Nessa semana Felix Kjellberg, mais conhecido como PewDiePie, o maior youtuber do mundo, se envolveu em polêmica ao utilizar o termo “fucking nigger” durante a transmissão de uma partida de Player Unknown’s Battlegrounds. O termo da língua inglesa tem cunho racista e é considerado extremamente ofensivo quando usado por um branco. Após a repercussão do caso, publicou um vídeo pedindo desculpas pelo ocorrido.
O sueco de 27 anos diz, em menos de dois minutos, que errou e não há desculpas para isso. “Foi algo que eu disse no calor do momento. Eu disse a pior palavra possível que poderia pensar, e meio que apenas saiu. Não vou dar desculpas do por que eu fiz isso, já que não há justificativas”, declarou.
“Você provavelmente não vai acreditar em mim quando eu disser isso, mas quando eu fico online e ouço outros jogadores utilizarem o mesmo tipo de linguagem que usei, sempre acho extremamente idiota e imaturo”, afirmou. “E eu odeio como agora pessoalmente alimentei isso como parte do jogo”, disse.
“Eu realmente gostaria de me desculpar se ofendi, machuquei ou desapontei alguém com tudo isso. Estando na posição em que estou, deveria saber melhor. Sei que não posso continuar bagunçando assim. E eu devo, para minha audiência e para mim, fazer melhor do que isso porque sei que sou melhor que isso. Realmente quero me melhorar – não apenas por mim, mas por qualquer um que me veja ou seja influenciado por mim. É assim que eu quero sair dessa”, promete.
Assisa ao vídeo (em inglês) abaixo:
Kjellberg tem mais de 57 milhões de inscritos no YouTube. Ele é não só o maior youtuber de games, como também o com maior número de inscritos em toda a plataforma.
Caso de racismo com PewDiePie é recorrente
“Estou desapontado comigo porque parece que não aprendi nada com as polêmicas do passado. E não é que eu acho que posso fazer o que quiser e seguir em frente. Eu sou apenas um idiota. Mas isso não faz com o que eu disse, ou como eu disse, seja OK”, declarou no vídeo.
Uma das polêmicas passadas às quais ele se refere aconteceu em fevereiro de 2017, quando o youtuber usou meios de financiamento coletivo para pagar US$ 5 a dois indianos que exibiram um cartaz escrito “Morte a todos os judeus”.
Na época ele disse que foi mal interpretado e perseguido por jornalistas. Ainda assim perdeu contratos com o Google e a Disney. Ele também havia pedido perdão e dito que não faria mais piadas do tipo. Seu vídeo de desculpas, no entanto, foi apagado.
Anteriormente PewDiePie também havia causado polêmica ao dizer no Twitter que estaria entrando para o grupo terrorista Isis.
Desenvolvedores rechaçaram
No caso mais recente, desenvolvedores repudiaram a atitude do youtuber. Sean Vanaman, co-fundador da Campo Santo, responsável por Firewatch, disse: “existe uma margem de flexibilidade que você precisa ter com a internet quando acorda todos os dias e faz games. Existe também um ponto de ruptura”, declarou.
O desenvolvedor afirmou que iria entrar com ações judiciais contra os vídeos do youtuber que utilizam a imagem do jogo. “Eu estou cansado dessa criança ter cada vez mais chances de fazer dinheiro com o que produzimos”, disse.
“Ele é pior que um racista enrustido: é um propagador horrível de lixo que realmente causa danos culturais a essa indústria. Eu incitei outros desenvolvedores e estarei alcançando a pessoas muito maiores do que nós para cortá-lo desse conteúdo que o tornou milionário”, afirmou.
O desenvolvedor ainda disse que não odeia ou detesta youtubers ou streamers, pois ele distribuiu mais de 3 mil chaves de acesso de Firewatch para streamers grandes e pequenos. Além disso, Vanaman diz gostar bastante de assistir transmissões ao vivo do YouTube ou Twitch, algo que diz fazer todos os dias. O problema mesmo é o racismo de PewDiePie, que vai resultar em uma ação de direitos autorais por parte de Vanaman com os vídeos de Firewatch ou outros jogos da empresa que o youtuber manter no ar.
Contexto: por que o termo usado é racista
O termo que PewDiePie utilizou é considerado extremamente racista e é referenciado como “a palavra com N”. Já no século 18 ela era utilizada para se referir a negros escravizados de forma pejorativa. Historicamente o termo carrega o tom de ofensa. O dicionário de Oxford define o termo como “uma das palavras racialmente mais ofensivas do idioma [inglês]”.
Apesar de o youtuber dizer que foi apenas uma palavra que “escapou” no calor do momento, muitas pessoas se preocupam com o fato de isso refletir uma postura racista também fora dos vídeos. “Assistir ao vídeo é chocante porque Kjellberg utiliza a palavra muito casualmente. Na verdade ele sequer reconhece o que fez até ouvir alguns risos nervosos fora da câmera”, escreve a articulista Chella Ramanan no jornal The Guardian.
“Uso casual de ofensas raciais precisam ser condenadas com vontade todas as vezes. Nunca há um bom motivo para utilizar a linguagem apresentada nesse vídeo. Jogar videogame não é uma desculpa, assim como estar bêbado ou bravo não dá a ninguém a liberdade de usar insultos racistas”, defende a autora.
Kjellberg não detalhou como promete mudar sua conduta, apesar de ter se reconhecido como um “idiota” e ter dito que errou e não há justificativas para tanto. E você? Qual sua opinião sobre o tema? Comente.
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