Indiana Jones 5 diverte pela nostalgia, mas agora já chega
Harrison Ford já tinha uma legião de fãs quando interpretou Han Solo pela primeira vez em Uma Nova Esperança, de 1977. Mas foi com Indiana Jones e os Caçadores da Arca perdida que o ator foi elevado à máxima potência como uma estrela incontestável de Hollywood.
De 1981 para cá, a franquia do famoso arqueólogo passou por poucas e boas - incluindo uma errônea tentativa com o Reino da Caveira de Cristal. Agora, a saga tenta ganhar forças novamente e dar um basta nas aventuras surreais de Indy com A Relíquia do Destino.
A mesma receita de bolo
Indiana Jones sempre foi uma franquia simples de entender. Um arqueólogo renomado parte em busca de uma antiguidade inestimável para colocar no museu antes que forças malignas a utilizem com uma proposta nefasta.
Em A Relíquia do Destino as coisas acontecem de forma muito similar. Após receber a visita de sua afilhada distante, o professor Henry Jones Jr precisa voltar a ativa e impedir que um artefato milenar caia nas mãos de um pesquisador nazista.
A grande questão da história é que em 2023 não havia necessidade alguma de tirar o personagem da prateleira da Disney e forçar uma nova narrativa após o último filme ter lidado relativamente bem com uma suposta aposentadoria de Indy, em 2008. Depois que os créditos rolam, é perceptível que este projeto é só mais uma nova tentativa da companhia em atrair fãs por conta da nostalgia, do que tentar criar um enredo diferente ou uma história que cativasse mais.
É claro que mudar essa receita de bolo da franquia a essa altura do campeonato talvez não fosse interessante. O público que pretende assistir a Indiana Jones 5 certamente é o espectador que acompanhou a saga durante anos, ou cresceu assistindo às aventuras do arqueólogo. Esse longa não foi criado para uma nova geração, mas sim, para a antiga geração.
E olhando dessa forma, A Relíquia do Destino consegue funcionar e agrada com toda a mitologia da saga, o charme de Harrison Ford e algumas adições importantes no elenco, como o carisma impar de Phoebe Waller-Bridge. No entanto, ainda se faz como uma sequência super desnecessária.
É hora de acabar
Porém, talvez essa nova entrada na franquia até tenha um ponto de validade a ser comentado. O filme dá todos os indicativos que finalmente o Dr. Henry Jones Jr encerrou suas aventuras em busca de relíquias. Embora o longa até dê uma pontinha de esperança que talvez Indy retorne em algum momento, isso não parece possível, já que Harrison Ford já é um senhor de 80 anos de idade.
Isso torna Indiana Jones 5 muito divertido de acompanhar, pois funciona como uma metalinguagem sobre a relação de Ford com Hollywood. Já faz um bom tempo que o ator parece querer se aposentar dos trabalhos cinematográficos, mas a indústria sempre dá um jeito de trazê-lo de volta - mesmo que ele negue.
Indiana 5 é o paralelo perfeito entre o personagem que já está de saco cheio de tudo, mas não abre mão de uma nova aventura. Mesmo que seja carrancudo e sem paciência, é só usar as palavras certos para chamar a atenção dele e conseguir um papo legal. Harrison e Henry são basicamente o mesmo ser em 2023, e isso é a tônica do novo filme.
Ação e aventura como sempre
Como não podia faltar, a Relíquia do Destino é recheada de ótimas cenas de ação em diversos locais pelo mundo, sempre com Indy no centro das atenções. No entanto, por já ser um idoso e haver toda a discussão entre realidade e ficção, as cenas mais intensas ocorrem com uma versão jovem do personagem.
A Disney utilizou uma técnica de rejuvenescimento em Harrison Ford para que o autor pudesse retornar aos dias de glória durante a Segunda Guerra Mundial. O resultado é impressionante, e mal dá para perceber que é uma Inteligência Artificial usada para mudar o rosto de Ford. Mas é preciso citar uma boa malandragem da Disney aqui, uma vez que todas as cenas foram filmadas a noite, fazendo com que houvesse menos luz no rosto do ator, e escondendo as imperfeições.
James Mangold, de Logan e Ford vs Ferrari comandou Indiana Jones e a Relíquia do Destino. Embora Spielberg fosse o nome correto para essa missão, Mangold se sai bem ao dirigir mais um blockbuster em sua carreira. O diretor não deixa nenhuma assinatura marcante no longa, mas faz um trabalho bem feito. O mesmo pode ser dito do roteiro de Jez e John-Henry Butterworth e David Koepp.
Harrison Ford parece muito a vontade neste último filme, mas mostra que toda jornada precisa de um fim. O destaque é a afilhada Helena Shaw, vivida perfeitamente por Phoebe Waller-Bridge. A atriz, responsável pelo excelente Fleabag, precisa se conter nesse papel mais “sério”, mas sempre que tem a oportunidade de se soltar é algo muito bom de ser ver.
Mads Mikkelsen vive o vilão nazista, Dr. Voller, e sinceramente esse é um dos papéis mais neutros da carreira do excelente ator dinamarquês. O mesmo pode ser dito de Boyd Holbrook, que mais uma vez faz o antagonista coadjuvante mais meia boca possível, e sem o carisma que apresentou em Logan.
Vale a pena assistir?
Indiana Jones e a Relíquia do Destino é um filme divertido, embora seja mais de mesmo - e tudo bem - consegue entreter os fãs de longa data da franquia sem fazer esforço. O filme se consagra como a última grande aventura do lendário Indiana Jones, com um final que encerra ciclos de maneira razoável, mas que poderia ter sido melhor construído.
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