O que é verdade e mentira em Vikings Valhalla? Conheça a história real da série

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Imagem: Divulgação/Netflix

Iniciada em 2022 pela Netflix, Vikings: Valhalla é uma sequência direta da série Vikings, uma produção bastante celebrada do History Channel, que será encerrada em sua terceira temporada na Netflix. Embora compartilhem o mesmo universo, das duas produções são separadas historicamente por mais de 100 anos e têm propósitos bastante diferentes.

Enquanto a primeira delas tinha como objetivo mostrar o início da chamada Era Viking, a segunda foi criada com a intenção de retratar o fim desse período. Embora suas três temporadas não tenham conseguido fazer isso totalmente, ainda assim elas mostraram eventos importantes que realmente ficaram marcados na história.

Apesar de ser baseada em uma extensa pesquisa acadêmica e trazer protagonistas reais, nem tudo em Vikings: Valhalla aconteceu do jeito retratado pela série. Muito disso é fruto da própria maneira como esses povos contavam suas aventuras, dependendo muito mais da tradição oral do que da escrita.

Quando começa Vikings: Valhalla?

Vikings: Valhalla começa no Século XI, mais precisamente no ano 1022, com uma reprodução do Massacre do Dia de São Brice. Ordenado pelo Rei Etelredo II da Inglaterra, ele resultou na morte de diversos dinamarqueses e surgiu como uma reação aos ataques frequentes que eles estavam realizando dentro do território inglês.

Entre aqueles que se acredita terem morrido no conflito estão Gunhilde, irmã de Sweyn Forkbeard, o Rei da Dinamarca, e seu marido, Pallig Tokesen. Na série, isso motiva o Rei Canute (Bradley Freegard) a buscar por vingança, na qual ele invade a Inglaterra e acaba se estabelecendo como seu novo monarca.

Inspirada pelo mundo real, Vikings: Valhalla traz muitas liberdades criativasInspirada pelo mundo real, Vikings: Valhalla traz muitas liberdades criativasFonte:  Divulgação/Netflix 

As distinções entre Vikings: Valhalla e o mundo real começam logo nesse evento: enquanto na produção do streaming ele acontece em 1022, no mundo real há relatos de que o massacre ocorreu em 1002. A própria plataforma admite que fez vários ajustes e compressões de tempo para tornar sua trama mais coerente e trazer mais complexidade para seus personagens — o que significa que não é possível apontar precisamente quando cada um de seus eventos acontece.

“Como uma ficção histórica, tramas e personagens foram alterados para fazer um drama envolvente, mas muito é baseado em fatos, incluindo os detalhes de roupas, ambientações e armas. Os Vikings não registravam seus feitos, então muito de seu mundo está aberto à interpretação”, explica a empresa.

Ao mesmo tempo, ela deixa claro que a ambientação da série é realista e representa um momento de auge para o povo Viking. Na época, eles já haviam explorado boa parte da Europa e possuíam assentamentos na Groelândia e Islândia, e já tinham explorado o Norte da África, a Sicília e a Espanha, entre outras regiões da Europa.

Série traz personagens reais reimaginados

Entre os nomes que se destacam na série da Netflix está o de Leif Eriksson (Sam Corlett), que é descrito como uma pessoa curiosa disposta a ir muito além do que sua terra natal tem a oferecer. Embora as viagens que ele faz ao Mediterrâneo e à Constantinopla na série não tenham acontecido na vida real, ele ainda ficou conhecido por ter visitado muitos países.

Além de ter criado os primeiros assentamentos Vikings na Groelândia, o filho de Erik, o Vermelho, também é conhecido historicamente como o primeiro europeu a chegar à costa do Canadá, muito antes da era das navegações. Segundo Justin Pollard, que forneceu uma consultoria histórica ao streaming, muito pouco se sabe sobre a pessoa real que inspirou o personagem.

