Fico imaginando a dificuldade de um desenvolvedor que resolve criar um jogo sozinho. Cuidar da arte, trilha sonora, game design, mecânicas, entre outros pontos. Penso que é uma tarefa para gênios e sabemos que eles são raros. Ao longo dos anos tivemos diversos casos de sucesso. Como esquecer do grande River Raid, feito pela Carol Shaw, para o Atari? E Spelunky, criado por Derek Yu e Stardew Valley, que esteve à cargo de Eric Barone?
The Falconeer segue a mesma premissa destes títulos. Ele foi feito inteiramente por uma pessoa, chamado Tomas Sala. Residente dos Países Baixos, o artista independente ficou muito conhecido depois que fez o mod Moonpath to Elsweyr, para Skyrim. As modificações melhoraram em muito as paisagens do jogo com texturas em 2K.
Voar e voar
No game, você comanda um falcão, que terá diversos objetivos para serem feitos. Todos eles estão divididos em missões principais e secundárias. Na principal, que serve para prosseguir ao longo da história, você deve destruir inimigos, proteger locais e até mesmo fazer entregas. Em certas ocasiões terá até que salvar outras aves de situações complicadas.
Já, nas quests secundárias, você arrecada dinheiro para deixar sua ave melhor preparada para as aventuras e desafios. Entre os elementos passíveis de compra, temos documentos que liberam a entrada em algumas regiões, além de upgrades e perks para incrementar a habilidade do falcão. É possível deixá-la mais rápida, com mais força e até mesmo com diversas munições para enfrentar os inimigos.
Visual
Um dos grandes pontos positivos do jogo é a sua arte. Não poderia ser diferente, já que esta é uma das grandes expertises de Sala. O game é lindo por inteiro, desde a concepção dos falcões, até mesmo o cenário, com nuvens e mares estonteantes. É interessante termos em mente que o título foge da premissa de jogos super realistas. The Falconeer busca uma identidade artística e Sala acertou em cheio.
Vale destacar a mudança de clima, os ventos que sopram no meio do oceano até os personagens, que por mais que não sejam imersivos e te faça morrer de amor por eles, possuem um carisma único. Os efeitos visuais estão maravilhosos, assim como os inimigos, geralmente retratados por máquinas de guerra únicas e dragões.
Em certos momentos dá vontade de deixar tudo de lado, como objetivos e história e curtir tudo o apresentado. Ficar passeando pelo gigantesco mapa é prazeroso e reconfortante. É praticamente uma sessão de meditação.
Dogfight de primeira
Outro ponto positivo de The Falconeer é a sua jogabilidade. Devido a excelente otimização, que permite jogar tranquilamente em 60 fps em 4k, os controles são responsivos e fazem você se sentir um verdadeiro falcão. Este ponto é fundamental, já que um dos motivos do jogo existir é devido ao combate aéreo.
As dogfights são sensacionais e, munido de uma trilha sonora empolgante e cativante, te fazem se sentir em casa. Eu sempre gostei de combates aéreos e The Falconeer cumpre com êxito esta característica. Ele vai agradar tanto os jogadores mais casuais quanto os mais hardocres.
Duas cabeças pensam melhor do que uma
A história de The Falconeer é totalmente dispensável. Por mais que Sala tenha facilidade em implementar a arte gráfica, aqui vem a grande dificuldade de se criar um game sozinho. Diversas lacunas acabam aparecendo e uma delas é o enredo.
The Great Ursee é o pano de fundo da história. Nele, você encontra um vasto arquipélago controlado por diversas facções, que lutam entre si para dominar o maior número possível de ilhas. Sua missão é balancear tudo o que acontece, ajudando todos que precisarem de você.
O jogo não cativa e não te prende. Mas isto não se deve a apenas a história, que é fraca, mas também ao game design que não permite você se apegar as aves e aos seus controladores. Em cada missão é possível escolher uma delas, com características diferentes. Pode ser uma focada no ataque ou então uma mais equilibrada, com quesitos defensivos.
O game traz diversos inimigos, como dirigíveis, falcões gigantes, dragões e minas aéreas aos montes. À sua disposição estarão as nuvens carregadas de eletricidade, que ajudarão a recuperar a munição.
Chama atenção também todo o universo que cerca o jogo. O mapa é enorme e te encanta logo de cara, mas quando você percebe que há pouco a ser feito, isto te tira o prazer de jogar. Você voa, voa, voa e não encontra absolutamente nada para fazer.
Vale a pena?
The Falconeer possui acertos, mas muito erros. Sabemos que um jogo não é feito apenas de artes bonitas, visuais maravilhosos e uma jogabilidade precisa. É necessário uma alma, uma identidade, que é impossível de ser encontrada no game. Falta algo nele. Talvez uma história mais fundamentada ou, até mesmo uma sequência maior entre os personagens, para que um pouco da imersão ocorra na aventura.
The Falconeer foi gentilmente cedido pela Wired Productions para a realização desta análise.
Se duas cabeças pensam melhor que uma, The Falconeer é a resposta na prática para este ditado
Categorias