Overwatch foi o único jogo, até agora, que eu tive a oportunidade de analisar e dar uma nota máxima. Essa análise saiu inclusive aqui no Voxel, em 2016, e eu fiquei surpreso com alguns comentários falando o quanto o jogo “não ia durar mais que um mês”. E, adivinhem só, ele continua vivo e forte mesmo depois de três anos. Tem até uma liga profissional valendo milhões de dólares. Mas o ponto é que o mercado não vive só nesses termos — é preciso de inovação e novidades para chamar atenção do público e os jogadores costumam pedir por sequências justamente por isso.
A última quinta-feira (6) veio com a surpresa de que a Blizzard cancelou um projeto de shooter de StarCraft para focar em dois grandes títulos nos próximos anos: Diablo 4 e Overwatch 2. Enquanto uma nova aventura pelo Santuário é um tópico completamente à parte, uma sequência de Overwatch pegou muitos fãs de surpresa. E dá para entender isso: o jogo fez sucesso e conta com atualizações constantes, sem falar que é uma franquia nova dentro da Blizzard e explorando um gênero que eles nunca exploraram antes.
A comunidade simplesmente não esperava que “Overwatch” poderia se tornar uma franquia como Call of Duty tão cedo. Até porque o último jogo numerado da Blizzard chegou em 2012: Diablo 3. Obviamente não dá pra considerar que a série possa se tornar tão contínua como COD ou Assassin’s Creed, mas eu não duvido que um segundo jogo já esteja na cabeça do tio Kaplan há algum tempo.
Afinal, Overwatch 2 pode chegar na hora certa de explorar e se especializar em tudo o que o primeiro ainda não conseguiu.
PvE ao invés da competição
A reportagem original do Kotaku detalhou que as fontes próximas do projeto citaram que Overwatch 2 pode focar completamente em mecânicas de PvE — o famoso “jogador contra ambiente”, lutando contra chefes e desafios sozinho ou em equipe. Assim, todo o esquema pode se aproximar muito com a dinâmica cooperativa de Left 4 Dead.
Se você tem receio disso e joga constantemente Overwatch, pense que você já passou por isso e nem percebeu. A Blizzard fez esse sistema acontecer dentro do próprio jogo nos últimos anos: basta lembrar dos eventos de Halloween e das missões do Arquivo. E não duvido em nada que o feedback desses eventos tenha criado aquela famosa "pulga atrás da orelha". Será que os jogadores aceitariam um jogo a parte só com esse tipo de conteúdo?
Mais do que isso: Overwatch 2 pode expandir esses conceitos em um novo nível, deixando o jogo original focado no competitivo e explorar, aqui, um novo modelo de cooperativo sem as amarras do jogo original. E explorar um tipo diferente de jogador que foi impactado por essas ocasiões.
Que tal missões maiores e mais desafiadoras que os eventos de Overwatch até agora? Fases gigantes, customização avançada para os personagens, desafios diferentes envolvendo quebra-cabeças, mecânicas de stealth... Tudo isso seria possível nessa proposta pois não estaria limitada às ferramentas do primeiro jogo.
E há outro ponto muito importante a ser discutido e que o primeiro Overwatch ainda não conseguiu satisfazer completamente os fãs: podemos finalmente ter uma campanha.
Foco na história
A maior crítica dos jogadores desde a época do lançamento de Overwatch é como eles sentem falta de mergulhar mais na história ou jogar um modo campanha. Claro que tivemos animações, histórias em quadrinhos e eventos do jogo tentando suprir essa falta, mas naturalmente uma sequência com foco em cooperativo pode preencher essa lacuna. Afinal, é uma oportunidade de deixar o tiroteio desenfreado entre as equipes para explorar mais o cenário ou conhecer melhor os personagens.
Os eventos da série dos Arquivos de Overwatch mostraram o potencial disso, especialmente o último episódio, “Tempestade Iminente”. Os fãs sempre tiveram esse anseio de conhecer melhor o universo: eles querem saber mais sobre Genji, Tracer, Reinhardt e tantos heróis que trocam balas e espadadas entre si. Mas, afinal, porque eles lutavam mesmo? Só pelo controle da carga ou existe uma ameaça maior em jogo?
Esse é o momento para conectar os pontos que aos poucos foram costurados pela Blizzard. Conhecemos o passado de tantos personagens através dos anos nesses pequenos eventos e acontecimentos, e agora é uma oportunidade de ouro de se aprofundar ainda mais nesse conflito ômnico que tanto se fala e que só sentimos o impacto quando alguém deixa de empurrar a carga.
É uma hora perfeita para trazer muito mais interação entre os personagens além dos comentários minuciosos antes da partida começar. Saber o que eles fizeram juntos, o que eles planejam fazer e o que eles querem fazer para o futuro. Mais importante que isso: conhecer novos personagens nesse universo que aos poucos está sendo montado no imaginário da comunidade.
Integração e nova geração
Porque pararmos por aí? Overwatch 2 pode ser uma sequência da série, mas isso não significa que tudo aqui será resetado. A Blizzard volta e meia faz alguma integração entre os seus jogos, oferecendo bônus para Hearthstone se você jogar World of Warcraft, por exemplo. Mas aqui podemos elevar isso a um novo nível — afinal, estamos em um mesmo universo.
E se o progresso de um jogo desbloqueasse coisas em outro? Ou melhor: se o nível da conta for compartilhado entre os dois jogos? Isso abre um leque de possibilidades interessante para motivar os dois perfis de jogadores a transitarem constantemente entre os modelos competitivo e cooperativo.
O cuidado aqui é saber como essa transição irá acontecer nos consoles. No PC é mais fácil por conta do aplicativo integrado da Battle.net, mas estamos em um momento em que a E3 2019 está batendo na porta com anúncios de novas plataformas tanto pela Sony quanto pela Microsoft. E vale lembrar o quanto que Overwatch ainda é muito jogado no PlayStation 4 e no Xbox One.
Há perguntas que não querem calar: Overwatch 2 chegaria nesta ou na próxima geração? E Overwatch pode fazer esse salto também? Essas repostas podem demorar alguns meses para chegar, já que o grande palco dos anúncios da Blizzard é na BlizzCon, que nesse ano acontece entre os dias 1 e 2 de novembro.
Uma proposta nova e bem-feita é sempre bem-vinda
Overwatch veio e surpreendeu com partidas rápidas, gameplay divertido e com a possibilidade de se tornar um herói para sua equipe em poucos segundos. Não acho que a Blizzard vai perder isso de vista mesmo com uma sequência chegando aí em um estilo “diferente” dentro do mesmo gênero de shooter. Há muitas possibilidades em jogo aqui, principalmente quando falamos de heróis tão distintos nesse universo que recentemente recebeu uma nova ferramenta para criar modos malucos e expandir a criatividade de muitas maneiras.
Criatividade e inovação podem ser as palavras-chaves de Overwatch 2 — isso se ele vier a existir, não é mesmo? Há muito o que conversar sobre isso, eu tenho certeza, mas a caixa de comentários é o melhor caldeirão para revirar as mil e uma maluquices que podem circular na cabeça do misterioso Jeff Kaplan.
Independente das teorias e suposições, não dá pra esquecer que Overwatch impactou muitos. Criou heróis, venceu como o melhor jogo de 2016 e está até hoje entre nós. Três anos de tiroteios e companheiros de equipe esquecendo de empurrar a carga. Pode passar o tempo mas eu sei que a franquia é sempre bem-vinda para dizer nos dizer novamente: “não se preocupem queridos, a cavalaria chegou”. E bum, os portões se abrem para mais uma partida.
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