Além dos roteiristas, atores iniciarão greve em Hollywood
As negociações entre a Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists (SAG-AFTRA) e os estúdios chegaram a um impasse, deixando uma greve iminente no horizonte. O contrato do sindicato expirou oficialmente à meia-noite, e a falta de acordo levou o comitê de negociação a votar unanimemente a favor de uma greve.
O presidente da SAG-AFTRA, Fran Drescher, disse em um comunicado que as propostas da Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), representante das empresas de cinema e TV, foram "insultosas e desrespeitosas".
“As empresas se recusaram a se envolver significativamente em alguns tópicos e em outros nos bloquearam completamente. Até que eles negociem de boa fé, não podemos começar a chegar a um acordo”, disse Drescher.
A última vez em que atores e roteiristas fizeram greve ao mesmo tempo foi em 1960.Fonte: GettyImages
Por outro lado, a AMPTP disse em comunicado que estava desapontada com o resultado das negociações e que a decisão de iniciar uma greve é exclusivamente do sindicato.
"Ao fazer isso, [o sindicato] rejeitou nossa oferta de aumentos residuais e salariais históricos, limites substancialmente mais altos para pensões e contribuições de saúde, proteções de audição, períodos de opção de série reduzidos, uma proposta inovadora de IA que protege as imagens digitais dos atores e muito mais. Em vez de continuar negociando, o SAG-AFTRA nos colocou em um curso que aprofundará as dificuldades financeiras de milhares que dependem do setor para sua subsistência”.
O próximo passo é a reunião do conselho nacional da SAG-AFTRA, marcada para a manhã desta quinta-feira (13), na qual será discutida a convocação da greve. Caso a greve seja aprovada, diversas produções de filmes, séries e programas de TV serão interrompidas imediatamente.
Reivindicações do SAG-AFTRA: pagamentos por streaming e regulamentação da IA
O SAG-AFTRA representa 160 mil artistas. O sindicato não entra em greve desde 1980. As principais exigências dos atores são:
- aumentos nos pagamentos residuais para distribuição em plataformas de streaming, como a Netflix;
- limites para audições autogravadas;
- e regulamentações sobre o uso de inteligência artificial, exigindo remuneração pelo uso de sua aparência gerado por IA.
“A inteligência artificial representa uma ameaça existencial para as profissões criativas, e todos os atores e performers merecem uma linguagem contratual que os proteja de ter sua identidade e talento explorados sem consentimento e pagamento", disse o sindicato na última quinta-feira (6).
O ator Rob Lowe (9-1-1 Lone Star) se juntou aos protestos dos roteiristas em Nova York.Fonte: GettyImages
As negociações com o SAG-AFTRA iniciaram em 7 de junho e seguiam em um bom curso até que, nas últimas semanas, o AMPTP pediu a assistência de um mediador federal conforme o direcionamento de vários executivos de Hollywood, como o chefe da Warner Bros. Discovery, David Zaslav.
O SAG-AFTRA aceitou a mediação, mas classificou essa ação de última hora como “manobra cínica” por não terem sido notificados antes que a notícia do mediador vazasse para a impressa.
Os membros do sindicato votaram 98% a favor de uma autorização de greve se nenhum acordo fosse alcançado. Em uma carta assinada por mais de 2 mil atores, os líderes do SAG-AFTRA foram solicitados a aceitar apenas um acordo progressista.
“Este não é um momento para se encontrar no meio, e não é exagero dizer que os olhos da história estão sobre todos nós”, afirmava o documento divulgado há duas semanas.
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