Um dos diretores de cinema de que mais gostamos é Francis Ford Coppola, por tudo o que ele fez em O Poderoso Chefão. Quem gosta de filmes dificilmente deixou de ser impactado pelo mundo criado pelo estadunidense, sempre muito bem detalhado.
No mundo dos games, Mafia é um representante de peso, mas faltava um jogo que incluísse gerenciamento e combate por turnos com maestria. Uma dessas tentativas foi Omerta — City of Gangsters, lançado em 2013. Desenvolvido pela Haemimont Games, o título cativou os amantes do gênero, por mais que tenha deixado algumas lacunas.
Quando Empire of Sin foi anunciado, tendo por trás a empresa de Brenda Romero e o crivo da Paradox Interactive, arregalamos os olhos e imaginamos: finalmente teríamos um jogo que abordaria de forma completa o mundo das máfias.
Enredo
Empire of Sin é um jogo de gerenciamento e combate por turnos que tem como pano de fundo o mundo mafioso. Seu objetivo é comandar um dos grupos mais aterrorizantes da época e controlar o submundo do álcool, da jogatina e da violência.
O título traz para o mundo digital 14 personagens com características únicas. Os protagonistas têm habilidades distintas de chefe, bônus de diplomacia e de império. É possível escolher pessoas de diversas classes sociais e culturas, como senhores cheios da grana, mulheres encantadoras, irlandeses loucos para quebrar sua cara e até mesmo magnatas mexicanos e italianos.
Antes de iniciar sua caminhada é possível customizar toda a aventura e escolher entre seis níveis de dificuldade, o número de vizinhanças e o de facções inimigas. Você começa o jogo em um bairro com nomes famosos encontrados em filmes de mafiosos, como Little Italy e Chinatown.
Lei Seca
Atualmente, a Lei Seca é compreendida como um período em que é proibido beber, principalmente durante as eleições. Mas na década de 1920, nos Estados Unidos, a proibição foi tão pesada que muitos estabelecimentos funcionavam de forma irregular para saciar a sede da galera.
Se você está se perguntado por que estamos falando disso, é importante saber que a bebida alcoólica é a mola propulsora de seu império. Ela deixa os clientes felizes e bêbados e serve como moeda de troca entre as facções criminosas.
O sistema de gerenciamento é um dos grandes destaques do game. Com relação à bebida, é possível melhorar sua qualidade, aumentar seu armazenamento e até mesmo fazer uma boa propaganda dela.
Tiro para todo lado
Diferentemente de outros games da Paradox, a ação baseada em combater por turnos é simples de ser realizada e lembra muito o que já é visto em jogos do gênero. Em Empire of Sin, cada personagem tem dois pontos de ação que podem ser utilizados ou não. Certas habilidades custam dois pontos e alguns atributos podem dar mais pontos, como um relógio, por exemplo.
Cada personagem tem uma árvore de desenvolvimento que pode dar ações especiais para ele. As câmeras e as formas de andar e atirar lembram muito o visto em XCOM, mas com uma leve diferença: o cenário não acaba atrapalhando a visão e dá uma excelente imersão para o combate.
É interessante pensarmos que o confronto não é o foco principal de Empire of Sin. Isso não o torna menos importante, mas mostra que para o sucesso do império é necessário focar outros quesitos, como as diversas formas de gerenciamento.
Engrenagem criminosa
Mentes brilhantes também são usadas para o mal. Grandes criminosos da história souberam lidar com tudo o que os cercava; pensando nisso, Empire of Sin traz uma infinidade de gerenciamentos para que toda a aventura aconteça.
Como descrito, o objetivo é ser o mafioso do pedaço. Para isso, é necessário conquistar locais e transformá-los em verdadeiras máquinas de fazer e lavar dinheiro. Pode ser um hotel, um cassino, um bar… você toma um lugar e define o que fazer com ele, podendo destruí-lo ou apenas saqueá-lo.
