Conheça a história real que inspirou Ainda Estou Aqui, filme brasileiro do Oscar 2025

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Imagem: Divulgação/Conspiração Filmes

Chegou aos cinemas brasileiros o filme Ainda Estou Aqui, uma das grandes promessas para representar o Brasil no Oscar 2025. O longa, protagonizado por Fernanda Torres, tem como cenário a ditadura militar e conta a história real de Eunice Paiva.

Ainda Estou Aqui mostra a luta de uma mulher que passou 40 anos em busca da verdade sobre o desaparecimento de Rubens Paiva, engenheiro e ex-deputado, que desapareceu durante a ditadura. O filme, então, traz uma história de muita emoção sobre um dos tantos casos revoltantes que aconteceram neste período tão difícil da história do Brasil.

A trama nacional finalmente chega aos cinemas, e você pode se preparar para chegar nas salas sabendo tudo sobre o caso real de Ainda Estou Aqui. Confira a história de Eunice Paiva, que inspirou a criação do filme dirigido por Walter Salles.

Ainda Estou Aqui chega aos cinemas em novembroAinda Estou Aqui chega aos cinemas em novembroFonte:  Divulgação/Conspiração Filmes 

História real de Ainda Estou Aqui: quem era Eunice Paiva?

O filme Ainda Estou Aqui é uma adaptação do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, publicado em 2015. A história se passa na década de 1970 e acompanha Eunice Paiva, personagem de Fernanda Torres. Eunice nasceu em São Paulo e sempre gostou de ler. Em tempos diferentes dos atuais, precisou brigar com o próprio pai pelo direito de estudar.

Sua dedicação era tanta que passou em primeiro lugar no vestibular de Letras da Universidade Mackenzie. Eunice constituiu uma família com Rubens Paiva, que foi declarado como desaparecido em 1971, no Rio de Janeiro, depois de ter sido preso, torturado e executado.

Sem notícias do marido, ou ao menos de seu corpo, Eunice começou uma longa batalha para descobrir o que aconteceu. Junto à filha de apenas 15 anos, Eliana, Eunice também chegou a ser presa no DOI-CODI, onde permaneceu por 12 dias. Eliana ficou por 24 horas.

Após o desaparecimento, Eunice entrou na faculdade de direito, conciliando a rotina de estudos com a criação de seus cinco filhos com Rubens. Formada, se tornou uma advogada bastante respeitada no meio, se envolvendo em lutas sociais e políticas, inclusive combatendo a política indigenista até o final da ditadura. Com isso, ela se tornou uma das poucas especialistas em direito indígena do Brasil.

Eunice teve um papel importante na criação da Constituição Federal Brasileira, sendo consultora da Assembleia Nacional Constituinte em 1988. A advogada também esteve por trás de uma lei que reconhece pessoas desaparecidas na ditadura militar como mortas.

Somente em 1996, 25 anos após o desaparecimento do marido, Eunice conseguiu emitir o atestado de óbito de Rubens Paiva. Ela teve uma vida longa, falecendo aos 86 anos em 2018 após uma batalha de 14 anos contra o Alzheimer.

O filme é uma grande promessa para o Oscar 2025O filme é uma grande promessa para o Oscar 2025Fonte:  Divulgação/Conspiração Filmes 

A prisão

Vera Paiva, filha de Eunice e Rubens, falou sobre o desaparecimento do pai em uma entrevista realizada em 2021 para o site jornalístico Tutaméia. "A gente morava no Leblon. Meu pai era engenheiro, era diretor de uma empresa de engenharia. Ele ia muito à praia, jogava vôlei", conta.

Ela diz ainda que a prisão aconteceu em um fim de semana, quando a família estava voltando para casa. "De repente aparece a polícia, à paisana, e o intima, quer levá-lo para depoimento", comenta Vera. "Meu pai tinha cinco filhos, eu não estava em casa naquele momento, mas meus irmãos estavam, minha mãe estava. Ele vestiu o terno, a gravata, e espertamente decidiu ir dirigindo o seu próprio carro", completa.

Por fim, Vera diz que Eunice foi presa no dia seguinte. "Quando minha mãe foi solta e voltou para buscar o carro, ela assinou um recibo, e ela tinha uma cópia desse recibo. Por muito tempo, essa foi a prova única que a gente teve de que ele tinha sido preso", completa a explicação sobre o ocorrido.

Quem era Rubens Paiva

Rubens Beyrodt Paiva nasceu em Santos e era filho do ex-prefeito de Eldorado, cidade de São Paulo, Jaime Almeida Paiva. Se casou com Maria Lucrécia Eunice Facciolla, com quem teve cinco filhos. Era engenheiro civil e fez parte do movimento estudantil chamado de "O Petróleo é Nosso", conquistando cargos importantes na militância.

Em outubro de 1962, foi eleito deputado federal por São Paulo pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Se manifestando contra o golpe de estado, teve o mandato cassado em abril de 1964 pelo Golpe Militar.

Rubens Paiva foi exilado primeiramente na Iugoslávia, se mudando para a França posteriormente, e nove meses depois iria a Buenos Aires. No entanto, ele conseguiu uma forma de ir à São Paulo se reencontrar com a família, e juntos se mudaram para o Rio de Janeiro.

O ex-deputado voltou a exercer a engenharia, mas sempre envolvido com a política e mantendo contato com exilados. Logo, os policiais acreditavam que ele era um contato de um militante bastante procurado.

Foi quando seis homens invadiram a casa de Rubens Paiva, em 20 de janeiro de 1971, e o levaram. Ele foi dirigindo o próprio carro, que anos depois acabou se tornando uma prova de que ele foi preso.

Rubens Paiva acabou morrendo em consequência das agressões da tortura, mas as autoridades diziam que ele estava desaparecido. Eunice nunca desistiu de buscar a verdade e lutar por justiça.

A mentira foi descoberta somente em 2014, quando o ex-major Raimundo Ronaldo Campos admitiu o esquema. Apesar de ter conseguido o atestado de óbito do marido anos antes, o corpo de Rubens Paiva nunca foi encontrado.

Confira o trailer do filme:

O filme Ainda Estou Aqui chega aos cinemas no dia 7 de novembro.

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