Leif e Harald provavelmente nunca se conheceram no mundo realLeif e Harald provavelmente nunca se conheceram no mundo realFonte:  Divulgação/Netflix 

Com isso, a série acabou fazendo vários ajustes para criar uma narrativa coesa e transformar Leif em uma figura interessante. Segundo Pollard, o homem da vida real provavelmente nunca conheceu Harald Sigurdsson (Leo Sutter), tampouco desenvolveu uma amizade com ele — no entanto, ele realmente foi irmão de Freydís, interpretada por Frida Gustavsson.

Ela também nunca teve um relacionamento com Harald, tampouco foi a responsável por dar luz a um filho do guerreiro. “Isso foi algo que criamos”, explica o consultor. “É um caso de pegar esses elementos históricos, esses pedaços de quebra-cabeça, e colorir um pouco as linhas entre eles”, explicou.

A Freydís da série é uma versão bastante romantizada da guerreira real.A Freydís da série é uma versão bastante romantizada da guerreira real.Fonte:  Divulgação/Netflix 

Enquanto a maioria do elenco de Vikings: Valhalla é baseada em figuras reais, nem todas são mostradas pela série de forma fiel. Olaf Haraldson, por exemplo, não tinha uma rivalidade com Freydís (eles também nunca se conheceram) e chegou a compartilhar o reinado da Noruega com Harald durante um ano — fruto do fato de eles serem meio-irmãos.

No entanto, ele não foi preso por ter sido considerado um traidor. No mundo real, ele acabou morrendo durante a Batalha de Stiklestad como consequência de ferimentos graves em seu joelho, pescoço e barriga. Um ano depois, se iniciou seu processo de beatificação pela Igreja Católica, que o transformou no Santo Olaf.

Vikings: Valhalla adapta eventos reais

Da mesma forma como faz com seus personagens, Vikings: Valhalla também adapta eventos do mundo real de maneira que nem sempre é fiel. Um exemplo disso é a retratação da série da destruição da Ponte de Londres. Embora isso tenha acontecido várias vezes na história, historiadores nem sempre concordam sobre a data do evento envolvendo os vikings.

Algo semelhante acontece com a cidade de Kattegat, cenário de vários conflitos importantes na série. Na vida real, ela está localizada em um território bastante diferente daquele retratado pela ficção histórica. As aventuras de Harald por Constantinopla também ganharam novas camadas na produção, que se baseou somente no fato de que ele realmente esteve na cidade em algum momento de sua vida.

Outros eventos, como a morte do Rei Canute, também ganharam uma camada de “romance” na produção para se tornarem mais dramáticos. Historiadores não sabem exatamente como ele morreu, mas têm certeza de que ele não apontou Emma como sua sucessora — no entanto, a inclusão desse elemento trouxe mais intrigas políticas para a série.

Segundo o criador Jeb Stuart, muitos dos elementos que a produção encerrada em sua terceira temporada apresentou tinham esse objetivo, embora muitos deles trabalhem em um nível mais sutil. Um exemplo disso é a introdução do jovem William, o Bastardo, nos episódios finais transmitidos pela Netflix.

Vikings: Valhalla traz easter eggs que só são percebidos por quem conhece a história realVikings: Valhalla traz easter eggs que só são percebidos por quem conhece a história realFonte:  Divulgação/Netflix 

Um sucessor direto de Rollo, do Vikings original, ele não tem grande importância em Valhalla. No entanto, quem conhece a história real sabe que ele vai virar William, o Conquistador, personagem conhecido por ter sido o responsável pelo fim da Era Viking ao derrotar em batalha Harold Godwinson, o então rei da Inglaterra.

“Acredito que essas são coisas que animam as pessoas sobre as histórias de Vikings”, explicou Stuart. “Elas não são somente aventuras, não são somente violência, mas elas representam um espírito igualitário incrível que gostamos de abraçar”. Uma produção exclusiva do streaming, Vikings: Valhalla foi finalizada com três temporadas, cada uma com oito episódios cada.


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