Diversos games de qualidade estiveram presentes na área independente da Geek & Game Rio Festival 2018, mas poucos se destacaram tanto por sua qualidade quanto Sword Legacy: Omen. Desenvolvido pelos cariocas do FireCast Studio, o game traz um visual inspirado pelos clássicos da Disney e nos conta a história que precedem os eventos do popular conto do Rei Arthur.
Escapando com um grupo de aventureiros de um castelo sob ataque, o jogador não demora a ser transportado para a ação na demonstração exibida durante o evento. Segundo os desenvolvedores, o material disponível se tratava do começo do game, e, se o que foi exibido serve de base, teremos em mãos uma experiência com qualidade bastante consistente.
Sistemas táticos
O sistema de jogabilidade é imediatamente reconhecível para quem tem em seu histórico experiências como Final Fantasy Tactics, XCOM ou Banner Saga – mas sem a grande dificuldade destes dois últimos. Controlando um grupo de quatro personagens, você deve movê-los pelos mapas de forma a flanquear inimigos e exterminá-los (e evitar que eles façam o mesmo com você).
Sword Legacy
Cada personagem tem oportunidades de movimento e habilidades diferentes: enquanto o cavaleiro do grupo pode usar seu escudo para afastar inimigos (ou jogar para cima deles barris com efeitos variados), a ladra se destacava pela mobilidade e pelos ataques furtivos. Já o mago (ninguém menos do que o famoso Merlin) pode usar seu poder de teleporte para trocar de posição com um aliado ou com um inimigo, mudando o equilíbrio do combate (mais tarde, ele pode usar magias variadas com o devido investimento do jogador).
A promessa dos desenvolvedores é que teremos um total de 8 personagens (o quinto sendo destravado no final da demonstração) para escolher, mas somente 4 deles poderão entrar em batalha – com algumas exceções pontuais. Decidir quem vai ou não para as batalhas é importante, já que o game, embora não seja necessariamente difícil, também não é generoso com itens de cura.
Além disso, abrir mão Deus personagem significa ter que deixar de lado as habilidades de outros, mexendo em sinergias e táticas de batalha. Um dos méritos da equipe da FireCast fica evidente na demonstração: a capacidade de criar personagens que realmente são diferentes entre si, não meras replicações de papeis que podem ser cumpridos por qualquer figura de seu grupo.
Enquanto as estatísticas de seus personagens são fixas, os equipamentos usados ajudam a reforçar pontos específicos (muitas vezes resultando em algumas desvantagens no processo). Como o dinheiro disponível é curto – ao menos no começo -, decidir quem precisa de um upgrade ou não é uma escolha difícil e que dependerá bastante de seu estilo de jogo.
Além de cada personagem ter um poder diferente, cada um tem uma capacidade de movimentação e ação própria, definida pelo número de AP mostrado em tela. A qualquer momento você pode “queimar” um ponto que representa sua motivação para ganhar uma ação extra em combate, mecânica que deve ser usada de forma cuidadosa: fique sem pontos e seu personagem pode se desesperar, fugindo da batalha ou atacando todos ao redor (incluindo aliados).
Busca por ajuda
A história traz uma premissa interessante: para recuperar seu reino das forças invasoras, não basta a simples força de vontade, o que obriga você a buscar aliados capazes de ajudá-lo nessa tarefa. No entanto, como fica evidente logo cedo, não é somente seu reino que está passando por problemas (mais ao norte, por exemplo, um exército de mortos-vivos apareceu subitamente), indício de que forças mais abrangentes estão em ação.
A trama se desenrola tanto nas conversas que ocorrem entre os combates quanto no momento em que você está viajando de um local ao outro. Ao iniciar um acampamento, por exemplo, é comum ver os personagens de seu grupo trocando experiências sobre os acontecimentos recentes e revelando aos poucos mais detalhes de seus passados e motivações.
Embora a princípio seja estranho pensar que algumas daquelas figuras estão trabalhando juntas, essas conversas ajudam a transformar tudo em algo mais natural. Além disso, o próprio contexto do jogo ajuda: ao mostrar que o problema desse mundo não está concentrado em somente uma área, ele mostra que a única esperança de sobrevivência está na união – sozinhos, todos ali provavelmente só vão encontrar a morte.
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Com publicação do Team17, Sword Legacy: Omen está programado para chegar ao Steam ainda este ano. Os desenvolvedores não descartaram a ideia de trazer o game para mais plataformas, mas as realidades do mercado independente nacional fizeram com que o orçamento disponível fosse dedicado a trazer o game ao PC em um momento inicial.
Pela minha experiência com o game na GGRJ 2018, posso dizer que os fãs de uma boa experiência tática têm motivos de sobra para ficar animados com o projeto. Resta esperar que uma data de lançamento seja determinada em breve e todos aqueles que admiram o gênero possam ter acesso a essa ótima experiência.
Viajamos ao Geek & Game Rio Festival 2018 a convite da organização do evento
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