Diabolicamente cômico, o filme Tipos de Gentileza não é para qualquer um (opinião)

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Após o sucesso de Pobres Criaturas no último Oscar, Yorgos Lanthimos e Emma Stone retomam sua elogiada parceria para mais um longa que reúne tramas estranhas, personagens com índoles questionáveis e texto afiado. Tipos de Gentileza (Kind of Kindness) estreou no Festival de Cannes 2024 e está chegando agora nos cinemas de todo o mundo.

Enquanto seu antecessor desafiou a mente do público ao trazer uma mulher vitoriana vivendo com um cérebro de bebê e experimentando tudo que o mundo tem a oferecer (incluindo os prazeres sexuais), Tipos de Gentileza decide ser menos ousado, ainda que continue tentando “quebrar a cabeça” de quem está assistindo.

Assim como a maior parte da filmografia do diretor grego, Tipos de Gentileza traz premissas singulares e excêntricas, com três histórias que me faziam ficar questionando "que diabos está acontecendo?".

Na primeira parte, acompanhamos o personagem de Jesse Plemons, um profissional que vive 100% sob as rígidas regras de seu chefe, interpretado por Willem Dafoe. Ele segue à risca todas as ordens do patrão, desde a hora que o despertador tocará até o momento em que tem relações sexuais com a esposa.

Quando ele se nega a fazer um pedido do chefe, o personagem se vê livre do serviço e, consequentemente, de todas as regras impostas pelo patrão tirânico. Mas será que ele quer mesmo sentir o bônus (ou ônus) da liberdade?

Já no segundo ato, vemos Plemons interpretando um policial depressivo após o desaparecimento de sua esposa em alto mar. Quando ela é encontrada e volta para casa, porém, ele acredita que sua real esposa foi substituída por uma impostora. A partir daí, loucura e realidade começam a se misturas, enquanto ele passa a pedir por provas de amor cada vez mais brutais.

Kinds of Kindness

Tipos de Gentileza conta com elenco renomado em combo de histórias bizarras

Por fim, a terceira e última parte acompanha dois membros de uma seita que viajam à procura de uma garota que, segundo os líderes messiânicos, é capaz de trazer uma pessoa de volta à vida.

Sim, para dar tempo de contar as três histórias, o filme ficou longo – beirando as três horas –, e, é claro, que não sobraria muito espaço no roteiro para grandes explicações. Se os chamados finais abertos são grandes repelentes de boa parte do público; aqui, o espectador não tem apenas um, mas logo três destes desfechos para frustrar os desavisados.

Eu, particularmente, gosto da falta de respostas diretas do filme e o espaço que o roteiro deixa nos dizendo algo do tipo “agora é com vocês”.

Essa atmosfera, inclusive, lembra bastante todo o clima dos filmes mais antigos do diretor grego, como a bizarrice de Dente Canino e a melancolia cômica de O Lagosta.

Por isso, Tipos de Gentileza provavelmente vai desagradar quem conhece o diretor apenas por Pobres Criaturas e A Favorita. Aqueles que já conhecem a filmografia do cineasta, porém, devem encontrar um terreno familiar da peculiar mente (e talvez um pouco perturbada) de Yorgos Lanthimos.

Tipos de Gentileza

Com muito sangue, suor, dedos cortados e até suruba, Lanthimos entrega mais um filme diabolicamente engraçado, enigmático, trágico, excêntrico – e que, diferente de Pobres Criaturas, provavelmente passará longe das estatuetas do Oscar.

Tipos de Gentileza estreia no dia 22 de agosto em todo o Brasil.

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