Ainda Estou Aqui: o que a família Paiva achou do filme de Walter Salles?

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Finalmente chegou aos cinemas o filme Ainda Estou Aqui, do diretor Walter Salles. O longa brasileiro é baseado na história de Eunice Paiva, contada no livro escrito pelo próprio filho, Marcelo Rubens Paiva. A publicação, por sua vez, retrata uma das tantas histórias revoltantes que aconteceram na ditadura.

Ainda Estou Aqui, tanto o livro quanto o filme, fala sobre o desaparecimento de Rubens Paiva, engenheiro civil e ex-político que foi sequestrado pela polícia durante o período da ditadura militar no Brasil. Sem respostas sobre seu paradeiro, Eunice passou anos de sua vida em busca de, ao menos, ter a oportunidade de enterrar o marido.

O filme traz uma história de interesse nacional, afinal todo o Brasil foi vítima da ditadura, e faz isso retratando momentos marcantes da história dessa família. Mas o que os filhos de Eunice e Rubens acharam de Ainda Estou Aqui? Veja o que sabemos!

Ainda Estou Aqui já chegou aos cinemas de todo o Brasil
Ainda Estou Aqui já chegou aos cinemas de todo o Brasil

Ainda Estou Aqui: o que os filhos acharam do filme?

Ana Lúcia, Eliana, Marcelo, Maria Beatriz e Vera conversaram com o jornal O Globo sobre o que acharam do filme de Walter Salles. Vera, a filha mais velha, disse que assistiu a uma cópia crua do filme e que foi impactante.

"A cena da prisão da minha mãe me pegou. Precisei parar e sair para fumar", disse. "Esse filme me ajudou a reparar os efeitos que esse silêncio teve em nós. Não tocávamos no assunto. Minha mãe não falava da prisão", complementa.

Eliana também falou sobre o filme, relembrando do momento em que esteve presa com a mãe. "Tenho amigos que me conhecem há 40 anos e descobriram pelo filme que fui presa", diz a filha de Eunice e Rubens, afirmando que nunca falou sobre o acontecido, mesmo que tenha sido noticiado pela imprensa.

A filha Ana Lúcia relembrou de toda a tensão que a prisão da mãe provocou na família. "Os 12 dias que a minha mãe passou na prisão são um branco na minha cabeça. Ela chegou em casa acabada. Não era mais minha mãe", pontua Ana ao jornal O Globo.

"Voltou muito magra, abatida, quase não falava com a gente. Foi aí que entendi que o negócio era sério", completa revelando ainda que, na escola, mentia que o pai tinha morrido em um acidente de automóvel. "Torturaram e mataram o meu pai, olha a vida que a minha mãe teve, que a gente teve. E olha como eu estou me vingando: com um filme!", complementa Ana Lúcia na entrevista.

Fernanda Montenegro faz uma participação especial no longa
Fernanda Montenegro faz uma participação especial no longa

Marcelo Rubens Paiva, autor do livro que inspirou o filme, disse que sempre foi o mais propenso dos cinco filhos a falar sobre o caso. Ele conta que sempre abordou o assunto sem qualquer constrangimento, inclusive com a própria Eunice. "Minhas irmãs não falavam entre elas, mas eu falava o tempo todo, sem parar", diz o escritor.

"A principal lição que Eunice Paiva deixa é recusar o papel de vítima, é não baixar a cabeça", diz Marcelo. "Ela ficou com cinco crianças e sem dinheiro nenhum, mas não parou, tocou em frente, se reconstruiu, priorizou sua integridade enquanto mãe", completa.

Maria Beatriz disse na entrevista que se emocionou muito com o filme Ainda Estou Aqui. "Eu só chorava. Foi uma catarse. Senti uma tristeza muito forte, um luto, que durou semanas", diz a filha de Eunice. Ela conta ainda que quase pensou em voltar para a terapia e que nunca teve coragem de perguntar à mãe sobre a prisão.

"Minha mãe era o silêncio em pessoa. Ela não chorava. Levantou a cabeça e seguiu em frente. Ela era muito contida e racional. Quando dava entrevistas sobre o caso do meu pai, se mostrava uma mulher muito calma e inteligente. E era mesmo", concluiu Maria Beatriz, a filha mais nova do casal.

Ainda Estou Aqui traz história real aos cinemas

O filme de Walter Salles começa em 1971, quanto o ex-deputado federal Rubens Paiva foi tirado de casa e levado pela polícia durante a ditadura militar. Depois disso, ele nunca voltou para a família, e somente anos depois houve a confirmação de que ele foi torturado e morto.

A trama retrata o drama e a angústia de Eunice, que ainda precisava lidar com a tristeza de seus filhos sobre o ocorrido. Ainda Estou Aqui também se destaca por retratar muito bem a estética e ambientação da época, o que foi possível com a ajuda de Ana Lúcia Paiva, amiga de Walter Salles.

De acordo com o diretor, foi essencial analisar as fotos da família Paiva para recriar o cenário do longa. Até mesmo Marcelo ficou encantado com a quantidade de fotos que Eunice guardava. O escritor explica que organizou todos os arquivos da mãe enquanto ela lutava contra a doença de Alzheimer.

"Quando o Walter veio fazer a adaptação, coloquei tudo em uma caixa e confiei totalmente", diz Marcelo ao O Globo." Só depois soube que ele estava reproduzindo as fotos reais com os personagens. Ficamos em choque, porque às vezes não reconhecíamos que eram o Selton Mello e a Fernanda, de tão parecidos que estavam", completa. Confira o trailer do longa-metragem:

Ainda Estou Aqui vem ganhando repercussão não só nacional como estrangeira, e é uma das grandes apostas para o Oscar 2025. Você já pode assistir ao filme nos cinemas de todo o Brasil.

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Fontes

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