Greve nos doramas? Netflix é criticada por não pagar coreanos justamente
Estrelas sul-coreanas que participam de produções da Netflix estão sentindo seus bolsos mais vazios, apesar do sucesso estrondoso que produções originais do país, como Round 6 e A Lição, por exemplo, têm feito recentemente. Segundo um relatório do veículo Los Angeles Times, a gigante do streaming, simplesmente, não faz pagamentos residuais para os astros orientais atualmente.
A Netflix tem se expandido no mercado de conteúdo original sul-coreano nos últimos anos, emplacando diversas séries, filmes e doramas. Round 6, por exemplo, lançado em 2021, ainda é o seriado mais assistido da história da plataforma norte-americana.
No entanto, enquanto a greve do SAG-AFTRA nos Estados Unidos segue firme devido a pagamentos irrisórios de resíduos, o relatório revela que atores sul-coreanos se encontram em uma situação ainda pior, já que nem se quer recebem o benefício.
Atores coreanos não recebem resíduos por parte da Netflix, o que pode gerar uma crise entre os artistas e o streaming.Fonte: Netflix
A voz dos atores sul-coreanos ecoa através de Song Chang-gon, ator e atual presidente do Sindicato de Atores da Coreia. Ele denuncia que a Netflix está fechada a dialogar com o sindicato sobre o pagamento de resíduos, que é um bônus pago aos artistas após a estreia de uma obra.
A frustração é palpável: "Um de seus primeiros compromissos ao entrar no mercado local deveria ser estabelecer canais de comunicação com grupos como o nosso. Mas não há resposta alguma", ressaltou Song.
Sindicato mostra descontentamento
A disparidade nos orçamentos de produção da Netflix agrava o problema. A maior fatia da torta vai para os astros de primeira grandeza e roteiristas renomados, deixando os atores coadjuvantes com salários estagnados ou até decrescentes.
Até mesmo em produções mais exigentes, como aquelas com zumbis e criaturas, os atores têm de se desdobrar sem uma compensação adequada. Song Chang-gon chama a atenção para a importância de uma coesão global: "Há terreno comum entre nós e o SAG-AFTRA. Organizações semelhantes de todo o mundo deveriam se unir para criar um senso de solidariedade".
Silêncio da Netflix
Contudo, a Netflix prefere manter o silêncio. Um porta-voz da empresa se recusou a comentar o relatório ou a possibilidade de negociação com o Sindicato de Atores da Coreia.
A Netflix alega que opera em conformidade com as leis e regulamentos locais da Coreia do Sul. No entanto, a desigualdade persiste: como serviço de streaming e não uma emissora tradicional, a Netflix se esquiva de pagar resíduos a atores, roteiristas e equipe de produção.
Agora, será preciso aguardar para saber como os atores coreanos lidarão com a situação e se se juntarão às greves de artistas estadunidenses, que seguem ativas. Será que a greve dos Estados Unidos vai servir como exemplo para uma paralização na Coreia do Sul?
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