Barbie é o blockbuster do ano e vale todo o seu hype (opinião)
Atenção: o texto a seguir NÃO tem spoiler do novo filme Barbie!
Como já dizia o hit da banda Aqua, “life in plastic” realmente é fantástica. Mas não se engane com o mundo cor de rosa, porque aparentemente até as bonecas de plástico têm crises existenciais — e você, mulher que vive no planeta Terra, até vai se identificar com muitas delas.
Após muita espera, Barbie (que provavelmente é o filme mais esperado do ano) já está entre nós, e a boa notícia é que sim, o filme vale mesmo todo o hype criado nos últimos meses. Após a divulgação fortíssima da Warner Bros com a Mattel para promover o longa, a produção se tornou um fenômeno em todo o mundo antes mesmo de ser exibido nas telonas pela primeira vez.
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Já não é dúvida para ninguém que toda a “lenda” construído em torno do longa transformou o lançamento no grande evento cinematográfico do ano. Fãs aos bandos com seus melhores looks rosa, parceria com grandes empresas de vários nichos e muito (muito mesmo) hype nas redes sociais foram essenciais para criar toda a expectativa sobre o filme.
Divulgação/Warner Bros.
Felizmente, a diretora Greta Gerwig conseguiu cumprir as expectativas e trouxe um dos filmes mais originais, divertidos e autênticos dos últimos tempos. Com uma história muito mais profunda do que aquela mostrada nos trailers, Barbie consegue ser mais do que uma publicidade da Mattel e expõe as várias questões ambíguas em torno da boneca mais famosa do mundo.
Afinal, ela pode mesmo ser considerada um símbolo de empoderamento feminino ou não passa de um padrão inalcançável de beleza para as mulheres?
Brincando com as várias interpretações confusas em torno da Barbie, o roteiro escrito por Noah Bambuch (A História de um Casamento) e Greta Gerwig transforma uma figura aparentemente oca e sem profundidade em uma mensagem de empoderamento. E, aqui entre nós, um filme live-action da Barbie que fosse lançado sem um recado minimamente feminista nas entrelinhas em 2023 não seria bem recebido, né?
Plástico também tem crise existencial?
Os longas de Greta Gerwig retratam principalmente a transição da adolescência para a vida adulta. Da inocência e ingenuidade para a confusão do amadurecimento. Por isso, já era de se esperar que os temas voltariam para o centro da história em Barbie.
Na trama, a personagem vive uma vida perfeita, todos os dias, para sempre. Na Barbieland, como o nome já sugere, quem mandam são elas. Issa Rae é a Barbie Presidente, Alexandra Shipp é a Barbie Escritora, Emmy Mackey é a Barbie Física, e assim vai.
A protagonista, no entanto, é a boneca estereótipo - ou seja, a Barbie clássica, interpretada pela talentosa Margot Robbie. Tudo vai bem no mundo perfeito das bonecas (e dos Kens), até que a personagem começa a apresentar “defeitos” (representados na história como celulite e pés planos). A partir daí, ela precisa ir ao mundo real para conseguir respostas e voltar ao normal.
Divulgação/Warner Bros.
Ao chegar aqui, porém, ela percebe que as coisas são bem diferentes do que as Barbies imaginam. Enfrentando uma trajetória de autodescoberta, ela passa pelas temidas crises existenciais (bem-vinda ao mundo real) enquanto tenta descobrir o seu propósito.
Original, engraçado e audacioso
O filme é muito bem-humorado, com boas sacadas audaciosas não só sobre o mundo da Barbie e da vida real, mas da própria Mattel, empresa proprietária da boneca, envolvida em algumas polêmicas ao longo de sua história.
O roteiro é sagaz ao transformar típicos comportamentos masculinos em piada. Quer a explicação de um filme (principalmente aqueles "másculos", como O Poderoso Chefão) ou ajuda em um programa de computador? Peça ao homem mais próximo, ele com certeza vai fazer questão de explicar tudo. Noah e Greta abordam o assunto de forma leve e surpreendentemente cômica. Mas um alerta: alguns Kens da realidade podem não gostar tanto dessa parte...
Carismático, ingênuo e engraçado, Ken de Ryan Gosling é o ponto alto do filme
Outras boas sacadas são os vários momentos de "autoconsciência" dos personagens, que conseguem tirar risadas do público. Nesse tópico, aliás, vale destacar as cenas em que Ryan Gosling protagoniza. O ator lidera, com maestria, boa parte dos momentos de comédia, roubando a cena em várias partes. Se na Barbieland ele é "só” o Ken, no filme, Gosling é o ponto forte, com algumas das melhores falas (o ápice das quase duas horas de filme, aliás, é inundado por muita música e dança "kenergy").
O CEO da Mattel (pasme, um homem!), interpretado por Will Farell, também traz boas doses de humor piegas necessárias ao longa. Além dele, as participações de Michael Cera e Simu Liu são alguns destaques do elenco masculino.
Divulgação/Warner Bros.
Resumidamente e sem exageros, Barbie parece um grande sonho engraçado, fantástico, feminista e ultra colorido de Greta Gerwig.
O filme é um verdadeiro deleite para o cinema atual. Com uma história original, divertida e inteligente, o filme poderia facilmente entrar para a lista de produções obrigatórias para jovens meninas. Reflexivo, empoderador, engraçado e extremamente questionador, Barbie com certeza não será esquecido tão cedo.
Barbie chega hoje (20) aos cinemas de todo o Brasil.
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