Recentemente a Organização Mundial da Saúde reconheceu o "Transtorno do Jogo" como uma doença mental. Os sintomas desse distúrbio incluem priorizar o jogo em detrimento de outros interesses e atividades diárias; e continuar jogando, mesmo diante de consequências negativas, sugerindo que o próprio jogo pode causar dependência e outros problemas.
Fonte: Divulgação/Pixabay
Por outro lado, um estudo desenvolvido por pesquisadores de Oxford chamado "Investigating the Motivational and Psychosocial Dynamics of Dysregulated Gaming: Evidence From a Preregistered Cohort Study" ("Investigando a dinâmica motivacional e psicossocial de jogar desreguladamente: evidência de um estudo de coorte pré-registrado", em tradução livre para o português), sugere que nossa satisfação mental e emocional não é completamente governada por nossos hábitos de jogo e que a classificação de uma doença mental com base nesses hábitos carece de contexto.
Pesquisas anteriores realizadas na mesma instituição já haviam questionado a base para conclusões sobre o Transtorno de Jogo. Este novo estudo desafia ainda mais a decisão da OMS, que já levou à criação de uma clínica de dependência de jogos na Inglaterra.
Os dados coletados pelo Oxford Internet Institute sugerem que, em vez de ser a causa de problemas, tendências viciantes de jogos estão enraizadas em questões mais profundas. Para o co-autor do estudo e diretor de pesquisa, o professor Andrew Przybylski, pesquisas anteriores "falharam em examinar o contexto mais amplo do que está acontecendo na vida desses jovens".
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Em vez de simplesmente quantificar o tempo gasto em jogos, este estudo quer entender as causas das longas compulsões nos jogos. Ao coletar e comparar dados de mais de mil adolescentes e seus responsáveis, o estudo descobriu que jogos prolongados não causam problemas emocionais ou comportamentais. "Em vez disso, é muito mais provável que variações na experiência de jogo estejam vinculadas ao fato de as necessidades psicológicas básicas de competência, autonomia e pertença social dos adolescentes estarem sendo atendidas e se eles já estiverem enfrentando problemas funcionais mais amplos. À luz de nossas descobertas, não acreditamos que existam evidências suficientes para justificar o pensamento sobre o jogo como um distúrbio clínico por si só", explica Przybylski.
A co-autora do estudo, Netta Weinstein, incentivou os profissionais de saúde a olharem mais de perto as causas do problema. "Pedimos aos profissionais de saúde que analisem mais de perto os fatores subjacentes, como satisfações psicológicas e frustrações cotidianas, para entender por que uma minoria de jogadores sente que deve se envolver em jogos de maneira obsessiva", ressaltou Weinstein.
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