A pequena desenvolvedora independente Clever Beans, que já tinha mostrado o seu valor ao ajudar na produção da Wipeout Omega Collection, está pronta para alçar voos maiores no seu primeiro grande projeto, o jogo Gods Will Fall! Essa é a sua aposta mais corajosa até agora, e a assessoria brasileira da produtora Deep Silver gentilmente nos convidou a dar uma olhadinha no jogo em uma apresentação via Discord.
Com lançamento marcado para o dia 29 de janeiro de 2021, o roguelike Gods Will Fall terá versões no PC (via Steam e Epic Games Store), Nintendo Switch, PlayStation 4 e Xbox One, sendo que a ideia é torná-lo jogável também nos novos PS5 e Xbox Series X|s. Ainda assim, não espere por um visual de ponta, já que ele claramente é um jogo de orçamento modesto feito por uma pequena equipe.
Roguelike com tempero celta
Graças à sua forte inspiração na mitologia e cultura celta, o jogo consegue construir uma forte identidade visual apesar de seus gráficos mais humildes. Ainda que a sua apresentação remeta a um jogo indie do começo da geração passada, o design dos monstros, criaturas e ambiente compensa bem isso, já que eles vibram com muitas cores e elementos que se destacam bastante.
Gods Will Fall é um roguelike com múltiplos protagonistasFonte: Deep Silver
Porém, isso implica em outras limitações: como o mundo foi todo desenhado à mão, esse é um roguelike que não altera drasticamente o seu mapa a cada partida. Pelo contrário, você sempre encontrará as 10 dungeons principais nos mesmos lugares, e a principal variável fica apenas ao seu critério, já que você mesmo deve escolher em qual ordem superar os desafios!
Em Gods Will Fall, o jogador assume o controle de um grupo de oito sobreviventes de um naufrágio e, como encrenca pouca é bobagem, logo que chegam em terra firme eles descobrem que precisam encarar os tais 10 deuses que dão nome ao jogo. A ideia dos desenvolvedores não é contar uma única história, mas sim que diferentes jogadores compartilhem as suas próprias histórias entre si através de suas tomadas de decisão, sucessos e fracassos.
Essa parece uma meta um pouco ousada para um jogo tão simples, que no máximo apresenta um raso sistema de interações entre os heróis. Os oito sobreviventes formam e desenvolvem vínculos entre si conforme você supera as fases, e alguns deles podem se aproximar mais, ou mesmo guardar rancor dos outros dependendo do desenrolar das conversas. A parte mais atraente do gameplay é que quanto mais inimigos você matar ao longo das fases, mais fraco o chefão final fica, então você sempre fica calculando o custo-benefício de entrar em muitas lutas.
Guerreiros em ação!
Para vencer, é preciso ter paciência e ir aprendendo a tomar as melhores decisões no gerenciamento de seus guerreiros. Cada um dos deuses possui o seu próprio nível, lacaios e poderes, com dificuldade sempre variável. Para superá-los, há vários kits de armas diferentes para dominar: os protagonistas podem jogar com espadas e lanças, além de machados ou maças de uma ou duas mãos.
Os guerreiros podem pegar novos itens e armas e então distribuí-los entre os outros companheiros do clã, já que todos eles estão aptos a aprender novas habilidades. Caso um sobrevivente tombe em combate em uma dungeon, você pode tentar resgatá-lo prontamente ou deixar para fazer isso quando se sentir mais forte e melhor equipado.
A expectativa dos desenvolvedores é que seja preciso fazer várias tentativas até finalmente conseguir zerar o jogo, e o fator replay gira ao redor apenas de descobrir a melhor ordem de dungeons e equipamentos para manter seus sobreviventes incólumes até o fim. Parece muito pouco para um gênero que recentemente viu o lançamento do aclamado Hades, que contava com um rico sistema de narrativa e jogabilidade cada vez mais recompensadora a cada tentativa.
Em Gods Will Fall o seu clã sempre varia, com mulheres, homens e diferentes estruturas de corpo e perícia com armas para você dominar. Na demonstração hands-off que assistimos pudemos ver quatro seções do jogo: a Tutorial Cave, Bone & Sinew Real (lar do Deus Osseus), War Realm (Deus Morrigan) e Wicker Realm (Deus Belenos). As lutas contra chefões pareceram divertidas e instigantes, mas o caminho até lá pendia mais para o genérico.
Para quem é muito fã de roguelike, talvez valha a pena dar uma chance ao jogo quando ele for lançado já no comecinho de 2021, mas a recomendação é complicada para os demais, já que o título parece medíocre na maioria de seus elementos, desde as lutas até o layout das fases. Fica a torcida para que Gods Will Fall se saia melhor hands on do que em hands off. O que você achou do jogo? Comente a seguir!