Por que atores e roteiristas estão em greve em Hollywood? Entenda
Atores e atrizes de Hollywood entraram em greve oficialmente na última quinta-feira (13) após as negociações com os estúdios serem interrompidas sem um acordo. Os artistas se uniram aos mais de 11 mil roteiristas que estão em paralisação desde o início de maio.
Em coletiva de imprensa, a presidente do sindicato de atores (SAG-AFTRA), Fran Drescher, se disse "chocada com a maneira em que estão sendo tratados". "Eu não posso acreditar como estamos distantes em tantas coisas, como eles [estúdios] alegam pobreza e que estão perdendo dinheiro ao dar centenas de milhões para seus CEOs."
Esta é a primeira vez, em 63 anos, que uma greve conjunta entre as duas categorias acontece. Agora, a expectativa é que a produção de inúmeras séries e filmes dos Estados Unidos seja pausada, sem previsão de retorno.
Atores e roteiristas estão em greve juntos a partir desta sexta-feira (14) (Reprodução/GettyImages)
Se você não está entendendo o que está acontecendo, confira abaixo os principais pontos envolvendo a greve dos roteiristas e atores de Hollywood.
O que os atores e roteiristas pedem?
Nesta greve, tanto o SAG-AFTRA (que representa 160 mil atores de cinema e televisão) quanto o Writers Guild of America (sindicato dos roteiristas com mais de 11 mil membros) exigem melhores salários-base, além de parcelas de direitos autorais de produções exibidas em serviços de streaming.
Ambas as categorias também pedem garantias de que seus trabalhos não serão substituídos por inteligência artificial (IA). Os artistas estão preocupados de que suas imagens digitais sejam usadas sem sua permissão ou uma compensação adequada (algo parecido com o episódio de Black Mirror)
O que dizem os estúdios?
Em resposta ao início da greve, a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), associação que negocia em nome da Netflix, Walt Disney e mais estúdios, afirmou que estava "profundamente decepcionada com o fato de a SAG-AFTRA decidir se afastar das negociações."
Segundo a associação, foram oferecidos os maiores aumentos percentuais no salário mínimo em 35 anos. O grupo afirma que entre os benefícios oferecidos nas negociações estavam "aumentos substanciais" para pensões, planos de saúde e um aumento de mais de 70% nos resíduos estrangeiros pagos por serviços de streaming.
Os estúdios também teriam apresentado "uma proposta inovadora de IA que protege as representações digitais dos atores".
Quanto tempo vai durar a greve?
Assim como qualquer greve, não há previsão para o retorno das atividades. A presidente da SAG-AFTRA, Fran Drescher, porém, explicou que os artistas estão prontos para uma longa paralisação.
“No momento, discutimos quanto custaria se durasse seis meses, então estamos pensando no longo prazo. A gravidade de um compromisso como este não é ignorada por nenhum de nós. É algo significativo. Mas também reconhecemos que não temos futuro nem sustento se não tomarmos essa medida, infelizmente."
A presidente do sindicato de atores, Fran Drescher confirmou a greve na tarde de ontem (13) (GettyImages/Reprodução)
Como o Brasil pode ser afetado?
Ainda que a greve seja no Estados Unidos, os impactos devem chegar a outros países. Isso porque, se os atores e atrizes membros do SAG-AFTRA estiverem filmando um filme na Europa, Austrália, Ásia ou em qualquer outro lugar, eles terão que interromper as gravações.
Além de pausar as filmagens, os artistas não podem promover filmes e séries ao redor do mundo, incluindo importantes festivais de cinema. Com as produções estadunidenses paradas, espera-se que títulos de outros países fiquem mais em evidência nos serviços de streaming, incluindo as produções brasileiras.
Impacto financeiro
É difícil calcular o impacto financeiro de uma greve, já que tudo dependerá do período em que os profissionais ficarão parados. No entanto, podemos comparar com a paralisação dos roteiristas em 2007.
A greve durou 100 dias e, ao todo, o prejuízo foi de aproximadamente US$ 2 bilhões, cerca de US$ 20 milhões por dia. Com inflação atual, especialistas apontam que o prejuízo será de cerca de US$ 30 milhões por dia.
Além da questão financeira, também é preciso levar em conta o impacto nos conteúdos que serão produzidos durante o período. Alguns estúdios ainda seguem fazendo produções mesmo sem roteiristas ou apoio de atores, o que pode prejudicar filmes e séries a longo prazo.
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