BGS 2017: entrevistamos Mike Mejia, produtor de Call of Duty WW2

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Call Of Duty: World War II chega dia 3 de novembro, e aqui na BGS tivemos a oportunidade de conversar com Mike Mejia, da Activision, produtor do jogo. Ele falou sobre o retorno da franquia às suas origens, e o feedback da comunidade depois dos testes beta.
Mejia também comentou o esforço pra fazer um jogo que, além de entretenimento, seja também uma forma de mostrar para as novas gerações os fatos da guerra. Com o lançamento chegando, eles estão trabalhando duro pra entregar a melhor experiencia pro jogador.

Voxel: Call of Duty parece estar finalmente voltando a suas origens. Por que vocês decidiram abandonar toda aquela história de tecnologia e sci-fi com o novo Call of Duty WW2?

Mike Mejia: Acho que a gente queria revisitar nossas próprias raízes, na verdade. Com Advanced Warfare quisemos inovar bastante nas mecânicas e na movimentação. A mentalidade era “ok, as pessoas querem algo novo”, então trouxemos as Exos e toda essa roupagem sci-fi. E foi animal! Mas logo depois disso, pensamos que seria legal voltar ao básico, e parecia que a comunidade estava com essa mesma mentalidade. Foi o momento perfeito para fazer essa mudança e voltar à 2ª Guerra, nossas raízes.

Call of DutyCall of Duty

Voxel: Falando nisso, tivemos recentemente um beta aberto do modo multiplayer nas três plataformas. Como foi a resposta dos jogadores até agora?

MM: Maravilhosa! Se você olhar para o beta que tivemos nos consoles (PlayStation 4 e Xbox One), vai ver que ele já gerou uma conversa com a comunidade. Quando tivemos o beta no PC, que começou umas semanas depois, as pessoas já puderam experimentar as mudanças geradas a partir desse feedback anterior. Melhorias no som de passos ou no barulho de quando você acerta alguém, todo tipo de lição que tiramos dos consoles já estava ali.

Acho que é um indicador muito bom da experiência que as pessoas vão ter com o jogo quando ele for lançado, daqui a algumas semanas, e da nossa relação com a comunidade. Porque sem os fãs, nós não estaríamos aqui.

Voxel: E nesse beta do PC vocês conseguiram pegar algo que vai ser implementado na versão final do game?

MM: Com certeza, mas ainda estamos analisando todo o material porque acabamos de encerrar o período de beta nos PCs. Inclusive, antes de pegar o voo aqui para o Brasil, eu estava conferindo o feedback dos jogadores e deu pra ver que tem muita coisa boa. Tivemos muitas sugestões sobre as divisions, que é o novo modo de se criar as classes, por exemplo. E acho que o que mais ouvi nessa leva foi que o pessoal realmente quer jogar os novos headquarters, com suporte a 48 players e que ninguém experimentou até agora. Estamos muito ansiosos para ver a reação do público quando o jogo sair e eles puderem jogar isso.

Call of DutyCall of Duty

Voxel: Uma coisa que as pessoas estão falando sobre o jogo é que talvez esteja faltando um pouco de opções de customização de armas e personagens. Isso é algo que vocês pretendem implementar eventualmente em CoD WW2?

MM: Então, na verdade nós temos customizações. Tudo começa com a sua divisão. Então dependendo da formação da sua equipe, se for uma infantaria, divisão aérea ou qualquer outra combinação que se encaixe com seu estilo de jogo, você vai ter a opção de customizar suas armas – colocando miras telescópicas, pentes extras, todo tipo de coisa.

E, sim, também dá para modificar o visual da divisão, mas nos certificamos que não seja nada muito colorido ou maluco. Porque, afinal, estamos falando da 2ª Guerra e temos bastante respeito pela época. Então temos uma série de uniformes da década de 1940 que foram usados nos conflitos, incluindo novas vestimentas, como as do exército holandês, francês e canadense – tudo para honrar esses heróis.

Voxel: Sabemos que o jogo vai ter inspiração em eventos e histórias reais, mas que ele também terá um roteiro original. Como juntar essas duas coisas sem que isso fique confuso ou ainda desrespeite as memórias dos veteranos da guerra?

