O Apple Arcade é o serviço de assinatura da Apple que oferece dezenas de jogos com acesso ilimitado ao módico preço de R$ 9,90 mensais - o primeiro mês de testes é gratuito. Lançado em 19 de setembro para coincidir com o chegada do iOS 13, a nova versão do sistema operacional do iPhone, a plataforma à la Xbox Game Pass é uma aposta ousada da empresa de Cupertino para tentar mudar o conceito casual dos jogos mobile.
Revelado oficialmente em 10 de setembro durante a apresentação de anúncio da nova geração de iPhones, o Apple Arcade, sem alarde, ganhou a atenção de um público específico, de nicho, que nunca esteve tão presente nos dispositivos móveis: o jogador hardcore.
Para isso, a Apple recrutou empresas de alto calibre para compor o seu panteão, como Square Enix, Ubisoft, Capcom, Konami e Devolver Digital. Sem qualquer tipo de revelação oficial, os estúdios ficaram encarregados de desenvolver games robustos, na surdina, concebidos com a arquitetura dos novos iPhones em mente e com o grande atrativo de ter o requisitado formato premium.
Experiência premium a quem deseja mergulhar no universo mobile
Uma das maiores virtudes do Apple Arcade é justamente oferecer uma experiência mais parruda a quem está acostumado a esperar para jogar no ecossistema mobile. O catálogo inteiro da plataforma se afasta de microtransações e do questionável modelo "gacha", que funciona de forma semelhante às caixas de loot, com prêmios gerados de forma aleatória.
Além de não ter que aguardar até que as energias sejam recarregadas, você também não precisa desembolsar dinheiro para cortar caminho no sistema de progressão, o que de certa forma vai contra o modelo dos games que preenchem o topo da lista de mais rentáveis da App Store. Convenhamos: desfrutar de jogos de qualidade ao alcance do bolso, sem se preocupar com limite de tempo, anúncios e compras adicionais, é uma delícia - e quebra os velhos paradigmas da jogatina mobile.
A biblioteca inicial do Apple Arcade conta com pouco mais de 70 jogos, sendo que alguns foram lançados com exclusividade para o serviço e não podem ser adquiridos de forma avulsa na loja padrão. A promessa é de que o número exceda uma centena e que o catálogo seja renovado com certa frequência à medida que novos jogos forem produzidos.
Pouco espaço para muito jogo
Assim como no Xbox Game Pass da Microsoft, você precisa baixar o game desejado para começar a jogar. O problema, na verdade, é que em modelos antigos de iPhone e iPad, que ainda contavam com o armazenamento de 32 GB, provavelmente falte espaço para os aplicativos que ultrapassem 3 GB - tamanho, aliás, que é comum na lista do Apple Arcade.
A pesada experiência premium, no entanto, é compensada com games de alto nível, que podem ser usufruídos offline - com exceção aos que têm caráter multiplayer e cooperativo - e que se aproximam cada vez mais do que temos visto nos consoles da atual geração. De quebra, todos os jogos são integrados ao Game Center e possuem um sistema de conquistas viciante para incentivar o usuário a experimentar a lista toda.
Como de praxe, a Apple vai permitir que a jogatina continue entre diferentes aparelhos da marca, se aproveitando, é claro, de seu serviço de armazenamento na nuvem, o iCloud, para carregar progressos. O sistema é capaz de integrar iPhone iPad, Mac e Apple TV, com capacidade para até seis jogadores em gadgets distintos.
Jogatina mobile mais acessível
Grande parte do público que abomina a jogatina mobile é pelo fato de os controles não serem tão precisos na tela de toque. Para quem é hardcore e preza pelo gameplay, os comandos limitados dos joysticks virtuais representam o verdadeiro empecilho. No âmbito dos jogos de bolso, empresas como a Razer e Gamevice se aproveitam da limitação dos celulares e tablets para lançar controles específicos a preços salgados, especialmente no Brasil.
Com o lançamento do iOS 13, os controles do PlayStation 4, o DualShock 4, e o controle Bluetooth, do Xbox One (o mais recente disponível nos bundles de Xbox One S e Xbox One S), passaram a ser oficialmente compatíveis com os aparelhos da Apple. A experiência com os controles dos consoles funciona de forma majestosa, via conexão sem fio, sem qualquer tipo de lag, e se adapta a games atuais cuja jogabilidade depende de botões virtuais.
Biblioteca robusta
Não há como enaltecer um serviço de jogos sem falar dos jogos em si. E isso o Apple Arcade entrega, sem firulas. A loja é muito bem organizada e dividida em categorias, entre Ação, Aventura, Para iniciantes, Multiplayer, Plataforma, Quebra-cabeça e RPG. Em resumo, tem para todo gosto.
Inclusive, muitos dos games disponíveis no acervo inicial foram lançados há pouco para outras plataformas, como Cat Quest II, a sequência do RPG de ação protagonizado por gatos, Shantae and the Seven Sirens, a aventura que bebe da fórmula metroidvania, e Overland, uma viagem pós-apocalíptica de sobrevivência por turnos.
É uma ótima sacada da Apple trazer experiências de consoles a sua plataforma, justamente para atrair a atenção de jogadores mais puritanos. Até porque, o valor mensal a ser pago é realmente bem baixo se você cogitar adquirir cada jogo individualmente no Nintendo Switch, por exemplo.
Além de jogos multiplataforma, o Apple Arcade também trabalha com exclusivos de qualidade, em parceria com grandes estúdios. A Capcom, por exemplo, desenvolveu Shinsekai Into the Depths, um caprichado título em visão lateral cuja trama gira em torno de exploração submarina. Por outro lado, a Devolver Digital optou pela sequência intitulada de Exit the Gungeon, do roguelike Enter the Gungeon, assim como o inédito Bleak Sword, com visual pixelizado lindo e combate simples, que assume a forte inspiração na franquia Dark Souls.
Sonic Racing, da Sega, Rayman Mini, da Ubisoft, e Various Daylife, idealizado pelos criadores de Bravely Default, sob a supervisão da Square Enix, são outros grandes jogos de empresas conhecidas que ajudam a engrandecer a lista de exclusivos do Arcade.
Afinal, vale a pena?
Com um valor bem acessível ao mercado brasileiro e jogos honestos de grandes estúdios, sem microtransações e anúncios, o Apple Arcade é, definitivamente, o projeto mais ambicioso do cenário mobile.
De fato, não há nada que chegue aos pés do que a Apple está oferecendo em seu serviço em comparação ao que já foi visto nos dispositivos móveis. Resta saber se a empresa californiana pretende manter o mesmo empenho de seu lançamento para renovar o conteúdo da plataforma de tempos em tempos. Veremos.
Fontes