Paul Atreides se torna vilão ou herói nos livros de Duna? Entenda
A saga de Duna, criada por Frank Herbert, tem intrigado e fascinado leitores e espectadores por décadas, especialmente no que diz respeito à complexidade de seu protagonista, Paul Atreides. Com a chegada de Duna 2, a discussão sobre se Paul é um herói ou um vilão ganha novos contornos, mergulhando profundamente nas intenções originais de Herbert e nas adaptações cinematográficas que se seguiram.
A interpretação de Timothée Chalamet como Paul "Muad'Dib" Atreides trouxe à tona a crítica de Herbert à narrativa do "escolhido", questionando os arquétipos heroicos comuns na ficção científica.
Fonte: Warner Bros. Pictures
O peso do destino
A história de Paul em Duna 2 revela um caminho sombrio, destacando seu potencial aterrorizante como vilão. Após a morte de seu pai pelas mãos da Casa Harkonnen e do Imperador, ele e sua mãe, Lady Jessica, encontram refúgio entre os Fremen, o povo do deserto de Arrakis.
Jessica, aproveitando-se das crenças religiosas deles, ajuda a posicionar o filho como uma figura messiânica, apesar das próprias hesitações do rapaz. A relutância dele em abraçar esse destino destaca sua complexidade: embora inicialmente pareça estar alinhado com os objetivos dos Fremen, suas visões do futuro revelam as consequências sangrentas de sua ascensão.
A adaptação de Denis Villeneuve contrasta fortemente com a versão de 1984 de David Lynch, no qual Paul é retratado como um herói triunfante. Villeneuve, no entanto, adere mais de perto à visão de Herbert, apresentando como uma figura trágica cujas ações, embora possam libertar Arrakis, desencadeiam uma guerra santa devastadora.
A narrativa anti-colonialista e anti-salvacionista do filme é reforçada pela personagem Chani (Zendaya), que questiona o papel messiânico e as intenções por trás dele.
O destino conturbado de Paul Atreides nos livros
Fonte: Warner Bros. Pictures
A complexidade de Paul Atreides é explorada ainda mais na sequência, Messias de Duna, em que as consequências trágicas de suas escolhas são desdobradas.
Messias de Duna se passa 12 anos após os eventos do primeiro livro e, nele, vemos Paul como Imperador do Universo Conhecido. Na trama, o protagonista se mostra impotente em relação à Guerra Santa.
Enquanto isso, o livro mostra Paul tentando ter um filho (ou herdeiro) com Chani, mas sem sucesso. Já o seu relacionamento com a Princesa Irulan também é abordado com mais profundidade, mostrando como ela planeja, ao mesmo tempo, se tornar a esposa "oficial" de Paul e acabar com o seu império.
Aqui, vale ressaltar que a adaptação para o cinema já mudou essa parte da história, com Chani abandonando Paul quando ele decide se casar com Irulan.
No livro Messias de Duna, Paul também começa a ter visões sobre o futuro da humanidade. Chamada Caminho Dourado, a visão mostra um plano que evitaria a extinção dos seres humanos, mas, para isso, Kwisatz Haderach teria que governar tiranicamente.
No geral, Herbert nos adverte sobre os perigos de heróis que alcançam um status quase divino, e Duna 2 captura essa essência, questionando a sua moralidade e as implicações de suas decisões.
A ambiguidade moral de Atreides se aprofunda especialmente após os eventos marcantes do novo filme. A libertação de Arrakis e a vitória sobre os Harkonnen, que à primeira vista podem ser interpretadas como façanhas heroicas, ganham uma camada de complexidade com a revelação surpreendente sobre a linhagem dele.
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Box Duna: Primeira Trilogia + Mapa Arrakis, Frank Herbert
Box Duna: Primeira Trilogia + Mapa Arrakis, Frank Herbert
Formado pelos livros iniciais da saga – Duna, Messias de Duna e Filhos de Duna, acompanhando a trajetória de Paul Atreides e sua família no planeta Arrakis. Uma estonteante mistura de aventura e misticismo, ecologia e política.
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