The Boys: Temporada 4 termina parecendo um aquecimento prolongado (crítica)
Encerrada na última quinta-feira (17) pela Amazon Prime Video, a quarta temporada de The Boys se encerra colocando fim ao arco de muitos personagens, ao mesmo tempo que traz a sensação de que reservou o melhor para o futuro. Em um ano marcado pelas eleições presidenciais dentro de seu universo, a trama estabelece as bases de um grande confronto que só vai ser resolvido em sua já confirmada leva final de episódios.
A seu favor, a temporada trouxe um maior desenvolvimento de personagens como Leitinho e Trem-Bala, que ganharam mais tempo de tela e motivações mais profundas. Ao mesmo tempo, a trama desperdiçou o potencial de Neuman que, de uma ameaça constante, se transformou em um elemento de roteiro com o qual os criadores não pareciam mais querer lidar.
Ao final da temporada, fica a sensação de que a Amazon Prime Video nos jogou uma verdadeira “bola curva” de promessas que não foram totalmente cumpridas. Embora algumas pontas abertas fossem esperadas, dado que a série ainda não terminou, a maneira como elas foram apresentadas nem sempre funcionou.
The Boys trouxe temporada sobre superação
Entre episódios bons, medianos e ruins, o maior pecado da série foi sua conclusão, que tendeu a soluções que pareceram bastante apressadas — mesmo que tenhamos assistido a mais de sete horas de histórias antes dele. Enquanto o relacionamento de Frenchie e Kimiko foi mostrado como algo importante pela temporada, a decisão de torná-los namorados no capítulo de encerramento pareceu simplista.
A quarta temporada de The Boys trouxe vários arcos de redençãoFonte: Divulgação/Amazon Prime Video
Ao mesmo tempo em que os personagens cresceram e enfrentaram arcos nos quais tiveram que lidar com o passado, a conversa na qual eles admitem seus sentimentos pareceu mais uma forma de estabelecer que eles “estão juntos” do que um desenvolvimento natural da linha narrativa. Em compensação, os roteiros foram mais competentes no que diz respeito à relação entre Hughie e Annie.
Mesmo que a super-heroína não tenha passado por seus melhores pessoais na história, seu arco em geral foi satisfatório e fez com que a personagem ganhasse camadas mais interessantes. Até dá para perdoar os roteiristas por terem feito seu poder ir de -100 para 1000 nos momentos finais, possibilitando que ela fugisse da Vought.
A temática de superação da temporada também foi benéfica para Hughie, que, ao mesmo tempo em que teve que lidar com a dor da perda de seu pai, também passou a perceber o quanto o trabalho com os The Boys lhe embruteceu. Ele também ganhou pontos por voltar a demonstrar seu grande potencial cômico, especialmente no capítulo em que se disfarça de Tece-Teia.
Já William Butcher não sabe o significado da palavra redençãoFonte: Divulgação/Amazon Prime Video
Como novo líder do grupo, Leitinho também ganhou um espaço merecido e pode desenvolver mais seu lado “paizão”, construído junto a uma parceria improvável com o Trem-Bala. Em compensação, o arco de Butcher, que tinha o potencial para ser o mais potente da trama, se perde em um truque que já está ficando velho para a série.
Desde sua primeira temporada, ela costuma estabelecer uma base narrativa que se espalha por vários capítulos, somente para terminar de forma inesperada. Dessa vez, isso aconteceu com Neuman, que, de grande ameaça, é neutralizada em segundos, e com Butcher que, de alguém arrependido diante da morte, volta a ser quase uma máquina em busca de vingança.
Embora essa mudança de rumo sempre estivesse espreitando o personagem, a maneira como ela é executada acabou parecendo mais como um “mecanismo de roteiro” do que uma contravenção de expectativas. Pelo menos ele não sofreu o mesmo destino de Mallory, cujas aparições são algumas das menos marcantes e pouco significativas de toda a série.
Quarta temporada parece aquecimento para a quinta
Apesar de muitas coisas terem acontecido na quarta temporada de The Boys, ela chega ao final com a sensação de que o contrário é verdade. Todas as principais ações do grupo podem ser resumidas à busca de um vírus (que se reinicia várias vezes) e à preparação ao conflito com um inimigo que, na prática, não acontece — e que deixa de ser um problema em questão de segundos.
Anthony Starr continuou a brilhar como o Capitão PátriaFonte: Divulgação/Amazon Prime Video
O mesmo pode ser dito no que diz respeito ao lado dos Sete, embora ele tenha trazido mais avanços. A inclusão de Espoleta e Mana Sábia foi uma ótima escolha dos roteiristas, e as personagens rendem as melhores críticas sociais da série. Ao mesmo tempo, Profundo e Ashley parecem estar sobrando um pouco, enquanto o novo Black Noir não entrega todo o potencial que podia.
Nesse contexto, quem mais brilha é justamente o Capitão Pátria. Anthony Starr volta a entregar atuações de alta qualidade e realmente incorpora um personagem que, apesar de todo o seu poder, segue frustrado com a vida e incapaz de sequer entender os motivos pelos quais nunca está contente.
Infelizmente, nem mesmo ele consegue escapar de estar envolvido em algumas das soluções fáceis do roteiro — que, reforço, marcam o último episódio. Quando todas as peças se alinham a favor do personagem, descobrimos que tudo era desde o começo parte do plano da Mana Sábia — o que parece que se encaixaria perfeitamente em um episódio de Scooby-Doo.
Nesse caso, a falta de uma demonstração palpável de como cada peça do plano se encaixava e foi prevista é o que mais dificulta acreditar nele. Afinal, como ela poderia ter ciência de que Butcher se transformaria em assassino com tentáculos ou que Robert Singer gravaria o vídeo perfeito para incriminá-lo pela morte de sua companheira de chapa?
Essas são questões que vão ficar para a quinta temporada, acompanhando a sensação de que muitas delas simplesmente vão ser ignoradas. Resta esperar para descobrir se todo o “aquecimento” feito pela Amazon Prime Video vai se pagar e a última leva de episódios — que vai contar com um retorno de Soldier Boy — realmente vai cumprir tudo o que promete.
Enquanto no passado o streaming já mostrou que sabe terminar bem suas temporadas — seja apresentando Neuman, ou fazendo o Capitão Pátria destruir alguém publicamente —, a quarta mostrou que nem sempre essas promessas se pagam. E, se tratando de uma trama que está em ritmo rápido em direção a seu final, esse pode se provar um histórico bem problemático.
Assista The Boys no Prime Video
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Uma visão irreverente do que acontece quando super-heróis, que são tão populares quanto celebridades, tão influentes quanto políticos e tão reverenciados como deuses, abusam de seus superpoderes ao invés de usá-los para o bem. Assine e teste grátis o Prime Video por 30 dias!
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