MM: Isso foi muito importante para a gente. Fomos atrás de muito material de referência, em como filmes, livros e Hollywood lidou com o assunto. “Band of Brothers”, por exemplo, foi uma grande inspiração para nós, assim como “O Resgate do Soldado Ryan”. Ambos contavam eventos reais, mas também traziam um drama humano como elemento da história. Então realmente pesquisamos muito sobre cenários, locais, pessoas e nomes, e tentamos mostrar respeito ao reproduzir algo que realmente aconteceu. Isso na campanha principal.

No multiplayer, tomamos algumas liberdades adicionais para que pudéssemos oferecer uma experiência melhor aos jogadores em um ambiente mais social. Você pode jogar com os canadenses, vivenciar o lado alemão da guerra e tudo mais. E claro, temos a opção de enfrentar zumbis nazistas. Aí estamos realmente falando de uma história completamente diferente e 100% fictícia – óbvio (rs).

call of dutyCall of Duty: WWII

Voxel: Estamos muito curiosos a respeito da história porque só pudemos testar o multiplayer. Temos só alguns detalhes e pistas a respeito do esquadrão que vamos seguir na campanha. Você pode dizer com quem nós vamos jogar, quem é o protagonista?

MM: Você vai jogar com um único personagem e acompanhar toda a sua trajetória durante a guerra, desde a chegada à Normandia até o final do jogo, quando coisas realmente grandes acontecem. Nesse caminho, você vai interagir com uma série de diferentes personagens. Porque, apesar de estarmos falando de um esquadrão americano, a guerra envolveu diversas outras nações.

Então pensamos em como trazer isso para a história do jogo, coisas que aconteceram de verdade, como a resistência francesa – com mulheres defendendo Paris da invasão alemã – e soldados de origem mexicana no exército dos EUA. Foi bacana poder trazer um pouco dessa diversidade e experiência para dentro do game.

Voxel: Ainda sobre a história, quando se fala a respeito da guerra, é difícil pensar em uma verdade absoluta. Cada país envolvido no conflito aprende as histórias do período de um jeito diferente. Com CoD WW2 sendo um título global, que todos podem jogar, foi uma preocupação para vocês não ofender alguma nação com essa visão mais “americanizada” da guerra?

MM: Pensamos nisso sim quando estamos desenvolvendo o game e temos que tomar cuidado com algumas coisas. Temos um profissional alemão que presta exatamente esse serviço do que podemos mostrar ou não no jogo. Ao mesmo tempo, temos eventos que podem ser sensíveis para o povo japonês. Então nos baseamos nos fatos históricos mais fiéis para criar a nossa própria história. Dessa forma, não escondemos os acontecimentos, mas mantemos uma boa dose de respeito ao público. Queremos mostrar os horrores da guerra – são coisas que realmente aconteceram –, mas sem sermos insensíveis.

Voxel: Falando sobre novidades, agora. O jogo vai ter loot boxes ou algum tipo de microtransação?

MM: Isso é mais com o pessoal de negócios da Activision e como eles pensam em incluir esse tipo de recurso. Para nós, o foco é apenas em desenvolver o game, implementar tudo o que aprendemos com Advanced Warfare, criar uma boa experiência e garantir que nada atrapalhe isso.

Voxel: Recentemente, a Bethesda se posicionou de forma contundente contra o nazismo através de uma postagem de divulgação de Wolfenstein II: The New Colossus. CoD WW2 vai assumir uma postura parecida em relação ao nazismo com tudo que anda acontecendo nos EUA e ao redor do mundo atualmente?

MM: Não posso comentar especificamente sobre o caso, porque não acompanhei a história [da Bethesda], mas, como disse anteriormente, tentamos ser respeitosos com a obra que estamos criando. Porque, no final das contas, o que estamos fazendo é entretenimento, é um jogo. Porém, no meio disso tudo, queremos poder ensinar a novos jogadores um pouco mais sobre a história da 2ª Guerra Mundial. Que eles possam experimentar isso e depois abram um livro para ver o que realmente aconteceu ali.

Lembro que quando eu era mais novo e assisti pela primeira vez a “O Resgate do Soldado Ryan”. Fiquei muito mais envolvido com a guerra, os nazistas e toda a história da guerra. Então eu espero que CoD WW2 também faça isso com os jovens de hoje e eles se interessem pela história, algo do tipo “como evitamos que isso aconteça de novo?” – porque não podemos permitir que algo assim aconteça nunca mais. Muitas pessoas morreram, muitas pessoas foram heróis e essa é a nossa oportunidade de contar essa história para um número grande de pessoas. É algo realmente importante para a gente.

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