2019 é sem dúvida o ano de Doom. E isso não somente porque a série da id Software é o tema da QuakeCon 2019, mas também porque a desenvolvedora tem um jogo sensacional em suas mãos. Se o “recomeço” de 2016 já era brutal, rápido e fiel ao material original sem parecer repetitivo, Doom Eternal que chega a esse ano consegue fazer tudo isso e ligar tudo no dobro de energia.
Tive a mesma sorte que meu colega Bruno Micali de jogar a demonstração do jogo disponível na E3 2019 (que também está aqui na QuakeCon) e só consigo pensar em uma coisa: eu quero continuar jogando esse jogo. Na fatia disponível, somos jogados em um ponto mais avançado da aventura com um Doom Slayer que já dispõem de alguns equipamentos, mas ainda não está no auge de seu poder.
Quem não liga nem um pouco pra isso são os demônios, que aparecem em uma quantidade e variedade ainda maior que no Doom de 2016. Para um jogo de tiro rápido, Doom Eternal é um game surpreendentemente estratégico - é tudo como se fosse um grande xadrez, se xadrez fosse jogado em fast foward e você tivesse que fazer 4 ou 5 movimentos por segundo.
E foi justamente essa a intenção dos desenvolvedores: trazer ainda mais momentos dramáticos que exigem pensamento rápido e dão aquela sensação de “caramba, como que eu consegui fazer isso” (acompanhada de alguns palavrões que não cabem bem num texto do Voxel). Segundo Marty Stratton e Hugo Martin, com quem conversamos na QuakeCon 2019, a intenção era explorar ainda mais as decisões de gerenciamento que funcionaram tão bem no primeiro Doom e que continuam sendo eficientes e emocionantes em Eternal.
Battle Mode
A grande novidade trazida à QuakeCon 2019 foi o Battle Mode, que é uma versão diferente do multiplayer da série. Enquanto o Doom de 2016 tinha uma modalidade para vários jogadores, ela acabou não se mostrando tão cativante ou inventiva quanto a aventura single player.
O próprio Hugo Martin disse ao Voxel que a id Software não se sentiu muito confortável com o resultado final, e até mesmo por isso decidiu que, enquanto uma opção multiplayer teria que fazer parte de Eternal, ela teria que ser melhor – e parece que a equipe de desenvolvimento conseguiu isso.
Para tanto, a desenvolvedora decidiu que não iria mais recorrer a estúdios externos para lidar com essa parte, que está sendo criada pela mesma equipe responsável pela aventura principal. Isso significa que a dinâmica estratégica do single player compartilha o mesmo DNA do Battle Mode, o que torna tudo bem interessante.
O modo coloca um jogador no controle da versão completa do Doom Slayer, com todas as suas armas e upgrades, para enfrentar um time formado por dois demônios encarnados por dois jogadores. Quem assumir esse lado não vai ser tão poderoso por conta própria, mas vai poder contar com um aliado e com companheiros controlados pela inteligência artificial para tentar conseguir a vitória.
Decisões estratégicas
A estratégia que está no DNA de Doom Eternal fica ainda mais evidente no Battle Mode, especialmente se você está do lado dos demônios. A qualquer momento, você pode usar uma “roda da invocação” para colocar aliados em campo, que podem ser usados tanto para machucar quanto para distrair o Doom Slayer.
A grande questão é que, ao fazer isso, você está na prática fornecendo os recursos que seu adversário precisa para sobreviver – afinal, é matando demônios que ele consegue energia, escudo e munição. Isso cria uma relação de risco e recompensa bastante interessante: vale a pena atacar com tudo e correr o risco de ser derrotado, ou é melhor minar seu adversário aos poucos e atacar enquanto ele se preocupa com a inteligência artificial?
Segundo Stratton e Martyn, essas decisões difíceis são a base do que torna o Battle Mode tão interessante. Enquanto quem joga como o Slayer é poderoso logo de cara, seus adversários também não poupam na força de seus golpes: as criaturas invocadas podem ser os soldados mais básicos do jogo, mas também podem ser monstros que, sozinhos, dão bastante trabalho para qualquer jogar.
É até mesmo por isso que a modalidade multiplayer é vista como algo a se fazer depois de vencer a campanha: você precisa ter familiaridade com as armas e as dinâmicas de inimigos se quiser sobreviver. Outro ponto interessante é que, a cada uma das 5 rodadas (quem ganhar 3 primeiro ganha), é possível escolher upgrades que dão uma vantagem maior para o lado escolhido.
Para balancear um pouco as coisas (e o fato de que um Doom Slayer completamente evoluído é algo extremamente poderoso), os demônios têm uma ligeira vantagem. Quando um deles é eliminado, é preciso matar o outro em 20 segundos para quem a criatura derrota não volte com metade de sua energia recuperada.
O outro lado, em compensação, pode acessar dois portais que o levam imediatamente de um lado para outro da fase, bem como a ferramentas que garantem a capacidade de navegar por todo o ambiente sem tocar nenhuma vez no chão. No ar, o Slayer é uma força bem difícil de parar, mas sempre é preciso voltar ao chão para conseguir os recursos necessários para permanecer vivo.
No geral, o Battle Mode parece incrivelmente interessante, brutal e estratégico, servindo como o complemento ideal para a aventura single player que, pelos nossos testes, parece ainda mais divertida que a do Doom de 2016. Mal podemos esperar para testar o novo modo, que faz sua estreia já no lançamento do game, que chega às lojas no dia 22 de novembro deste ano.
O Voxel viajou à QuakeCon 2019 a convite da Bethesda
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