A Casa do Dragão: conheça a guerra civil medieval real que inspirou a série

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Imagem: Divulgação/HBO

Transmitida pela HBO e pela Max, a série A Casa do Dragão leva os fãs de Game of Thrones mais uma vez ao mundo de Westeros para testemunhar uma guerra civil que quase acabou com a casa Targaryen. Motivada por ambições pessoais e lordes que não atenderam a um juramento, ela mostra grandes combates envolvendo milhares de soldados e muitos dragões.

Apesar do tom fantasioso que o autor George R.R. Martin deu a Fogo & Sangue, que inspira a adaptação televisiva, a história é baseada em fatos reais. O próprio autor afirma que usou como inspiração o período britânico conhecido como “A Anarquia”, marcado por uma grande guerra civil.

A Casa do Dragão foi inspirada por uma guerra real.A Casa do Dragão foi inspirada por uma guerra real.Fonte:  Divulgação/Andreas F. Borchert/Wikimedia Commons 

Embora os eventos do mundo real obviamente não tenham envolvido criaturas mágicas, eles também têm doses generosas de traições e promessas não cumpridas. Entenda o que foi o período, quais suas raízes e como esse grande confronto acabou chegando ao fim após anos de batalhas.

O que foi A Anarquia que inspirou A Casa do Dragão?

A Anarquia tem suas origens em Henrique I, que governou a Inglaterra entre os anos de 1100 e 1135. Durante sua vida, o monarca se casou com Edite da Escócia, com quem teve dois filhos: Matilda e William, este último considerado o herdeiro legítimo ao trono — no entanto, um acidente de barco resultou na morte do rapaz aos 17 anos de idade.

Apesar de Henrique I ter tido diversos filhos fora do casamento, somente Matilda poderia ser considerada uma herdeira legítima. Dois anos após a morte de William, Edite também faleceu, fazendo com que o monarca se casasse com a jovem Adeliza de Louvain, com quem ele não teve nenhum filho.

A Anarquia foi provocada por um problema de sucessão ao trono inglêsA Anarquia foi provocada por um problema de sucessão ao trono inglêsFonte:  Divulgação/Wikimedia Commons 

Prevendo sua morte iminente, o rei reuniu diversas vezes seus vassalos para que eles jurassem respeitar sua linha sucessória, indicando Matilda como a herdeira legítima do trono — algo sem precedente na história. A situação é semelhante à do Rei Viserys, de A Casa do Dragão, que aponta Rhaenyra como sua herdeira após o restante de sua linhagem ter sido morta.

A diferença é que, enquanto Viserys teve outros filhos homens com Alicent, Matilda não tinha nenhum irmão (ao menos nenhum aceito legitimamente) como seu competidor. Mesmo assim, ela não assumiu o trono da Inglaterra após a morte de seu pai, que tinha arranjado um casamento entre ela e Geoffrey, Conde de Anjou, como forma de reforçar o juramento que seus vassalos tinham feito.

Com a morte de Henry I, resultado de uma intoxicação alimentar provocada por enguias, as promessas feitas anteriormente foram testadas. E a maior parte delas não resistiu ao machismo da época, que via uma mulher como incapaz de assumir o trono, que foi dado a Stephen de Blois, um primo daquela que deveria ser a legítima herdeira da Inglaterra.

A guerra civil começa

Embora muitos nobres tenham apoiado de Blois e traído seus juramentos a Henry I, Matilda também tinha alguns apoiadores. Entre eles estavam seu marido, o Conde de Anjou, seu meio-irmão Robert, o Conde de Gloucester, e vários nobres que ou haviam se mantido fieis, ou estavam insatisfeitos com a maneira como o novo rei conduzia seus negócios.

Isso resultou na guerra civil conhecida como A Anarquia, que durou entre os anos de 1138 e 1153. Enquanto as forças da herdeira do trono foram bem-sucedidas em invadir a Inglaterra e em capturar de Blois por certo período, ela só chegou a se sentar no trono por um breve período em 1141, sem nunca realmente reinar.

O conflito teve um grande impacto sobre a vida de camponeses, que tiveram suas terras invadidas e destruídas por vários exércitos. A duração longa do conflito fez com que as forças de Matilda eventualmente passassem a ser lideradas por seu filho, Henry como o avô, que teve diversos sucessos militares — mas nunca teve uma vitória definitiva.

No entanto, o desgaste dos dois lados fez com que eles eventualmente chegassem a um acordo que colocou fim à Anarquia. Enfraquecido politicamente, de Blois não conseguiu transformar seu filho William, então uma jovem criança, em seu sucessor — com sua morte, Henry II assumiu o trono e iniciou um processo de reconstrução que durou mais de uma década.

A Anarquia é parte importante da história do domínio anglo-saxão sobre a InglaterraA Anarquia é parte importante da história do domínio anglo-saxão sobre a InglaterraFonte:  Divulgação/The British Library Catalogue of Illuminated Manuscripts/Wikimedia Commons 

Durante seu reinado, ele expulsou os grupos mercenários que permaneciam na Inglaterra, destruiu aproximadamente 375 castelos construídos sem permissão e estreitou seus laços com a corte real. No entanto, isso não colocou fim aos confrontos do país, que enfrentou combates com Gales e a Escócia pelo controle de terras nos anos seguintes.

Apesar de sua duração curta em relação a outras guerras civis, A Anarquia é lembrada como um episódio importante da história inglesa que ajudou a estabelecer o domínio anglo-saxão sobre seus territórios. Embora ela tenha servido como inspiração para A Casa do Dragão, a série da HBO promete combates ainda mais intensos e várias reviravoltas em relação a quem vai ocupar o trono de Westeros em seu final.

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