Quando você mata todos os inimigos de um recinto invadido, pode escolher entre algumas recompensas no fim da missão: controlar o local, saquear, danificar ou destruir. Se você resolver transformá-lo em um ponto de negócios, prepare-se para gastar um bom dinheiro para melhorá-lo.
Você pode gerenciá-lo de quatro maneiras: cuidando da segurança (aumentando o número de guardas), lavando dinheiro, modificando o ambiente (o que aumenta o número de clientes e consequentemente o dinheiro arrecadado) e fazendo propaganda. Os upgrades levam dias para acontecer, mas você pode acelerar o trâmite investindo mais dinheiro.
Infelizmente, acabamos achando um bug nessa parte após umas 10 horas de jogo. Os upgrades estavam gratuitos, o que confessamos que estragou muito tudo o que tínhamos construído. Até reiniciamos o jogo para voltar a ter um grande desafio com outro personagem.
Para ajudar na aventura é necessário contratar capangas que aparecem nas ruas e nas lojas e que têm características distintas. Um dos itens importantes é verificar o relacionamento deles com outras máfias e criminosos, pois isso pode impactar diretamente o serviço. Se seus comparsas trabalharem juntos por muito tempo, podem se apaixonar, e isso pode influenciar diretamente a batalha por turnos.
Outra forma de adquirir criminosos é pelo mercado. Existe um específico para vender e comprar itens para a aventura, como armas especiais, granadas e recuperadores de saúde. A cada 90 dias ocorre um novo estoque dos itens, fazendo que tudo possa mudar de uma hora para outra.
Para o desenrolar da aventura, cada personagem tem um quartel general chamado de safehouse, no qual todas as ações são feitas. Caso você a perca, o jogo termina. Outra forma de perder no jogo é ter o personagem morto em um confronto.
Um ponto importante da safehouse é que se você perder todos os outros pontos de arrecadação de dinheiro ela pode funcionar como uma cervejaria, gerando um pouco de lucro.
Entendendo-se com os chefes
Outra interatividade muito importante no jogo é com os chefes de outras máfias. Não é necessário que você seja inimigo deles; é possível criar estratégias para melhorar seus negócios, utilizando as expertises dos outros mafiosos, e até mesmo propor situações distintas: pagar propina para a polícia, entrar em uma guerra conjunta contra outra máfia ou pagar para um jornalista falar bem de seus negócios.
Todo cuidado é pouco. É necessário estudar as estatísticas e entender a relação existente entre todos os criminosos para não acabar caindo em uma verdadeira cilada. O jogo se torna fácil pelo fato de mostrar tudo o que pode acontecer ao se relacionar com um chefe do crime ou um capanga. Seria legal se não soubéssemos o que existe entre eles, para que o fator surpresa aparecesse mais.
Imagens grosseiras
Os gráficos de Empire of Sin deixam muito a desejar, principalmente nas CGs. Em certos momentos, percebemos os traços grosseiros dos personagens. Por mais que a otimização seja excelente em 4K, existe pouca variação de inimigos.
Em contrapartida, o cenário ficou muito bonito, retratando bem a diferença do dia e da noite, com a excelente utilização da luminosidade, principalmente durante a chuva. Os locais são bem detalhados e diferentes, deixando de lado uma possível repetição em confrontos com inimigos.
A música consegue criar uma imersão no período da Lei Seca tanto nos momentos-chave, em que o tiroteio corre solto, quanto em uma breve caminhada pelo bairro. A famosa Era do Jazz foi muito bem representada em todo o game.
Vale a pena?
Empire of Sin traz diversas possibilidades de tramas ao longo da aventura. Se tiver isso como pensamento, prepare-se para se divertir muito com o game, que proporciona um fator replay maravilhoso. E se tratando da Paradox, prepare-se para uma enxurrada de DLCS.
Empire of Sin foi cedido gentilmente pela Romero Games para a realização desta análise.
Finalmente chegou a oportunidade de ser um gângster de verdade no mundo dos games