que Bowser perdeu o controle e está aterrorizando o lugar e, por fim, lutar contra o vilão no maior estilo à batalha de kaijus de Godzilla.
A pincelada criativa aqui é que, a cada tempo determinado, Bowser invade a ilha e invoca uma tempestade, lançando novos blocos para escalar com mais facilidades algumas áreas, mas também bolas de fogo e rajadas poderosas que podem atrapalhar o avanço (ou abrir áreas secretas).
A fórmula é interessante e tem seus pontos altos, mas as lutas contra Bowser são repetitivas, e o DLC é bem curtinho, durando cerca de 3 horas para completar e algumas outras para fazer 100%. É uma ótima adição, sem dúvidas, mas não é algo essencial para quem já jogou o game no Wii U.
Em termos de “remaster”, Mario 3D World é mais um port melhorado
Quando o assunto são jogos de Wii U no Nintendo Switch, nem sempre o resultado definitivo é algo que podemos chamar de um remaster, já que em termos de poder de fogo bruto o portátil híbrido da Big N não é extremamente mais poderoso do que o último console de mesa. Como se pode imaginar, há poucas mudanças visuais dignas de serem notadas por aqui.
Há um leve aumento de resolução em Mario 3D World, passando de 720 p para o que parece ser 1080 p dinâmico, mas há outros elementos visuais que não favorecem a apresentação, como uma possível reconstrução de pixels e bugs visuais pequenos. Sim, a imagem é melhor do que no Wii U, mas não universalmente melhor, como vimos em outros jogos, como Mario Kart 8 Deluxe.
A parte boa é que a experiência fluida em 60 FPS, ideal para jogos da franquia que requerem precisão nos movimentos, é mantida em 3D World. Em Bowser’s Fury, claramente a resolução é menor, possivelmente 720 p, e há pequenas perdas de performance quando a tempestade chega, mas nada que atrapalhe a experiência. Curiosamente, o DLC roda em 30 FPS no modo portátil, que também tem alguns problemas de frame pacing.
Se analisarmos o modo foto da expansão, é possível ver uma qualidade muito maior, com melhorias significativas de resolução, sombras, iluminação e distância de renderização. Contudo, o hardware do Switch não consegue lidar com todos os efeitos gráficos de uma só vez, e o resultado é uma performance bem ruim. Porém, é interessante notar de qualquer forma.
Na parte de jogabilidade, não há muito o que falar, mas há uma mudança necessária: quando jogado no modo dock, Mario 3D World troca o touchscreen do Gamepad do Wii U pelo acelerômetro e o botão R — não é o ideal e parte dos segredos dos níveis são tão facilmente acessíveis, mas pelo menos funciona.
Por fim, mas não menos importante, o relançamento do jogo apresenta uma funcionalidade que é simplesmente essencial em 2021: um modo multiplayer online. Antes, existia apenas a jogatina compartilhada de sofá. Não é nada incrível, já que a Nintendo não costuma ter a melhor infraestrutura online, mas dá para jogar. Entretanto, não estranhe ver engasgos na conexão, mesmo com pessoas que moram na mesma cidade.
Vale a pena?
Certamente, o relançamento de Mario 3D World + Bowser’s Fury agrega um pacote muito bom para pessoas que passaram batido pelo game na época de seu lançamento no Wii U. O DLC pode não ser o mais longo já visto por aí nem o mais inovador, mas o combo da expansão mais um jogo-base bem-divertido é uma oferta tentadora para quem vai ver tudo de forma inédita.
Para aqueles que já aproveitaram tudo que o game tinha a oferecer no Wii U, é difícil recomendar comprá-lo novamente, já que o DLC é curto e o online não é tão robusto a ponto de justificar uma nova compra. Entretanto, considerando o pacote recheado de diversão, talvez até para quem já explorou o game de cabo a rabo ainda tenha muito valor por aqui.
Mario 3D World + Bowser's Fury foi gentilmente cedido pela Nintendo para a realização desta análise.
Mario 3D World + Bowser’s Fury é uma ótima pedida para jogadores que não tiveram um Wii U e um excelente game para a biblioteca do Switch.
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