Orcs têm família? Entenda polêmica envolvendo Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder
Disponível na Amazon Prime Video desde o dia 29 de agosto, a segunda temporada de O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder veio acompanhada por algumas polêmicas. Além de interpretar de maneira livre muitos dos escritos de J.R.R. Tolkien e introduzir novas caracterizações de personagens famosos, a série também mudou a maneira como orcs se comportam.
Enquanto os Orcs são mostrados como criaturas cruéis e que só pensam em causar o caos em outras obras inspiradas pelo escritor, na nova adaptação eles ganharam mais nuances. Em uma cena que chamou a atenção, os fãs puderam ver inclusive uma criatura que não quer ir à guerra e prefere ficar na segurança junto de sua família.
O Senhor dos Anéis: os Anéis do Poder traz interpretação polêmica dos orcs
A maneira como a série da Amazon Prime Video mostra seus orcs gera polêmica por destoar completamente do que foi mostrado em filmes e jogos de O Senhor dos Anéis até agora. Nas adaptações de Peter Jackson, por exemplo, eles são mostrados como criaturas com capacidade de pensamento rudimentar, cujo único propósito era causar o mal.
Os Orcs de O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder trazem caracterizações mais complexas.Fonte: Divulgação/Amazon Prime Video
De forma semelhante, tanto eles quanto os Uruk-Hai sempre foram descritos como criações corrompidas dedicadas a servir a um grande senhor das trevas. Já em O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder, eles demonstram mais autonomia e controle, chegando inclusive a se opor à tentativa de Sauron de comandá-los em uma nova guerra.
Embora possa ser polêmica para quem acompanha as adaptações de Tolkien, a caracterização feita pela série é condizente com os escritos do autor. Em sua extensa produção, ele deixou claro que não tinha certeza sobre muitos dos elementos que caracterizavam os orcs, incluindo suas capacidades de formar famílias ou laços amigáveis entre si.
Ao mesmo tempo, a ideia de que as criaturas têm relacionamentos complexos e não são somente uma ferramenta do mal traz alguns questionamentos que não são comuns nos livros. Afinal, quando pensamos nelas como seres com sentimentos e famílias, se torna mais complicado lidar com os massacres feitos por elfos, humanos e anões durante diferentes momentos da história.
Orcs de Tolkien têm uma origem complexa
Dentro do universo criado por Tolkien, os orcs são descritos inicialmente como uma corrupção dos primeiros elfos. Em O Silmarillion, ele afirma que o Valar Melkor, posteriormente conhecido como Morgoth, foi o primeiro a perceber que a nova raça criada pelo deus Eru Ilúvatar estava despertando na Terra Média.
Como no mundo de O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder o mal é conhecido por sua incapacidade de criar novas coisas, os orcs seriam um resultado de alguns dos primeiros elfos que foram capturados, torturados e corrompidos com o passar dos anos. Dentro da série da Amazon, Adar é a melhor representação disso, mantendo muitos dos traços élficos de seu passado.
No entanto, vale notar que as limitações sobre a criação de vida também se estendem aos Valar conhecidos pela bondade. Embora Aulë tenha criado os anões, eles só foram ganhar suas “almas” e personalidades graças à interferência direta de Ilúvatar, que selou a raça sob as montanhas para que ela aguardasse o momento de despertar dos elfos.
Nos anos posteriores à publicação de suas principais obras, Tolkien discutiu várias vezes a verdadeira natureza dos orcs, chegando a compará-los a humanos em algumas ocasiões. No entanto, o autor faleceu antes de encontrar uma resposta definitiva para a questão, que até hoje gera debate entre os fãs — e permite interpretações como aquelas mostradas pela série da plataforma de streaming.
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