Uma série de reportagens publicadas pelos jornais franceses Le Monde, Mediapart e Canard PC acusam a Quantic Dream, responsável por games como Beyond: Two Souls e Detroit: Become Human, de ser um ambiente de trabalho tóxico que estimula a homofobia e o racismo. Ao todo, foram entrevistados mais de 15 ex-funcionários que afirmam que a empresa não é um bom ambiente de trabalho.
Segundo a reportagem do Le Monde, embora a ética de David Cage, principalmente nome por trás do estúdio, seja elogiada, a maneira como ele conduz os negócios não é. Relatos indicam que Cage não fez nada quando em fevereiro de 2017 um funcionário do setor de TI enviou 600 montagens de Photoshop nos quais outros funcionários apareciam associados em imagens sexistas ou homofóbicas — além disso, algumas mensagens consideradas nazistas teriam circulado pela companhia.
David Cage
O Le Monde afirma que tanto Cage quanto o co-CEO Guillaume de Foundaumière tiveram acesso aos conteúdos completos, mas eles afirmam só ter visto as montagens consideradas engraçadas. Ambos se dizem chocados com as acusações, sendo que Cage afirmou que a Quantic Dream não é um “vestiário de um time de rugby”, mas confirmou que 83% de seus funcionários são homens.
Ambiente desagradável
Os ex-empregados também afirmaram que Cage é conhecido por fazer piadas sexistas e racistas, incluindo brincadeiras de mau gosto com funcionários de determinadas etnias. “Você quer falar sobre homofobia? Eu trabalho com Ellen Page, que luta pelos direitos LGBT. Você quer falar sobre racismo? Eu trabalho com Jesse Williams, que luta pelos direitos civis nos EUA... Me julgue pelo meu trabalho”, afirmou o diretor.
Já Foundaumière é acusado de assediar funcionários em festas da empresa, chegando a tentar beijar alguns deles a força. Ele afirma que as acusações são “absolutamente falsas”, complementando que “nada disso aconteceu em nenhum evento noturno”. Além disso, ambos são acusados de exigir que funcionários trabalhem por longas horas e não escutam bem os comentários feitos por outras pessoas.
O Le Monde aponta que a Quantic Dreams é conhecida por “pegar leve” em relação a outros membros da indústria e não vê problemas em pagar por horas extras e pelo jantar e transporte de funcionários. No entanto, entre 2015 e 2016 mais de 50 funcionários deixaram a companhia, alguns deles com certificados médicos que indicam sintomas como depressão e o estado de burnout.
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