Tocante: Distortions é um dos jogos indies mais incríveis de toda BGS 2017

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Durante a Brasil Game Show 2017, tivemos muitos jogos para testar, de AAA a indies. Com tanto fervor e destaque para coisas grandes que estão por aqui, como DetroitMonster Hunter World e Sea of Thieves, é até estranho dizer que um dos games que mais me conquistaram em toda a feira foi um projeto menor, chamado Distortions.

Talvez você já tenha ouvido falar sobre o game, mas vamos explicar a proposta. Basicamente, trata-se de um game que o coloca no papel da “Menina”, que está confusa com algumas situações da vida e tenta superar um relacionamento. Porém, tudo isso é refletido em mundo fantasioso e completamente distorcido.

Experiência tocante com tempero de música

Distortions é um jogo sentimental desde o começo. O propósito é criar uma experiência realmente emocionante na qual as pessoas se conectem e projetem as suas próprias bagagens de vida no que é exibido na tela. Até mesmo os nomes são feitos para que os jogadores deem sua própria interpretação: a Menina, o Monstro e as Sombras. O que cada um deles representa, vai de quem está jogando.

O Monstro pode ser um ex-namorado que tinha um relacionamento abusivo ou pode ser um amor não correspondido. De uma forma ou de outra, o Monstro é aquele que faz com que a protagonista enfrente a sua fragilidade e passe por desafios para superar algo que pesou negativamente em sua vida.

Distortions

Com esse contexto todo, Distortions acerta em cheio em combinar uma jogabilidade e narrativa completamente focadas na música – afinal, quem nunca se apoiou nas músicas para passar por um momento difícil? Essa mesclagem é que dá o tom tão bonito e incrível que tive ao jogar uma sessão de 30 minutos.

Não é apenas um jogo contemplativo

Toda essa descrição lembra bastante ao que vemos em FirewatchDear Esther e muitos outros, mas vale ressaltar: Distortions não é um jogo contemplativo. Certamente, há muitos elementos e trechos que são ótimos para vislumbrar e pensar, mas o título também traz muita exploração, partes opcionais e combate. De acordo com os desenvolvedores, o game terá de 15 a 18 horas de campanha, um número bem impressionante.

O jogo terá combate, exploração e mundo aberto, totalizando 15 a 18 horas de jogo

Durante o processo de criação, o jogo nasceu como uma experiência mais amena e scriptada, mas a equipe começou a dar tons mais escuros e incluiu elementos de ação. Hoje, perto da fase final de desenvolvimento, Distorcions tem muitas mecânicas de combate e até mesmo habilidades especiais, tudo executado com o violino da protagonista.

A música é um elemento-chave de todo a aventura e isso é incorporado no gameplay. Durante a exploração, há obstáculos que precisam ser movidos com poderes especiais, os inimigos (que são cegos) precisam ser derrotados com canções e por ai vai. Distortions é um jogo com ação e skills como qualquer outro, mas tudo é inspirado na musicalidade. Para adquirir essas skills, os jogadores precisam encontrar tablaturas durante a aventura.

O gameplay com o violino é muito bem-feito e tem quatro notas no total, que podem ser combinadas para tocar melodias. Nesse momento, pense que é quase um “Guitar Hero”, mas a ação não pausa. Caso você erre ou termine abruptamente a música, o efeito do poder é reduzido. E a sonoplastia é realmente impressionante: as notas se encaixam perfeitamente e as canções que temperam a campanha são fenomenais.

Distortions

Um projeto de amigos com muita pesquisa por trás

Distortions está e produção por nada mais e nada menos que oito anos. Apesar de parecer que se trata de um perrengue, não é bem assim que os produtores encaram. Por mais incrível que pareça, esse projeto não começou como algo com fins lucrativos. Um dos desenvolvedores é cinéfilo e entende muito de direção de arte, enquanto outro sabe muito de literatura. Em uma ocasião, os quatro criadores se juntaram e decidiram fazer um game que ia de encontro com as visões e valores deles, tudo por hobby.

Há muita bagagem, pesquisa e inspirações por aqui: já foram 8 anos de desenvolvimento

Depois de seis anos no forno e com muita dedicação, a equipe decidiu levar a obra adiante e lançar no mercado. Desde então, o trabalho é o de finalizar o conteúdo, polir o que já existe e aprimorar tudo o que der.

O interessante desse projeto é que tudo surgiu com a intenção e visão dos desenvolvedores. O gênero, a temática, tudo: todos feitos de forma inspiradora e com muita bagagem cultural. Parte da musica é inspirada no brilhantismo de Gustavo Santaolalla (criador do tema de The Last of Us e compositor de algumas músicas de “Diários de Motocicleta”), a direção usa muito da direção do cineasta Wes Anderson, os elementos visuais bebem de inspiração do surrealismo e de obras do Studio Ghibli, e por aí vai. É interessante ressaltar tudo isso para enaltecer a qualidade: o projeto foi feito pela simples paixão de fazer.

Um dos melhores jogos brasileiros até hoje

Se você esta lendo essa matéria até agora e já conhece o jogo, deve estar se perguntando: por que não foi dito até agora que o projeto é 100% brasileiro? Justamente pelo preconceito e julgamento antecipado que temos por projetos nacionais, preferi deixar para contar isso no fim da matéria, da mesma forma que a equipe fez no seu estande na Brasil Game Show.

Não tenha preconceito: todo o texto recheado de elogios poderia ser para qualquer jogo americano, mas ele é brasileiro e parece incrível

Distortions está em etapa de finalização e tem estreia prevista para fevereiro de 2018. Por enquanto, o jogo esta previsto apenas para PC, mas a equipe está trabalhando junto com a Microsoft para tentar portar o game para o Xbox One. Porém, como se trata de uma engine antiga, ainda há duvidas se essa versão vai existir.

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