Baralho do diabo! Programa de Gilberto Barros contra Yu-Gi-Oh finalmente é encontrado; Assista
Quem foi criança durante os anos 1990 ou o começo dos anos 2000 e já está começando a exibir seus primeiros cabelos brancos, conseguiu viver o auge de séries como Pokémon e Yu-Gi-Oh!. E, até mesmo por isso, também deve se lembrar de que essas obras originadas no Japão deram munição para muitos programas sensacionalistas criarem teorias da conspiração baseada no “pânico satânico”.
Entre aqueles que seguiram esse caminho está o apresentador Gilberto Barros, do Boa Noite Brasil, que no dia 2 de junho de 2003 deu início a uma série de quatro programas focada no jogo de cartas. Segundo ele e o convidado Alexandre Farias, o jogo seria o responsável por aumentar a violência entre as pessoas e pode responder pela destruição da sociedade.
Enquanto o programa viveu no imaginário do povo brasileiro por décadas, os vídeos da gravação estavam perdidos na internet. Por causa disso, esta edição do Boa Noite Brasil foi considerada por anos como uma "Lost Media", que abrange arquivos que foram perdidos ou estão indisponíveis na web.
No entanto, todo o caso está documentado e preservado na internet, em vídeos no YouTube, há cerca de 14 anos. Porém, os arquivos simplesmente não tinham sido encontrados via busca, o que finalmente mudou nos últimos dias, trazendo à tona esse caso novamente.
Programa de Gilberto Barros contra Yu-Gi-Oh! foi preservado pela internet
Embora o programa Boa Noite Brasil tenha sido encerrado em 2007, os episódios infames envolvendo Yu-Gi-Oh! permanecem preservados na internet. O Canal “CTERHEMA” traz o registro de diversos quadros nos quais Barros se dedica a atacar o que chama de “baralho do demônio”, que estaria corrompendo a juventude brasileira.
Acompanhado do teólogo Farias, o apresentador afirmou que o produto da Konami “estava brincando com nossas crianças”. Demonstrando ter pouco conhecimento de como funciona o jogo e suas regras, ele ainda assim afirma que os pais que decidiram dá-lo aos seus filhos os estariam levando rumo ao satanismo.
Para reforçar a “denúncia” contra Yu-Gi-Oh!, o Boa Noite Brasil exibiu uma reportagem que falava sobre a proibição das cartas em algumas escolas. Segundo os entrevistados, elas teriam sido as responsáveis por aumentar a agressividade entre os alunos, então bani-las totalmente foi o único meio de acabar com o problema.
Após passar diversos dias atacando o jogo, Barros chegou a dar espaço para um organizador de eventos especializados em jogos de carta e para um juiz de torneios. No entanto, nem mesmo o tom mais moderado apresentado por eles conseguiu diminuir os impactos das reportagens — que motivaram muitos pais a destruir as coleções de seus filhos.
As “denúncias” também ajudaram a retirar o anime de Yu-Gi-Oh! da programação da TV Globinho em 2004, já que ele acabou sendo reclassificado como impróprio para menores de 12 anos. Em 2017, Barros chegou a se desculpar sobre o ocorrido, afirmando que “as pessoas não entenderam” o recado que ele quis dar e que sua intenção era proteger a juventude brasileira.
Episódio mostra como o pânico moral chama a atenção
Embora os episódios do Boa Noite Brasil tenham ocorrido há mais de 20 anos, eles mostram como apelar para o pânico moral em busca de audiência é uma tática antiga e que dá muito certo. Ela inclusive acabou sendo adaptada para a internet, na qual muitos criadores de conteúdo se especializaram em demonstrar revolta e indignação como forma de engajar suas comunidades.
No que diz respeito a Yu-Gi-Oh!, a passagem do tempo provaria não somente que o jogo nada tem a ver com episódios demoníacos, como as acusações que ele sofreu não abalaram sua popularidade. Segundo a Konami, dona dos direitos da série, mais de 35 bilhões de unidades do game de cartas já foram vendidas ao redor do mundo desde que ele estreou em 1999.
E aí, você lembra desse icônico programa de Gilberto Barros ou chegou a ver ele ao vivo? Comente nas redes sociais do Minha Série!
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