A série Dirt sempre teve como um de seus principais atrativos a possibilidade de tornar as corridas offroad e rally mais acessíveis do que os seus concorrentes diretos, com provas e controles mais simples. Dirt 5 honra a tradição da franquia e é, desde já, um dos jogos de corrida mais legais desta geração… e também do começo da próxima!
Afinal, o mais novo lançamento da Codemasters não brilha apenas nos PS4 e Xbox One velhos de guerra, mas também dá a largada para as corridas nos novos PlayStation 5 e Xbox Series X/S, além do PC, claro. Em nosso teste jogamos em um PS4 versão base e, mesmo lá, Dirt 5 já impressiona bastante com o seu visual, efeitos de iluminação e a terra, poeira e lama que são levantados pelos carros. Como avisamos em nosso teste do beta, seja você um estreante na série ou um fã das antigas, o jogo tem tudo para agradar.
Correndo com estilo
Bem experiente em jogos mais casuais e cheios de adrenalina como DriveClub, a desenvolvedora Codemasters Cheshire fez de Dirt 5 um jogo que transborda atitude, algo evidente desde os seus menus iniciais, com um layout todo descolado, até as premissas insanas de algumas de suas provas, passando pelas escolhas de boas músicas de rock para embalar as disputas. Dirt 5 é um game para botar o pé na tábua e subir o volume até o máximo!
Como parte dessa aposta em uma pegada mais descolada, você frequentemente vai esbarrar com um papo em estilo podcast embalando os menus do jogo. Foram gravadas dezenas de horas de diálogo que, surpreendentemente, não soam repetitivas em momento algum. E o maior atrativo aqui é que os astros dos games Troy Baker (o Joel, de The Last of Us) e Nolan North (o Nathan Drake de Uncharted) emprestam suas vozes aos principais personagens. Aliás, chegamos a entrevistar a dupla durante a divulgação do jogo.
Troy é AJ, um piloto veterano e boa praça que serve como seu mentor ao longo do modo carreira, enquanto Nolan é Bruno Durand, o principal rival de AJ nas corridas. Vale notar que, infelizmente, o jogo comete uma falha grave e não permite que você escolha o idioma das vozes através de seus menus internos, sendo necessário alterar o idioma do console para poder ouvir o trabalho dos dubladores originais.
Isso é bastante inconveniente, embora as vozes nacionais também façam um excelente trabalho, já que o carismático e extremamente competente dublador e diretor de dublagem Wendel Bezerra dubla o principal apresentador do podcast. Só é estranho que o jogo opte por pautar as conversas em eventos que acontecem fora das telas e longe de nossos olhos, o que impede o jogador de se importar demais com os personagens e o que acontece com eles.
Visual de tirar o fôlego
Conforme a nova geração de consoles se aproxima, estamos vendo cada vez mais títulos que oferecem a opção de curtir melhor desempenho gráfico ou uma taxa de quadros por segundo mais alta. Mesmo no PS4 base é possível optar entre visual e performance nos menus internos e, felizmente, Dirt 5 roda muito bem nos dois casos.
No modo com maior fidelidade visual, Dirt 5 figura facilmente entre os jogos mais bonitos da geração, com cenários extremamente detalhados, ricos em belezas naturais e ótima arquitetura, mas é realmente o chão que mais se destaca, com toda a poeira, pedras, poças, lama e sujeira ajudando a dar um tom de um verdadeiro desafio offroad.
As corridas passam por transições climáticas e de hora do dia em alta velocidade, o que chega a ser um pouco engraçado considerando que a maioria das disputas duram entre duas e cinco voltas apenas, o que comicamente é tempo o bastante para o dia virar noite ou um dia de sol se transformar na nevasca do século. Mas é fácil fazer vista grossa para essa licença poética quando essa decisão torna as corridas tão mais divertidas e imprevisíveis.
Grata variedade
Dirt 5 traz várias formas de correr já no seu modo principal, o carreira, e você dificilmente vai ficar entediado ou se sentindo jogando a mesma coisa por horas a fio mesmo em longas sessões de jogo. O modo carreira foi estruturado como uma espécie de árvore cheia de caminhos ramificados. Ao completar uma corrida, você libera o acesso aos eventos seguintes que, por sua vez, se ramificam em ainda mais corridas.
Isso já é legal por si só, já que você vai visitar diferentes traçados em variadas nações, da China à Itália, passando por circuitos no Brasil, inclusive com pistas na Floresta da Tijuca, um local ignorado pelos videogames até então. Além da fartura de opções geográficas, você passa pelos locais com diferentes abordagens também!
Há corridas mais tradicionais, eventos em que você precisa fazer escaladas e desbravar terrenos inóspitos, disputadas com muitas deslizadas pelo gelo, sprints de altíssima velocidade e até gincanas em parques para pontuar fazendo acrobacias e cumprindo desafios. Mesmo fora do modo carreira e arcade, se nada disso bastar, você também pode criar as suas próprias pistas, ou então correr em circuitos preparados pela comunidade. Naturalmente os resultados por lá são bem mistos, mas é divertido explorar as diferentes opções.
Na ponta dos dedos
Embora Dirt 5 não conte com muitos carros (são 64 ao todo, um número modesto para os padrões do gênero), eles são divididos em 13 categorias diferentes, e cada uma delas muda bastante a forma de jogar, com diferentes pesos de veículos, velocidade e facilidade para controlar. Você também pode deixar os carros com a sua cara customizando o seu visual e até os patrocínios, que trazem várias marcas do mundo real.
Quanto mais desafios de patrocinador você cumpre nas corridas, mais pontos ganha para liberar diferentes opções de customização, o que é uma ótima forma de motivar o jogador a persistir na campanha. O fluxo de recompensas é ótimo e torna todo o gameplay ainda mais divertido, apesar de a inteligência artificial e nível de dificuldade das corridas variarem bastante sem aviso prévio.
Ao longo das nossas dezenas de horas de jogo, ganhamos corridas que merecíamos perder, e fomos ultrapassados em corridas praticamente impecáveis, já que o jogo parece predisposto a impedir que se abra muita distância entre um carro e outro, o que pode ser um tanto injusto e frustrante, com punição exacerbada para erros na parte final das disputas.
Pior ainda são os travamentos no jogo. Mesmo depois de aplicar o primeiro patch de atualização, não é raro ver o jogo travar de forma irremediável e ser obrigado a reiniciar Dirt 5 para continuar jogando. Pior ainda, antes do primeiro patch, chegamos a ter um arquivo de salvamento corrompido. Na data de publicação desse texto o jogo ainda parece estar longe do ideal, e esbarramos com travamentos a cada três ou quatro horas de jogo, algo que precisa ser resolvido com certa urgência pela Codemasters.
Vale a pena?
Dirt 5 é um jogo bem arcade e extremamente divertido, com uma invejável fartura de opções para correr. Mesmo após dezenas de horas de jogo ele não fica repetitivo graças às suas diferentes modalidades, variações de clima e traçado. A dublagem é muito boa tanto em inglês como em português, mas o fiapo de história que é narrada no formato de podcast não gera qualquer imersão ou interesse. A Codemasters ainda precisa resolver alguns problemas de travamento por patch mas, de resto, trata-se de um jogo visualmente impressionante e capaz de divertir os aspirantes a pilotos de rally por muito tempo.
Nota: 93
"Dirt 5 é lindo, divertido e repleto de opções, um prato cheio para os fãs de rally mais arcade"
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